Por que a Globo não vai transmitir Peru x Brasil e como assistir ao jogo
Emissora não terá uma partida da seleção na grade pela primeira vez em três anos; TV Brasil e EI Plus exibirão duelo desta terça-feira
A seleção brasileira enfrenta o Peru pela segunda rodada das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022 nesta terça-feira, 13, a partir das 21h (de Brasília). O torcedor, contudo, não conseguirá assistir ao jogo tão facilmente. A TV Globo, a emissora que virou a casa do Brasil nas últimas décadas, não chegou a um acordo para garantir os direitos da partida e não transmitirá o confronto – é a primeira vez que isso acontece desde um amistoso contra Argentina, em 2017. O compromisso será exibido pela internet, no serviço por streaming EI Plus – a assinatura custa 13,90 reais por mês.
No início da noite desta terça-feira, o secretário-executivo do Ministério das Comunicações Fabio Wajngarten confirmou que a TV Brasil também exibirá a partida entre Peru e Brasil. Um acordo com a CBF permitiu que o confronto seja exibido no canal. A prerrogativa, porém, não era da entidade máxima do futebol brasileiro, já que os direitos, que pertenciam à seleção peruana, mandante da partida, foram negociados com a empresa Mediapro.
A CBF emitiu um comunicado em que explica a situação. A entidade diz que aguardou o desfecho das negociações entre as emissoras de TV brasileiras e a empresa que detém os direitos, mas, como não houve nenhum acordo, decidiu garantir a transmissão do jogo. “Para isso, negociou a compra dos direitos em condições que permitem exclusivamente a transmissão por uma TV pública aberta no país e pelo site oficial da entidade”.
NOVIDADE! Jogo da Seleção Brasileira desta noite terá transmissão pela TV Brasil para todo o país e também no Site da CBF.
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🇧🇷 x 🇵🇪
🗓 – 13/10
🕘 – 21h
📺 – TV Brasil e Site da CBF pic.twitter.com/U73PqMIcdtContinua após a publicidade— CBF Futebol (@CBF_Futebol) October 13, 2020
Bruno Maia, ex-vice-presidente de marketing do Vasco da Gama, especialista em inovação e novos negócios na indústria do esporte, e sócio da 14, agência de conteúdo estratégico, explicou que no modelo de negociação de direitos de transmissão utilizado nas Eliminatórias não é possível que a seleção visitante negocie suas partidas. Por isso, o acordo feito pela CBF contraria as regras de mercado e gera uma insegurança nas empresas. “É uma decisão que não ajuda na sensação de livre mercado entre os entes privados e afeta a sensação de exclusividade que pode ter influenciado na compra das empresas de plataformas digitais”.
A negociação de direitos de transmissão feita pela Conmebol é semelhante ao acordado no Brasil pela Medida Provisória 984/2020, conhecida popularmente como a “MP do Mandante”. As dez seleções que participam das Eliminatórias da América do Sul podem negociar os jogos que farão dentro de suas casas. Para transmitir um jogo da seleção brasileira como visitante, uma emissora precisa garantir os direitos das outras confederações.
A Mediapro comprou os direitos dos jogos da seleção peruana em casa e também de outras equipes sul-americanas. A empresa detém um pacote que incluem oito dos dez jogos do Brasil como visitante nas Eliminatórias. A Globo tentou chegar a um acordo para poder exibir as partidas na TV aberta e no canal por assinatura SporTV, mas não quis pagar os 20 milhões de dólares (110 milhões de reais) exigidos pela Mediapro. Por isso, o confronto contra o Peru ficou de fora da grade – ainda existe o risco de que outras partidas não sejam exibidas.
“A Globo tem os direitos de transmissão dos jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo que acontecem no Brasil e na Argentina. Nos últimos meses, buscamos entendimento com os detentores de direitos dos demais jogos, sempre dentro das condições atuais do mercado. Não houve acordo, mas permanecemos abertos ao diálogo”, disse a assessoria de comunicação da emissora carioca em comunicado.