PLACAR lança o guia do Brasileirão 2022
Edição de maio já está disponível nas plataformas digitais e chega às bancas na próxima semana
A bola já está rolando para o Campeonato Brasileiro de 2022 e a partir desta quarta-feira, 4, nossos leitores podem devorar o guia PLACAR da competição, a edição de maio, uma tradição de nossa cinquentenária história. A revista digital já está disponível em dispositivos iOS e Android, e em breve chegará em sua versão física às bancas de todo o país.
Assine #PLACAR digital no app por apenas R$ 6,90/mês. Não perca!
O guia contém uma apresentação de todas as equipes participantes, tanto da Série A quanto da cada vez mais badalada Série B, com seus respectivos destaques e treinadores, histórico na competição, entre outras informações.
Atendendo a pedidos dos leitores, a edição volta a ter fichas técnicas completas, com dados e também uma descrição de 18 atletas de cada um dos 20 times times da primeira divisão. A tabela completa, outro item querido pelos assinantes, segue marcando presença, com o resultado dos primeiros jogos já preenchido.
A edição 2022 está imperdível, mas não passou ilesa pela máquina de moer treinadores do futebol brasileiro, que atrapalha não só o esporte em si, mas também o jornalismo. Entre o fechamento e a circulação do guia, ao menos um treinador caiu: Fábio Carille, demitido do Athletico Paranaense nesta quarta, com apenas 21 dias de trabalho. Bola para frente e boa leitura!
O MAIS DIFÍCIL DO MUNDO
Muita gente há de torcer a cara para essa afirmação, mas não há torneio tão imprevisível quanto o Brasileiro, apesar do recente domínio de clubes com muito dinheiro em caixa
O Campeonato Brasileiro chega neste ano à sua 64ª edição, a vigésima no sistema de pontos corridos. Desde que o atual modelo foi implantado, em 2003, apenas oito times de três estados (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) conseguiram levantar a taça. O Corinthians lidera essa lista com quatro conquistas; Cruzeiro, São Paulo e Flamengo têm três títulos cada um; Fluminense e Palmeiras, dois; e Santos e Atlético- MG, um. Na história do torneio, que começa em 1959, também clubes da Bahia, do Rio Grande do Sul, de Pernambuco e do Paraná se sagraram campeões. Recentemente, a
concentração de troféus reflete a maior profissionalização do futebol em todo o mundo, com o poderio econômico ditando as regras do jogo.
Ainda assim, acerta quem diz que o Brasileirão é um dos torneios mais disputados e imprevisíveis do mundo. A título de comparação, nesses mesmos dezenove anos (sem contar a temporada 2021-2022, que já está terminando na Europa e apresenta os mesmos de sempre disputando os troféus) houve seis campeões na Premier League inglesa (Manchester United seis vezes, Chelsea e Manchester City cinco cada um, Leicester, Arsenal e Liverpool uma cada um), quatro em La Liga espanhola (Barcelona dez vezes, Real Madrid seis, Atlético de Madri duas e Valencia uma) e três na Série A italiana (Juventus dez vezes, Inter seis e Milan três). Curiosamente, a Bundesliga alemã teve cinco vencedores no mesmo período (Bayern, Werder Bremen, Stuttgart, Wolfsburg e Borussia Dortmund). O domínio do time de Munique, contudo, com quinze dos últimos vinte títulos, incluindo o atual inédito decacampeonato, estraga qualquer comparação.
Há ainda quem se queixe, passadas quase duas décadas, da falta de um mata-mata e daquela grande final, como acontece na Copa do Brasil e na Libertadores. No Brasileirão, o que vale mesmo é a constância, a perseverança. É preciso ser consistente por 38 rodadas — neste ano, a bola começou
a rolar no dia 9 de abril e, se não houver nenhum imprevisto, só vai parar em 13 de novembro, a tempo da disputa da Copa do Mundo do Catar, que terá seu início apenas oito dias depois, na segunda 21. A grande questão é, de fato, a duração menor (e espremida) do nosso campeonato em comparação com os europeus. Lá, os nacionais se estendem pela temporada toda, de agosto até maio do ano seguinte. Aqui, os primeiros meses são dedicados aos estaduais, o que torna o calendário sempre mais apertado, com duas partidas por semana para conseguir completar os três principais torneios. Assim, a única saída é torcer para não ter confrontos decisivos em sequência e, claro, revezar jogadores — o que é, sem dúvida, uma crítica muito pertinente ao modelo.
Neste ano de 2022, justamente em virtude da mudança de datas da Copa do Mundo, esta edição de PLACAR chega até você com o Brasileirão já em andamento. Na data de fechamento, três rodadas tinham sido concluídas (fal tando apenas um jogo, adiado). O equilíbrio apontado no início do texto mais uma vez era visível: apenas três times estavam invictos, enquanto outros quatro não tinham conseguido vencer. É óbvio que três partidas são quase nada para fazer previsões. Mas um certo Pep Guardiola, nove vezes campeão nacional nas principais ligas europeias, defende (no livro Guardiola Confidencial, escrito por Martí Perarnau) a ideia de que um campeonato de pontos corridos se ganha nas últimas oito rodadas, quando o time precisa mostrar aquela explosão final aliada à gana de vencer — mas se perde nas oito primeiras. Segundo o treinador do City, os dois primeiros meses são cruciais para o bom resultado lá na frente.
Segundo sua teoria, o limite máximo de distância de seu time para o líder após oito partidas seria de apenas 4 pontos (pensando que ainda serão disputados dois confrontos diretos entre eles). De fato, todos os campeões brasileiros estavam entre os sete primeiros colocados depois das oito primeiras rodadas. Mas vale destacar que aqui o jeitinho às vezes prevalece e a conta do espanhol nem sempre é tão precisa. No ano passado, por exemplo, o líder era o Red Bull Bragantino, com 18 pontos, seguido por Athletico-PR e Palmeiras, com 16, e Flamengo, com 15. O quinto colocado era o Atlétio-MG, com 13. A diferença de 5 pontos não impediu o Galo de se tornar o campeão no fim do ano. Será que a “Lei de Guardiola” vai prevalecer novamente?
Para ficar ainda no exemplo de 2021, ninguém tem muita dúvida de que o Palmeiras de Abel Ferreira poderia ter brigado até a reta final, mas optou por deixar a disputa em segundo plano diante da possibilidade — afinal, confirmada — de conquistar a Libertadores pelo segundo ano consecutivo (será que tem algum torcedor insatisfeito com essa história, que preferia ter agora o troféu nacional no lugar do continental na estante?). Ou seja, o calendário, sempre ele, pode ter um papel crucial nas tais oito rodadas decisivas.
Por essas e outras, o nosso Brasileirão é mesmo o que mobiliza as torcidas, a maratona em que tudo de bom (e de ruim) dos nossos clubes vem à tona. A pior parte talvez seja a rotatividade dos treinadores — só para não perder o hábito, a decisão de Abel Braga de deixar o comando do Fluminense, no dia 28 de abril, foi a quinta (quinta!) mudança de técnico em três rodadas da Série A (Bruno Pivetti foi demitido do Goiás às vésperas da estreia, Alberto Valentim caiu do Athletico-PR no dia 10, Marquinhos Santos deixou o América- MG no dia 11 e Alexander Medina saiu do Inter no dia 15).
Problemas atávicos à parte, são dezenove oportunidades de ver o time jogando em casa, o momento de reforçar a rivalidade local
ou estadual, a chance (para quem fica para trás na Copa do Brasil ou na Liberta) de focar o torneio e colocar seu nome na história. Com a mudança na fórmula de disputa, tornou-se praticamente impossível repetir o feito do Inter de 1979, o único campeão nacional invicto. Mas que tal repetir as campanhas do Flamengo de 2019 ou do Cruzeiro de 2003, os líderes em aproveitamento nos pontos corridos, com 78,9% e 72,5%? Chegar mais perto do Corinthians, que mais rodadas (125) ficou na liderança na era dos pontos corridos? Tentar se aproximar do São Paulo, dono do maior número de pontos acumulados, ou do Santos, com mais gols marcados desde o início da história do campeonato? A sorte está lançada. A exemplo do ano passado, Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras são os grandes favoritos. Quem se anima a desafiá-los?