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Por que o mercado do futebol brasileiro está tão fraco em 2018

Endividados, clubes não conseguem mais apostar em estrelas. E os que ainda têm dinheiro não querem repetir os erros recentes

O ano de 2018 está apenas começando, mas já é possível notar a janela de transferências dos clubes de futebol do Brasil bem menos movimentada e empolgante que em anos anteriores. Poucos jogadores renomados, por enquanto, com passagens por seleções, vêm sendo especulados. Clubes como Santos, Fluminense e até o campeão nacional Corinthians assumiram suas débeis condições financeiras e adotaram cautela. E até mesmo os clubes em situação favorável, como Palmeiras e Flamengo, estão bem mais econômicos – provavelmente arrependidos das extravagâncias que não deram resultado em 2017. O que explicaria o marasmo no mercado: falta de dinheiro ou racionalidade dos dirigentes? Uma coisa parece ter levado à outra.

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Borja e Robinho
Borja e Robinho decepcionaram em 2017 Leonardo Benassatto/Getty Images e Douglas Magno/AFP

No ano passado, nomes de maior peso ganharam os jornais no início da temporada: o Palmeiras trouxe Felipe Melo, Alejandro Guerra e o caríssimo Miguel Borja. Dario Conca foi para o Flamengo, Elias para o Atlético-MG, Lucas Pratto para o São Paulo, Luis Fabiano para o Vasco, Lucas Barrios para o Grêmio… Nenhum deles correspondeu às expectativas.

Ironicamente, dos jogadores com passagem por seleção, quem mais deu certo foi justamente o mais desacreditado: Jô, craque e campeão do Brasileirão, que já deixou o Corinthians rumo ao futebol japonês. O Corinthians trabalha sem grande alarde para ter um novo centroavante, mas as opções são pouco animadoras.

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Antigas estrelas buscam emprego, mas já não seduzem os dirigentes como antigamente. O Fluminense, que por anos desfrutou do auxílio decisivo do patrocinador, fez o ídolo Diego Cavalieri passar pelo constrangimento de entrar numa lista de dispensas junto a outros sete atletas, para aliviar a folha salarial. Robinho, antes nome disputadíssimo no mercado, deixou o Atlético-MG – e, para piorar, respondendo a uma grave acusação na Itália, o que afugenta ainda mais os compradores.

Até o momento, a movimentação mais estrondosa foi a saída de Fred do Galo para o rival Cruzeiro – mais pelo fator surpresa do que pela fase vivida pelo titular da seleção brasileira na última Copa. Lucas Lima também fez algum barulho ao trocar o Palmeiras pelo Santos, mas o clube mais rico do país não pagou um centavo pelo meia – que anos atrás recusou propostas milionárias da China e chegou a sonhar com o Barcelona.

Há ainda os atletas que, em outros tempos, certamente estariam sendo especulados, como Paulo Henrique Ganso, Alexandre Pato, Oscar, Hulk, Ramires, Bernard... Mas nem mesmo o nome do eterno Carlitos Tevez foi ventilado, justo na única vez em que o atacante argentino está, de fato, na pista para negócio.

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Num passado recente, valeu a pena apostar em ídolos como Romário, Adriano e Ronaldo em fim de carreira. Nos últimos anos, porém, a qualidade caiu, a exigência física cresceu e contratar atletas veteranos e caros se mostrou uma grande roubada. Os medalhões também perderam espaço entre os técnicos – o sucesso de jovens como Fábio Carille e Jair Ventura certamente influenciou os cartolas. Há anos discute-se quando a bolha no futebol brasileiro (e mundial) iria estourar. É possível que 2018 aponte para ser a resposta.

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