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Pelé: “Foi um dia inesquecível”

Comoção no documentário da Netflix e no dia da vacinação

Nos minutos iniciais do documentário Pelé, em exibição na Netflix, o rei do futebol entra em cena apoiado em um andador. Dá sete passos cautelosos, se aproxima de uma cadeira colocada no centro da cena e arremessa para trás o objeto que usava para dar-lhe apoio com a raiva de quem diz “isso eu não quero mais”. Aos 80 anos, completados em outubro do ano passado, ele nunca se furtou a reconhecer o desconforto físico, resultado de malsucedidas cirurgias nos quadris e do avançar da idade, é claro. São dificuldades que não combinam com quem fez com suas pernas o impossível, em mais de mil gols e na conquista dos títulos mundiais em três Copas pela seleção e dois pelo Santos. Ou, como definiu Carlos Drummond de Andrade: “Fazer mil gols como Pelé não é difícil. Difícil é fazer um gol como Pelé”. É comovente, portanto, vê-lo na maturidade. Somou-se à comoção do documentário, no qual ele se mostra com as fraquezas de um ser humano como qualquer outro, a imagem de terça-feira 2, na qual Pelé aparece tomando vacina contra a Covid-19 — a CoronaVac — em sua casa do Guarujá, onde tem passado a quarentena ao lado da mulher, Marcia Aoki. “Hoje foi um dia inesquecível. Eu recebi a vacina!”, exclamou em suas redes sociais. O mais bonito veio depois, o alerta de uma personalidade conhecida universalmente a respeito dos riscos que ainda corremos. “A pandemia não acabou. Nós precisamos manter a disciplina para preservar vidas enquanto muitas pessoas ainda não foram imunizadas. Por favor, lavem bem as mãos e continuem em casa, se possível.” Bela postura de quem sabe não ser capaz de voltar o relógio do tempo corrido, mas sabe que viver é como poder ver um, dois, mil gols de Pelé. Por isso, simples assim, precisamos de vacinas e cuidados.

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Publicado em VEJA de 10 de março de 2021, edição nº 2728

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