Publicidade
Publicidade

Retrospectiva 2023: Santos, Lage e outros vexames do ano

Queda inédita do Peixe para a Série B liderou lista de vergonhas, que ainda tem seleção feminina, VAR e o beijo abjeto de Rubiales

(Conteúdo publicado na PLACAR de dezembro, Melhores e Piores de 2023, já disponível nas bancas e em nossa loja no Mercado Livre)

Publicidade

SANTOS
Desgosto sem precedentes

Santos caiu para a Série B em plena Vila Belmiro – Raul Barreta/Santos FC

O primeiro campeonato nacional desde a morte de Pelé, em 29 de dezembro de 2022, foi batizado pela CBF de Brasileirão Rei, com um minuto de silêncio e homenagens ao maior de todos durante suas 380 partidas. O torneio terminou, porém, da forma mais desrespeitosa possível à memória real. Seu Santos Futebol Clube coroou – com o perdão do trocadilho – anos seguidos de gestões desastrosas com o inédito rebaixamento. Numa cruel ironia, a derrota por 2 a 1 para o Fortaleza foi consumada com um “gol que Pelé não fez”, quase do meio-campo, de Lucero. A Vila Belmiro virou um cenário de guerra, carros queimados e muitos atos de vandalismo, no capítulo mais triste de uma história de 111 anos. O presidente Andrés Rueda foi apontado como o principal dentre vários vilões. O Peixe dependia apenas de si para escapar, mas tropeçou e acabou ultrapassado por Vasco e Bahia, terminando com míseros 43 pontos, em 17º. Só nos resta enxergar o copo meio cheio: ao menos Pelé não teve de passar por este constrangimento em vida. Agora, apenas Flamengo e São Paulo podem se orgulhar de jamais terem estado na Série B.

BRUNO LAGE
O princípio da derrocada

Bruno Lage deixou cargo técnico à disposição da diretoria após derrota no clássico para o Flamengo - Vitor Silva/Botafogo
Lage teve uma conturbada passagem pelo país – Vitor Silva/Botafogo

Foi uma longa novela. O Botafogo realmente acreditava que Bruno Lage era o técnico certo para suceder Luís Castro, que largou o clube no meio do Brasileirão para ganhar seus petrodólares. Pessoas próximas a John Textor chamavam a aposta no português de “obsessão”. No fim, a parceria durou 88 dias e 16 jogos – mais os R$ 4 milhões de multa pela rescisão do contrato. Lage foi de esperado a detestado pela torcida em pouco tempo. Com ele, o Fogão conheceu o primeiro revés no “tapetinho” e embalou a primeira crise: cinco jogos seguidos sem vencer, entre agosto e outubro. O treinador português chegou a colocar o cargo à disposição diante da pressão, reclamou da postura dos torcedores e partiu sem deixar saudades. Ficará para sempre marcado como aquele que pôs tudo a perder. A vantagem, que era de 13 pontos na liderança, acabou derretida por uma vaga na pré-Libertadores.

Publicidade

RUBIALES
O ‘beso’ abjeto que roubou a cena

Luis Rubiales, presidente da federação espanhola, beija a atacante Jenni Hermoso durante a comemoração pelo título da Copa do Mundo
Luis Rubiales beija a atacante Hermoso durante a comemoração pelo título da Copa – Reprodução

Beijo: ação comum para expressar carinho, ternura. A definição do dicionário em nada pode ser aplicada ao ato abjeto protagonizado por Luis Rubiales durante as
comemorações da Espanha na Copa do Mundo feminina. Tão inesperado quanto indesejado, o beijo jogou sobre o presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) holofotes que não lhe pertenciam. “Eu não gostei, não”, disse Hermoso durante uma live com suas colegas no vestiário em Sydney. A federação tentou pôr panos quentes, enquanto Rubiales se dizia vítima de cancelamento: “Não vou renunciar…”, repetiu. A jogadora, maior artilheira da história do país, respondeu à altura: “Me senti vulnerável e vítima de agressão”. Em seguida, exigiu: “Tolerância zero com esses comportamentos”. Até a mãe dele tentou ajudar com uma greve de fome. Em vão. No fim, a Fifa baniu Rubiales por três anos.

SENEME E O VAR
Tecnologia da discórdia e do descrédito

Péricles Bassols e Wilson Seneme analisaram a rodada - Rodrigo Ferreira/CBF
Péricles Bassols e Wilson Seneme analisaram a arbitragem – Rodrigo Ferreira/CBF

O VAR, mais uma vez, roubou a cena no Brasileirão. Não bastasse a coletânea de erros com pênaltis não marcados, omissões em revisões, linhas de impedimento duvidosas, análises equivocadas e polêmicas a cada rodada, a “cereja do bolo” de 2023 foram os programas apresentados pela CBT TV, canal da entidade no YouTube, com análises comandadas pelo ex-árbitro Wilson Luiz Seneme ao lado de outros funcionários da confederação. Seneme, por muitas vezes, se valeu de regras que não existem e resistiu em admitir erros fáceis, brigando com as imagens. Árbitros e auxiliares foram afastados, mas o problema segue o mesmo. Mais de seis anos depois da estreia, em 2017, a tecnologia tem seu uso cada vez mais desacreditado no país.

SELEÇÃO FEMININA
Um Mundial para esquecer

Marta jogou pouco em seu último Mundial – Thais Magalhães/CBF

Da estreia animadora com goleada por 4 a 0 diante do Panamá a uma atuação apática no empate sem gols contra a Jamaica, a seleção brasileira feminina se despediu cedo do Mundial realizado de forma conjunta na Austrália e na Nova Zelândia. Em nove edições disputadas, essa foi a terceira queda do time canarinho na fase de grupos – a primeira delas desde 1995 – e, possivelmente, a mais frustrante pelo triste adeus de Marta. A Rainha só jogou uma de três partidas, para desespero da legião de fãs que aguardavam sua “última dança” em Copas. Na campanha, nosso time ainda perdeu por 2 a 1 para a França, algoz de 2019. Meses depois, Marta não poupou a antiga treinadora, a sueca Pia Sundhage, dizendo ter atuado fora da posição que considera ideal. Um desfecho muito aquém das expectativas para um time que ainda contava com Debinha, Zaneratto e o maior nome de uma talentosa geração.

Publicidade
Publicidade