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Platini admite pagamento sem contrato e diz ser ‘à prova de balas’

Candidato à presidência da Fifa acredita que o próprio Blatter pode ter vazado as informações sobre o pagamento feito em 2011

O presidente suspenso da Uefa, Michel Platini, admitiu que não existiu um contrato por escrito no pagamento de 2 milhões de franco suíços (cerca de 8 milhões de reais) que recebeu do presidente da Fifa, Joseph Blatter, em 2011. Em entrevista ao jornal francês Le Monde desta segunda-feira, o ex-jogador disse que houve um acordo “homem a homem” e voltou a jurar inocência. Ele acredita que sua candidatura à presidência da Fifa não está ameaçada e se disse “à prova de balas”.

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Platini disse ter dúvidas se foi o próprio Blatter quem vazou a informação que rendeu a ambos uma suspensão de 90 dias pelo Comitê de Ética da Fifa. “Apesar de ele querer me matar politicamente, tenho algo de afeto pelo que vivemos juntos”, disse o ex-capitão da seleção francesa, que passou a trabalhar na Fifa em 1998, apadrinhado por Blatter.

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Platini reclamou que está sendo “arrastado pela lama” na investigação de corrupção na Fifa e explicou detalhadamente a controversa negociação. Segundo o francês, Blatter, recém-eleito presidente da Fifa em 1998, lhe convidou para trabalhar como conselheiro pessoal e perguntou quanto ele gostaria de receber de salário “Blatter me perguntou: ‘Quanto você quer?’. Eu respondi: ‘Um milhão’. Ele disse: ‘Um milhão de que, rublos, libras, dólares?’ Não existia o euro naquela época’ E concordamos em um milhão de francos suíços por ano”

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O craque francês já havia declarado que a Fifa não lhe pagou tudo naquele momento devido a problemas financeiros da entidade. Ao Le Monde, Platini disse que Blatter sugeriu que a política salarial da Fifa o impediu de ter um contrato que pagava a ele mais do que recebia o então secretário-geral Michel Zen-Ruffinen.

“Eu trabalhei por vários meses sem remuneração. Depois de um tempo, eu fui até Blatter: ‘Você tem um problema para me pagar?’ Ele disse: ‘Sim, eu não posso lhe pagar 1 milhão por causa da estrutura salarial. Você tem que entender que o secretário-geral recebe 300.000 francos suíços. Você não pode receber mais de três vezes o seu salário. Então vamos escrever um contrato para 300.000 francos suíços e pagar o resto mais tarde’. E foi isso que aconteceu. Só que o mais tarde nunca chegou”.

Platini alegou que recebeu 2 milhões de francos suíços, porque Blatter aceitou pagar 500.000 francos suíços (e não 300.000) para cada ano em que foi conselheiro, de 1998 a 2002. A Fifa pagou Platini em fevereiro de 2011, semanas antes de uma disputa presidencial entre Blatter e o catariano Mohamed bin Hammam. Ambos buscavam o apoio do presidente da Uefa naquele momento.

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Platini e Blatter estão apelando contra as suspensões impostas neste mês pelo Comitê de Ética da Fifa, enquanto o pagamento é investigado. E, em casos recentes, o painel impôs punições rigorosas quando dirigentes discutiram seus casos na imprensa.

Eleição – Como a suspensão de Platini e Blatter deve acabar em fevereiro de 2016, o francês ainda espera concorrer à presidência da Fifa – ao contrário do sul-coreano Chung Mong-Joong, que era um de seus principais concorrentes, mas foi banido do futebol por seis anos, também acusado de corrupção. Platini apresentou os documentos da sua candidatura antes de ser punido e acredita que sua imagem com as federações não foi arranhada.

“Eu não acho que perdi muitos votos e os que me conhecem sabem que eu posso olhar-me no espelho. Eu sou à prova de balas.” Platini espera que a sua suspensão provisória seja cancelada, pelo recurso na própria entidade ou pela Corte Arbitral do Esporte, para permitir que ele participe da votação. O presidente da Uefa deve ainda passar por uma verificação de integridade da comissão eleitoral da Fifa, que examinará todos os candidatos após o encerramento do prazo para inscrição das candidaturas na próxima segunda-feira.” Na semana passada, a Federação Inglesa de Futebol (FA) decidiu retirar o apoio à candidatura de Michel Platini enquanto o caso não for esclarecido.

Os presidentes da Uefa, Michel Platini, e da Fifa, Joseph Blatter, na tribuna de honra do Estádio Nacional de Varsóvia durante uma das semifinais da Eurocopa 2012
Os presidentes da Uefa, Michel Platini, e da Fifa, Joseph Blatter, na tribuna de honra do Estádio Nacional de Varsóvia durante uma das semifinais da Eurocopa 2012 VEJA

(com agências Estadão Conteúdo e AFP)

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