Principal delator do escândalo da Fifa morre aos 72 anos
Causa da morte do americano Chuck Blazer não foi divulgada. Ele chegou a usar “grampo no chaveiro” para colaborar com investigações do FBI
O ex-dirigente americano Chuck Blazer, principal delator do escândalo de corrupção da Fifa, morreu nesta quarta-feira, aos 72 anos, em Nova York, onde morava. O falecimento do ex-secretário-geral da Concacaf e dirigente da Fifa foi anunciado pelos advogados de Blazer, Eric Corngold e Mary Mulligan, que não deram detalhes sobre a causa da morte.
Blazer, segundo ele mesmo anunciou durante audiência judicial em 2013, sofria de diversos problemas de saúde. Ele tratava um câncer colo-retal e tinha diabetes e doença cardíaca. Não há informações sobre qual destes problemas de saúde teria causado o óbito do ex-dirigente.
Ele foi o primeiro delator do escândalo de corrupção da Fifa que veio à tona em maio de 2015. Naquela data, sete cartolas da entidade, incluindo o então presidente da CBF José Maria Marin, foram detidos em um hotel de Zurique, às vésperas da eleição presidencial da Fifa e do congresso da entidade.
Foi o primeiro passo de uma sequência de desdobramentos que culminaram no banimento de poderosos dirigentes do futebol, como o suíço Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa, e o do próprio Chuck Blazer. Ele foi um dos primeiros a fazer delação ao FBI, contando até com gravações escondidas – usou um curioso “grampo no chaveiro” – para buscar informações que incriminassem os dirigentes.
Blazer foi vice-presidente da Federação de Futebol dos Estados Unidos, secretário-geral da Concacaf e integrante do Comitê Executivo da Fifa. Ascendeu na hierarquia da Fifa ao se aliar ao trinitino Jack Warner, ex-presidente da Concacaf, que também foi preso em 2015 e banido da Fifa.
Crimes – Ao assinar acordo com o FBI, ainda em 2011, e se mostrar disposto a cooperar, Blazer se livrou de uma sentença de prisão que poderia chegar a 70 anos, no caso da pena máxima. O cartola se declarou culpado de dez acusações, que incluíram corrupção no futebol, extorsão, transferência irregular de pagamentos e evasão de divisas. Ele reconheceu, por exemplo, que aceitou propinas, por volta de 1992, na escolha do país-sede da Copa de 1998, realizada na França.
Blazer também reconheceu irregularidades na venda de ingressos para as Copas do Mundo realizadas entre 1994 e 2002. Também confirmou o recebimento de propinas referentes às edições da Copa Ouro (organizada pela Concacaf) entre 1996 e 2003. Só a pena para o caso de extorsão poderia chegar a 20 anos, ressalta o documento.
(com Estadão Conteúdo)