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Relatório revela condições extremas e trabalho forçado em obras no Catar

Funcionários que atuam na segurança em obras para a Copa do Mundo relatam que são submetidos diariamente a 12 horas ininterruptas sem intervalo ou folgas

A Anistia Internacional divulgou nesta quinta-feira, 7, um relatório que aponta condições extremas de trabalho para pessoas que atuam como seguranças no Catar, sede da próxima edição da Copa do Mundo. A organização não governamental que defende os direitos humanos conversou com 34 funcionários, todos estrangeiros, que trabalham ou em algum momento trabalharam atuando em obras ligadas diretamente ao mundial como estádios, hotéis, entre outras atividades.

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Segundo os relatos, essas pessoas eram forçadas a trabalhar cerca de 12 horas por dia, sete dias por semana, sem direito a intervalos ou folgas semanais e quem tentasse tirar um dia de folga para descanso, era punido com deduções salariais arbitrárias.

“Eles pensam que nós somos máquinas”, disse um dos entrevistados. Alguns afirmaram que além de trabalharem por horas seguidas, ainda eram submetidos a mais oito horas de treinamento. Idas ao banheiro eram motivo de punições e, pelo trabalho excessivo, muitos funcionários sentiam dores e precisaram pagar remédio do próprio bolso para tratá-las.

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O chefe da área de Justiça Econômica e Social da Anistia Internacional, Stephen Cockburn, atribuiu os abusos ao grande desequilíbrio de poder que ainda existe entre empregadores e trabalhadores migrantes no Catar.

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Para proteger e poupar os funcionários de eventuais punições, demissões e até deportação do país, a Anistia decidiu não divulgar o nomes das empresas e trabalhadores.

No relatório, consta também as respostas do governo do Catar e da Fifa sobre os fatos levantados pela entidade. O Ministério do Trabalho do Catar reconheceu que os casos “precisam ser tratados imediatamente”, porém negou que os problemas sejam estruturais, dizendo ainda que algumas empresas sempre vão tentar ignorar as regras impostas a elas.

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Resposta do Comitê Organizador

Horas depois da divulgação do relatório da Anistia Interacional, o Comitê Supremo do Catar se manifestou por meio de nota oficial, no qual garantiu que desde 2014 “tem o compromisso de proteger a saúde, segurança e proteção de qualquer trabalhador envolvido em projetos oficiais da Copa do Mundo.”

O Comitê informou que realizou diligências com todas as empreiteiras interessadas em gerir as obras e que “infelizmente, três empresas foram consideradas incompatíveis em várias áreas”. “Essas violações eram completamente inaceitáveis e levaram à aplicação de uma série de medidas, incluindo a colocação de empreiteiros em uma lista de vigilância ou lista negra para evitar que eles trabalhassem em projetos futuros.”

O Comitê Supremo listou medidas pelo programa de Bem-Estar dos Trabalhadores, desenvolvido em relação ao Ministério do Trabalho do Catar:

• 391 contratados foram reportados ao Ministério
• 50 contratados foram impedidos pelo Ministério de trabalhar em em projetos do Comitê
• 56 empreiteiros foram desmobilizados de projetos
• 226 contratados foram colocados em uma lista de observação
• 7 contratados foram colocados na lista negra

O Comitê informou ainda que está “determinado a ajudar a combater práticas globais sistêmicas e ilegais – como a questão da
taxas de recrutamento” pagas por trabalhadores para poder integrar as obras, e alega que mais de 20 milhões de euros já foram reembolsados aos quase 50.000 trabalhadores envolvidos.

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