Real Madrid x Juventus: uma decisão de gigantes em Cardiff
Final entre os tradicionais clubes de Espanha e Itália terá duas verdadeiras seleções mundiais em campo, a partir das 15h45 (de Brasília). Confira atrações
Como sempre, a final da Liga dos Campeões da Europa será um megaevento, com craques consagrados em campo e milhões de torcedores vibrando em todas as partes do mundo. A decisão de 2017 ainda tem um atrativo especial: a presença de duas das mais tradicionais camisas do continente. O Real Madrid, maior campeão europeu (11 taças) e a bicampeã Juventus, clube mais vencedor e popular da Itália, reeditarão a decisão de 1998, que marcou o renascimento do clube espanhol. O jogo acontece no Millenium Stadium, em Cardiff, no País de Gales, a partir das 15h45 (de Brasília), sob forte esquema de segurança.
Não é exagero dizer que os gigantes de Espanha e Itália fazem um clássico do futebol mundial. Craques históricos já participaram do duelo, como Alfredo Di Stéfano, Roberto Carlos, Ronaldo, Cristiano Ronaldo, pelo lado de Madri, e Antonio Cabrini, Alessandro Del Piero, Pavel Nedved, Carlos Tévez, pelo time de Turim. O técnico Zinedine Zidane, do Real Madrid, teve o prazer de disputar a partida por ambos os lados. Juventus e Real jogaram 18 vezes na Liga dos Campeões, com oito vitórias para cada e dois empates. Desde a derrota na final de 1998, a Juventus eliminou três vezes o Real Madrid em mata-matas, mas não conquistou nenhum título – perdeu as finais de 2003 e 2015, enquanto o Real abocanhou os troféus de 2000, 2002, 2014 e 2016.
Abaixo, alguns dos principais atrativos da partida deste sábado:
Champions e Bola de Ouro?
Lionel Messi do Barcelona não estará em campo, mas Cristiano Ronaldo, tricampeão da competição e em busca de sua quinta Bola de Ouro, terá pela frente um antagonista à altura: Gianluigi Buffon, um dos maiores goleiro de todos os tempos. Aos 39 anos, o capitão da Juventus, campeão mundial pela Itália em 2006, quer levantar a “Orelhuda” pela primeira vez. Os principais jornais europeus discutem, inclusive, a possibilidade de uma vitória em Cardiff transformar Buffon em um potencial candidato ao prêmio de melhor do mundo.
Ajudado pela solidez de sua defesa, Buffon levou apenas três gols em toda a Liga dos Campeões de 2017 – apenas um, do Monaco, no mata-mata, depois de parar o Barcelona do trio MSN nas quartas. Cristiano Ronaldo, por sua vez, teve a sua temporada menos goleadora desde 2010, com “apenas” 40 gols marcados em 45 jogos. Mas foi extremamente decisivo nos confrontos contra Bayern de Munique e Atlético de Madri e jamais chegou a uma decisão de Champions em tão boa forma – aceitou reduzir o número de partidas na temporada, para chegar bem na reta decisiva.
“Nem passa pela cabeça me comparar com Cristiano, temos papéis totalmente distintos. Vou seguir fazendo meu trabalho. O tema Bola de Ouro me agrada, mas é secundário, o que importa é ganhar amanhã, o resto não me afeta”, despistou Buffon, na coletiva. A única vez que um goleiro venceu a Bola de Ouro, oferecida pela revista France Football, foi em 1963, com o soviético Lev Yashin. Buffon ficou em segundo em 2006, atrás do compatriota Fabio Canavarro.
Treinadores jovens e vitoriosos
O principal protagonista da partida, porém, estará no banco: Zinedine Zidane, ex-craque francês que marcou época com a camisa dos dois clubes. Há apenas 18 meses no cargo, “Zizou” pode obter uma marca histórica: se tornar o primeiro treinador desde o italiano Arrigo Sachi, do Milan, em 1990, a conquistar dois títulos da Liga dos Campeões consecutivas. No entanto, outro treinador relativamente jovem – e bem menos badalado – buscará a consagração pelo lado italiano. Massimiliano Allegri, já tricampeão nacional pela Juve, conseguiu acabar com a desconfiança inicial dos torcedores e tentará novamente conquistar o título que lhe escapou em 2015 diante do Barcelona.
Brasileiros em destaque
Três jogadores da seleção brasileira vêm fazendo uma Liga dos Campeões excepcional e estarão entre os protagonistas da decisão no País de Gales. Casemiro, que se firmou como titular desde a chegada de Zidane em 2016, tentará repetir a ótima atuação que teve no ano passado em Milão, diante do Atlético de Madri. O volante de 25 anos é constantemente elogiado não apenas por Zizou e Tite, mas também por treinadores adversários, como Allegri. Haverá ainda um confronto nacional nas alas: Marcelo, um dos líderes do time espanhol, tentará conter a boa fase de Daniel Alves, que em sua primeira temporada na Itália já conseguiu cumprir a promessa de deixar com saudades os diretores do Barcelona que não o valorizaram.
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Duelo de ‘BBC’s
Se na Espanha a disputa entre os trios MSN (Messi, Suárez e Neymar), do Barcelona, e BBC (Bale, Benzema e Cristiano Ronaldo), do Real Madrid, divide opiniões, na final da Liga dos Campeões, haverá uma disputa entre dois trios BBC. O da Juventus é formado por Barzagli, Bonucci e Chiellini, promete evitar gols na final. A Juventus tem a melhor defesa do torneio, com apenas três gols sofridos em 12 jogos, uma média de 0,25 por jogo. O Real Madrid, mesmo sem Bale, que fez apenas sete jogos e dois gols, tem o melhor ataque do torneio, com 32 gols em 12 jogos, com uma média de 2,67 gols por jogo.
Dybala, Isco, Higuaín, Ramos… os candidatos a heróis
As duas milionárias equipes são verdadeiras seleções mundiais – dos titulares, apenas o lateral Alex Sandro, convocado poucas vezes pela seleção brasileira, e o francês Benzema, fora devido a um escândalo de ordem particular, não têm sido lembrado por suas respectivas equipes nacionais. Por isso, praticamente todos os atletas aparecem como boas apostas para heróis da conquista. Do lado do Real, porém, além de Cristiano Ronaldo, o capitão Sergio Ramos, autor de gols nas finais de 2014 e 2016, aparece como uma ótima aposta. O jovem Isco, que cresceu na reta decisiva da temporada, também já mostrou ter estrela. Do lado da Juventus, a sensação é o argentino Paulo Dybala, carrasco do Barcelona nas quartas de final. Gonzalo Higuaín costuma falhar nas finais com a seleção argentina, mas também a seu favor a temida “lei do ex”, pois defendeu o Real Madrid entre 2006 e 2013 e deixou o clube desprestigiado.
Mistério nas escalações
Tanto Zidane quanto Allegri mantiveram o mistério em relação às escalações. A dúvida da Juventus é de ordem tática: existe a chance de o time abrir mão dos três zagueiros e entrar com o ponta colombiano Juan Cuadrado na vaga de Giorgio Chiellini. Na coletiva, Allegri disse apenas que pode “alterar o esquema várias vezes, pois o jogo pode durar até 120 minutos.” O Real Madrid, por sua vez, tem interrogações por causa de problemas físicos de dois jogadores que seriam titulares absolutos se estivessem 100%: o lateral-direito Dani Carvajal e o atacante Gareth Bale – atacante galês, que jogaria “em casa” no Millenium Stadium. A Carvajal, as alternativas podem ser o brasileiro Danilo, que gera desconfiança no torcedor, e o zagueiro Nacho Fernández, Já na frente, Isco, que vem jogando muito bem na vaga de Bale, seria o escolhido. “Não vou dizer quem vai jogar. Eles estão prontos, não só animicamente, mas, sobretudo, fisicamente”, disse Zidane. “Isco dá ao Real Madrid uma capacidade de improvisar. Falamos e preparamos para as duas situações. Bale tem velocidade e com dois passes já estão em nossa área. Com Isco eles têm mais fantasia, mas são mais desordenados na defesa”, afirmou Allegri, talvez tentando confundir Zidane.
Prováveis escalações:
Juventus: Buffon; Barzagli (ou Cuadrado), Bonucci, Chiellini e Alex Sandro; Pjanic, Khedira, Daniel Alves, Dybala e Mandzukic; Higuaín. Técnico: Massimiliano Allegri.
Real Madrid: Keylor Navas; Carvajal (ou Nacho), Sergio Ramos, Varane e Marcelo; Casemiro, Modric, Kroos e Isco (ou Bale); Cristiano Ronaldo e Benzema. Técnico: Zinedine Zidane.