Quem é Quique Setíen, do Betis, o novo técnico sensação da Europa
Treinador espanhol de 60 anos rouba a cena no continente ao surpreender Sevilla, Milan e até o Barcelona, com futebol vistoso e ofensivo
O torcedor do Real Betis, clube médio da Espanha mais conhecido pelos brasileiros pela passagem de Denilson e outros atletas em décadas passadas, vem vivendo grandes alegrias na temporada 2018/2019. Depois de já ter vencido o clássico da cidade contra o Sevilla, com gol do ídolo veterano Joaquín nos acréscimos, e de ter vencido o Milan em pleno San Siro, na Liga Europa, o clube alviverde superou no último domingo, 11, o Barcelona de Lionel Messi, por 4 a 3, no Camp Nou. Um dos protagonistas deste Betis que vem encantando está no banco: o treinador espanhol Quique Setíen.
Setíen não chega a ser um treinador da “nova geração”, já que em setembro completou 60 anos. Ele não teve tanto destaque como meio-campista do Racing Santander e do Atlético de Madrid, entre outros, entre as décadas de 70 e 90, e demorou a deslanchar como treinador, mas vem surpreendendo com sua filosofia ofensiva – chegou até a ser especulado no Barcelona, quando Luis Enrique foi demitido.
Tabela completa de jogos do Campeonato Espanhol
Setíen começou a se destacar sob comando do modesto Lugo, das ligas inferiores espanholas, entre 2009 e 2015. Em seguida, fez duas boas temporadas pelo Las Palmas e acertou sua ida para o Betis. Sua forma de trabalhar contraria o futebol pragmático e baseado apenas em resultados. Prioriza o ataque, com marcação alta, pressão sobre os adversários e manutenção da posse de bola, ideias similares às do técnico Pep Guardiola, do Manchester City.
Após a façanha no Camp Nou, Setíen foi surpreendido com um presente do volante Sergio Busquets, do Barcelona. “Para Quique, com apreço e admiração por sua maneira de ver o futebol”, escreveu o espanhol, na assinatura para o treinador.
Setíen agradeceu a gentileza com elogios ao adversário. “É um grande feito por tudo que estamos fazendo, porque muitas pessoas não têm certeza sobre esse estilo de jogo. (…) Sempre admirei o tipo de futebol do Barcelona, desde que eu era jogador. Eu vinha jogar aqui no Camp Nou e nunca tocava na bola.”
Há 10 meses, o Betis de Setíen já havia dado trabalho ao Barcelona, no estádio Benito Villamarín, apesar de um resultado desastroso – 5 a 0 para os catalães, com todos os gols marcados na segunda etapa. O Betis terminou aquela partida com 48% de posse de bola, se equiparando ao Barça, que prioriza esse estilo de jogo. No Brasil, o resultado provavelmente traria contestação ao trabalho de Setíen, mas o clube espanhol apostou nas ideias do treinador.
A atual temporada prova que a confiança no trabalho de Quique Setíen rendeu frutos. Além de ter quebrado um tabu de 20 anos sem vitória contra o Barcelona no Camp Nou, o clube vem se destacando sobretudo na Liga Europa: lidera o Grupo F, à frente de Milan, Olympiacos e Dugeland.
A campanha no Campeonato Espanhol não é tão espetacular, já que o time ocupa a 12ª colocação, com 16 pontos, oito a menos que o líder Barcelona. O desequilíbrio entre defesa e ataque – levou 18 gols e fez 15 – é uma das críticas recorrentes ao trabalho do técnico, já que sua defesa costuma ficar exposta.
De forma semelhante ao que Renato Gaúcho faz no Grêmio, Setién vem conseguindo recuperar atletas rejeitados em outras equipes, como Marc Bartra e Cristian Tello, formados no Barcelona, e Sergio Canales, ex-Real Madrid, Giovani Lo Celso, emprestado pelo PSG, entre outros.