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Placar do jogo: perderam todos

No país do futebol, os desmandos das autoridades na final do primeiro turno do Campeonato Carioca atropelam o esporte e o público

O olhar de pavor da mãe agarrada ao filho teve origem ridícula, que seria até engraçada se não fosse trágica: uma desavença entre Vasco e Fluminense, os finalistas do primeiro turno do Campeonato Carioca, sobre o lado da arquibancada que deveria ser ocupado por seus torcedores. A CME, acrônimo para Complexo Maracanã Entretenimento, empresa controlada pela construtora Odebrecht, tem contrato com o Fluminense. Pelo documento, o clube tricolor pode escolher onde colocar sua turma no estádio. Contudo, apoiada pela Ferj, a federação estadual de futebol, a CME preferiu desconsiderar o acordo e deu ao Vasco a prerrogativa de escolher o trecho das cadeiras de sua predileção — e os vascaínos optaram por aquele onde se sentaram desde a inauguração do Maracanã, em 1950, até 2013, quando a CME firmou parceria com o Fluminense. De lá para cá, foram disputados ali nove jogos entre as duas equipes, e em todos os casos, sem exceção, o Flu escolheu o lugar de sua torcida. O que teria mudado desta vez? A subsidiária da Odebrecht não está feliz com os termos do trato com o Fluminense, e negocia nos bastidores uma aproximação com o Vasco. Simples assim. Ou seja: por interesse meramente financeiro, uma conta qualquer que já não fecha, deu-se a confusão. Uma disputa de liminares judiciais quase impediu a abertura dos portões. Houve correria, houve briga, houve prisões. E novamente o país do futebol, atropelado pelos desmandos das autoridades do Rio, levou de 7 a 1. Ah, o resultado do clássico de domingo? Perderam todos.

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Publicado em VEJA de 27 de fevereiro de 2019, edição nº 2623

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