Rafael dos Anjos quer calar McGregor para se tornar o novo herói do Brasil no UFC
Ainda longe de badalação, o campeão dos pesos-leves pretende vingar a derrota de José Aldo para o irlandês e se consagrar como uma estrela do MMA
Las Vegas, São Paulo e Rio de Janeiro em apenas três dias. A agenda de Rafael dos Anjos, atual campeão dos pesos-leve do UFC, nunca foi tão disputada. Ser tratado como astro do MMA já virou rotina desde o começo de janeiro, quando foi anunciada a sua luta contra o algoz de José Aldo e campeão dos pesos-pena, o irlandês Conor McGregor, que subiu de categoria para tentar tirar o cinturão de Rafael no UFC 197, em 5 de março, em Las Vegas, nos Estados Unidos. Mas o fluminense de Niterói quer mais do que fama: ele terá a grande oportunidade de se tornar o mais novo ídolo brasileiro no UFC se derrotar o falastrão irlandês.
Na quarta-feira, em Las Vegas, o primeiro – e conturbado – encontro entre os adversários ocorreu na coletiva de imprensa oficial. McGregor abusou de seu mais famoso recurso para desestabilizar o rival: a provocação incessante. “Vejo um cara que apesar de ser brasileiro não representa o povo como deveria. Ele traz o nome do Brasil para baixo”, disse o irlandês, que praticamente tomou conta da coletiva sem dar muitas brechas para o brasileiro retrucar.
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Dos Anjos desembarcou em São Paulo nesta quinta-feira para promover a tão aguardada luta. Na sede do UFC na capital paulista, se soltou: “Ele não é meu amigo e nunca vai ser. McGregor é meu inimigo número 1. Estou tranquilo e sei que a vitória vai ser minha. Ele cometeu um grande erro de vir para minha categoria”, contou Rafael enquanto comia torradas com geleia e tomava um iogurte, seguindo sua dieta equilibrada até o dia da pesagem.
Rafael dos Anjos reconhece que essa é a luta mais importante de sua carreira, não só por defender o título do cinturão dos leves, mas por finalmente estar à luz de um dos eventos mais esperados dos últimos anos. Apesar da inimizade com o irlandês, ele sabe que um triunfo sobre o popular McGregor pode o levar ao estrelato da noite para o dia. “Isso vai ser muito grande. A luta contra ele, por causa de sua popularidade, vai me dar muita projeção no Brasil e no circuito do UFC.”
Sobre as constantes provocações do rival, o lutador brasileiro deixa claro o seu desprezo por esse tipo de comportamento fora dos octógonos: “Hoje as coisas perderam os valores. Agora é o inverso: o bom lutador não é sempre tão visto, mas o que fala mais besteira e desrespeita o outro tem mais credibilidade. Eu não gosto de aparecer muito. Minha forma de me promover é dentro do octógono, lutando. A minha intenção não é ser ‘o cara’. O meu trabalho é natural e se eu me tornar ídolo será fruto do meu trabalho na luta”.
A experiência será um fator importante para o brasileiro de 31 anos, quatro anos mais velho que o irlandês. Com um cartel de 24 vitórias e sete derrotas na carreira, Rafael venceu nas duas últimas lutas Anthony Pettis, em março, quando faturou o cinturão dos pesos-leve, e Donald Cerrone, em dezembro. McGregor tem 19 vitórias e duas derrotas no MMA – a última luta foi contra José Aldo, nocauteado pelo irlandês em 13 segundos. “Quando McGregor brincava de lego, eu já estava lutando MMA. Ele já deu showzinho, agora dia 5 de março eu darei o meu show”.
O lutador fluminense ainda revela mágoas pela derrota de José Aldo para o irlandês e afirma estar atento para não cometer o mesmo erro do compatriota, que, segundo ele, “se precipitou demais e tentou acabar logo com a luta”. Ele diz que vai entrar com cautela e vai esperar a oportunidade certa para nocautear McGregor e, assim, vingar José Aldo e os brasileiros desolados com o massacre do irlandês na categoria dos penas.
“Não tem problema alongar uma luta e bater mais um pouquinho. Mas eu não venho no octógono para fazer hora-extra, então quero acabar com a luta quando tiver a chance”. Com a perda do cinturão de Aldo, Rafael dos Anjos e o peso-pesado Fabrício Werdum são os únicos brasileiros campeões do UFC na atualidade.