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Pérez vê desinteresse de jovens e diz que ‘Superliga vai salvar o futebol’

Presidente do Real Madrid e também da nova liga de clubes ricos diz que “meritocracia não pode ser para 50 equipes” e critica “ameaças” de Fifa e Uefa

Florentino Pérez, o milionário empresário espanhol do ramo da construção e engenharia civil que ganhou fama mundial ao montar elencos “galáticos” e vitoriosos do Real Madrid, se apresentou na última segunda-feira, 20, como uma espécie de salvador do futebol. O presidente do gigante espanhol e agora também da Superliga Europeia disse que só o novo torneio criado por doze clubes ricos para competir com a Liga dos Campeões da Uefa poderá manter as contas dos clubes nos patamares dos últimos anos. Segundo Pérez, a falta de interesse dos jovens pelo futebol é um perigo real para o futuro do jogo.

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“O futebol tem de evoluir, como tudo na vida. Tem de adaptar-se aos tempos e tínhamos de fazer algo com a pandemia. Estamos todos arruinados”, afirmou Pérez, em entrevista ao programa Chiringuito, um dos mais populares da Espanha. Em diversos momentos, ele apontou a crise econômica causada pela Covid-19 como um das razões para a criação do torneio, ainda que os planos sobre Superliga tenham começado há cerca de uma década.

Segundo ele, em uma controvertida teoria, com mais dinheiro, os clubes grandes fariam a roda do futebol girar, o que beneficiaria também os pequenos. “Fazemos isso para salvar o futebol, que está em um momento crítico. O que dá dinheiro é a televisão e o dinheiro é para todos. Se nós, os clubes de cima, temos dinheiro, ele flui para baixo. A Superliga vem para salvar a todos, não só ao Real Madrid ou os grandes. Não é para os ricos, é a única maneira de salvar os modestos, os medianos e os grandes.”

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Pérez chegou a dizer que a atual liga dos Campeões só se torna atrativa a partir das quartas de final. “Há jogos de baixa qualidade. Um Barcelona x Manchester United é mais divertido do que um Manchester contra um time mais modesto. O que o mundo inteiro exige? Temos fãs em todo o mundo. Isso é o que gera dinheiro. E esse dinheiro é para todos, é uma pirâmide.”

Sobre o fato de haver na Superliga 15 clubes fixos (apenas 12 confirmados, por enquanto), o que motivou as maiores críticas mundo afora devido à falta de mérito esportivo, Pérez disse não se tratar de uma liga fechada, pois haveria cinco vagas para clubes que se destacassem. “A meritocracia não pode existir para 50. Também terá direito de entrar o Napoli ou a Roma. Se não for em um ano, será no seguinte. Mas o que dá dinheiro são os quinze fixos que jogam entre eles todas as semanas, é um espetáculo maior”, disse Pérez, citando clubes italianos que têm frequentado a Champions League com mais frequência que Milan, Inter e Arsenal, por exemplo.

As equipes já garantidas são: Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Tottenham, Atlético de Madrid, Barcelona, Real Madrid, Inter de Milão, Juventus e Milan. Segundo Pérez, mesmo estando entre os clubes mais ricos do mundo, Bayern de Munique, Borussia Dortmund e PSG ainda não foram convidados (os alemães já avisaram que não farão parte do projeto).

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Um ponto importante apresentado por Florentino Pérez é a percepção entre os gigantes europeus de que, ainda que tenham um número crescente de fãs em todos os continentes, o interesse em relação ao jogo vem perdendo espaço para jogos eletrônicos e outras plataformas. “Os jovens já não têm interesse por futebol. Porque existem muitos jogos de baixa qualidade e não lhes interessa, têm outras plataformas para se distraírem”, afirmou. “O futebol tem que evoluir, como empresas, pessoas, mentalidades. As redes mudaram a forma como se comportam e o futebol tem que mudar e se adaptar aos tempos em que vivemos.”

Pérez disse que gostaria de começar o torneio “o mais rápido possível”, talvez já em agosto, mas deixou claro que só o fará caso a Uefa e a Fifa concordem (o que é pouco provável), e que, se necessário, esperaria mais um ano. O presidente do Real Madrid alfinetou as entidades, que chegaram a ameaçar tirar os atletas dos clubes de competições como Eurocopa e Copa do Mundo. “A Uefa não tem uma boa imagem, não quero falar coisas que aconteceram na Uefa, mas tem que haver diálogo, e não um tom ameaçador.” E ainda criticou os novos moldes apresentados para a Liga dos Campeões. “É um formato que ninguém entende e dizem que começarão em 2024. Em 2024 estaremos mortos.”

O dirigente espanhol ainda aproveitou para defender o colega Andrea Agnelli, presidente da Juventus e ex-membro do comitê da Uefa, chamado de “mentiroso” por Aleksander Ceferin, presidente da federação europeia. “Não se pode fazer ofensas como esta, me parece vergonhoso o que fez Ceferin, a Europa democrática não pode tolerar isso.” O anúncio segue gerando forte rejeição em toda a Europa. Segundo o diário The Times desta terça-feira, 20, ao menos um clube britânico não revelado já considera deixar o grupo devido aos protestos de seus torcedores.

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