Relatório diz que Olimpíada de Tóquio seria mais segura sem fãs
O comitê organizador, no entanto, quer permitir público em alguns eventos
A poucas semanas do início da Olimpíada de Tóquio, em 23 de julho, parece haver um desacordo entre o que seria aconselhável fazer do ponto de vista científico e os desejos dos organizadores do evento. Segundo um relatório assinado por Shigeru Omi, principal consultor médico do governo japonês, a maneira mais segura de realizar os Jogos é sem fãs. Já o Comitê Olímpico Internacional decide até o início da próxima semana se o público local será permitido ou não.
“Acreditamos que os riscos de infecções dentro dos locais seriam menores realizando o evento sem fãs”, diz o relatório, que foi compilado por um grupo de 26 especialistas liderados por Omi, ex-funcionário da Organização Mundial de Saúde (OMS). O governo, no entanto, quer permitir até 10 000 pessoas em alguns esportes e eventos culturais.
Seiko Hashimoto, presidente do comitê organizador local, disse que a decisão final sobre os fãs provavelmente será tomada na segunda-feira em uma reunião com os organizadores, o Comitê Olímpico Internacional (COI), o governo metropolitano de Tóquio, o governo japonês e o Comitê Paraolímpico Internacional.
Hashimoto disse que se Tóquio decidir permitir fãs, as regras terão que ser muito mais rígidas do que as em vigor atualmente nos estádios de beisebol ou futebol. Ela também disse que os organizadores devem estar prontos para proibir repentinamente os fãs de comparecer se as condições mudarem.
“Existe o risco de as pessoas virem aos jogos, e depois de assistirem, pararem em bares e restaurantes antes de irem para casa. Portanto, é recomendável que as pessoas vão direto para casa depois de assistir aos jogos”, disse Hashimoto.
As vendas de ingressos representaram 800 milhões de dólares em receitas para o comitê organizador. Muito desse dinheiro será perdido e as entidades governamentais terão que compensar o déficit. Os organizadores dizem que cerca de 3,6 milhões a 3,7 milhões de ingressos ainda estão nas mãos de residentes do Japão. Cerca de 800.000 ingressos foram devolvidos localmente. O número total de ingressos anunciados originalmente para as Olimpíadas era de cerca de 7,8 milhões.
O custo oficial das Olimpíadas de Tóquio é de 15,4 bilhões de dólares, embora as auditorias do governo sugiram que o valor seja mais alto. A maior fatia, 8,7 milhões de dólares, é de dinheiro público. O COI está avançando com Tóquio, em parte porque depende da venda de direitos de transmissão para quase 75% de sua receita. Os patrocinadores fornecem cerca de 18%,
O Japão atribuiu pouco mais de 14 000 mortes ao Covid-19. Apenas 15% dos japoneses tomaram pelo menos uma dose de vacina, e grande parte do público se opõe à realização das Olimpíadas.