Quais punições o Grêmio pode receber por cenas de vandalismo na Arena
Gremistas se revoltaram após derrota para o Palmeiras; houve invasão de campo, agressão a seguranças e fotógrafos, depredação à cabine do VAR e confrontos
Terminou em cenas de violência e vandalismo a derrota do Grêmio por 3 a 1 para o Palmeiras, em Porto Alegre, no último domingo 31, resultado que manteve o clube gaúcho na penúltima colocação do Campeonato Brasileiro. A Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) já avisou que vai analisar as imagens da invasão de torcedores ao gramado da Arena e tudo a leva crer que o Grêmio receberá punição pesada, que pode incluir perda de mando de jogo.
Assine e receba PLACAR em casa a partir de R$ 14,90/mês
Assim que o jogo terminou, um grupo de torcedores gremistas invadiu o gramado, agrediu seguranças e fotógrafos, depredou a cabine do VAR e outros equipamentos de transmissão e quase invadiu o túnel de acesso aos vestiários, onde estavam os jogadores das duas equipes. Houve ainda um confronto com a Brigada Militar no estacionamento do estádio e vários torcedores foram levados ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) da Arena. Nas arquibancadas, torcedores de ambos os times tentaram brigar por entre a grade que os separava e circula nas redes um vídeo em que um gremista imita um macaco, em gesto racista direcionado aos palmeirenses.
O cenário caótico deve se enquadrado no artigo 213 do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), que trata sobre invasões de campo, e tem pena prevista de multa de até 100 reais a 100.000 reais e perda de mando de uma a dez partidas, a depender da gravidade dos fatos.
O artigo tem como objetivo punir o clube que “deixar de tomar providências capazes de prevenir ou reprimir desordens em sua praça de desporto, invasão de campo ou local de disputa do evento esportivo, lançamento de objetivo no campo ou local de disputa do evento esportivo” e assegura que “quando a desordem, invasão ou lançamento de objeto for de elevada gravidade ou causar prejuízo ao andamento do evento desportivo, a entidade de prática poderá ser punida com a perda do mando de campo de uma a dez partidas, provas ou equivalentes, quando participante da competição oficial”.
Em entrevista ao Ge, o procurador-geral do STJD, Ronaldo Botelho Piacente, disse ter assistido às imagens e constatado o teor dos fatos. “A questão da perda de mando de campo só é dada quando levada em conta a gravidade nos fatos. Nesse caso óbvio que houve gravidade. Há uma tendência. A Procuradoria vai denunciar. Pretende que o Grêmio seja punido com perda do mando de campo, mas obviamente que eu faço a denúncia e o julgamento cabe aos auditores”, disse Piacente.
Há, no entanto, um inciso, o terceiro, que inclui a identificação dos responsáveis por atos violentos como forma de reduzir a responsabilização do clube e sua eventual punição. “A comprovação da identificação e detenção dos autores da desordem, invasão ou lançamento de objetos, com apresentação à autoridade policial competente e registro de boletim de ocorrência contemporâneo ao evento, exime a entidade de responsabilidade, sendo também admissíveis outros meios de prova suficientes para demonstrar a inexistência de responsabilidade”, diz o inciso do CBJD.
Após o jogo, o vice-presidente de futebol do Grêmio, Denis Abahão, minimizou o ocorrido e citou decisões da arbitragem de vídeo, que assinalou um pênalti para o Palmeiras e anulou um gol do Grêmio, ambos correratamente. “A torcida se rebelou não foi contra nós, contra dirigentes, jogadores do Grêmio ou comissão técnica. Vocês acham que alguém agrediria jogador? Cada ato tem um efeito e uma consequência. Não posso dizer o que houve porque não vi, não presenciei, apenas ouvi comentários. Vou procurar saber o que aconteceu para tomar as medidas cabíveis para resolver este tipo de acontecimento.”
O Grêmio é o penúltimo colocado do Brasileirão, com 26 pontos, sete a menos que o Bahia, primeiro time fora da zona de rebaixamento (mas com dois jogos a menos). O clube tem mais cinco jogos em casa até o fim do campeonato (contra Fluminense, Red Bull Bragantino, São Paulo, Flamengo e Atlético-MG) mas, portanto, pode ter de jogar fora de Porto Alegre.