Para o Real, longo jejum fez clube voltar a valorizar a taça
Somados, goleiro Casillas e técnico Ancelotti têm seis títulos europeus – mas ambos prometem comemorar mais do que nunca um novo triunfo em Lisboa
“Depois de doze anos sem vencer, valorizamos ainda mais a chance de recuperar essa taça. Quando se passa tanto tempo vendo a final pela TV, você dá mais importância a ela”, diz o capitão do Real
O clube é o maior vencedor da história do torneio, com nove títulos. Seu goleiro e capitão participou de duas dessas conquistas�. O treinador, por sua vez, tem quatro troféus, dois como jogador e dois em sua atual função. Ainda assim, é o Real Madrid que parece mais ansioso pela decisão da Liga dos Campeões, no sábado, em Lisboa, contra o Atlético de Madri. Ao visitar o palco da final, o Estádio da Luz, nesta sexta-feira, a equipe mostrou até um certo deslumbramento pela chegada à partida decisiva. Depois de doze anos sem títulos europeus e� três eliminações consecutivas na semifinal, sempre de forma muito dolorosa, parece que o Real voltou a entender a importância do torneio – o clube e algumas de suas principais figuras precisaram� ficar de fora da festa por algum tempo para voltar a ambicioná-la tanto quanto os demais. Se o Atlético promete dar o máximo para levantar a taça pela primeira vez, os representantes da equipe branca da capital espanhola mostram um apetite igualmente voraz a um dia de entrar em campo para buscar “lá décima”.
Para o goleiro Iker Casillas, que estava em campo quando o Real levantou as taças de número oito e nove, em 2000 e 2002, o jejum serviu de lição. Ele diz abertamente que não apreciou as duas primeiras conquistas como deveria. “Foi maravilhoso, é claro, mas a gente já estava até um pouco acostumado a conquistar esse título”, lembrou o capitão, que tinha 19 anos no primeiro de seus dois triunfos na Liga dos Campeões. “Depois de doze anos sem vencer, valorizamos ainda mais a chance de recuperar essa taça. Quando se passa tanto tempo vendo a final pela TV, você dá mais importância a ela. À medida em que se fica mais velho, também passa a ter consciência de que um jogo assim é uma chance de dar alegria a milhões de torcedores.” O único remanescente dos títulos de 2000 e 2002 disse ainda que “foi muito duro” cair nas três últimas finais e perder a oportunidade de decidir o torneio. De acordo com Casillas, uma vitória no sábado criará “memórias infinitas” – e, para não desperdiçar essa chance, o time deve entrar na decisão “com raça e coragem”.
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Sacrifício – O técnico Carlo Ancelotti, tetracampeão pelo Milan, também falou de maneira saudosa sobre as recordações de seus últimos triunfos, garantindo que seu currículo recheado de conquistas não diminui o desejo de acrescentar outro título europeu à sua coleção. “Tenho uma lembrança muito clara da última vez que participei de uma entrevista antes da final da Liga dos Campeões, em 2007.� Naquela ocasião, eu pensei comigo mesmo: ‘Pode ser a última, melhor aproveitar’. E é assim de novo hoje.” O treinador italiano de 54 anos reconheceu que parte da torcida, acostumada aos tempos em que o Real era quase imbatível no torneio (venceu as cinco primeiras edições), está desesperada pelo décimo troféu. “Há uma linha fina separando um sonho de uma obsessão. Para nós, porém, é um sonho, e estamos trabalhando bastante para concretizá-lo.” O esforço feito pelo grupo para alcançar a final também foi destacado por Casillas e outro líder do elenco, o zagueiro Sérgio Ramos. O defensor, aliás, confessou um certo incômodo com a forma como sua equipe é retratada.
Para Ramos, muitos têm tratado o Atlético como o time da dedicação e da garra, enquanto o Real figura como uma equipe cujas vitórias se baseiam apenas no talento – uma aparente referência ao papel de Cristiano Ronaldo nos triunfos mais recentes. “O futebol é esforço, sacrifício e muito trabalho. Para conseguir qualquer coisa nesse esporte é necessário ter todos esses ingredientes. Às vezes fica até parecendo que o Real não se esforçou nem trabalhou como os outros”, reclamou. O zagueiro também garantiu que sua equipe será tão aguerrida e combativa quanto o adversário, conhecido pela força coletiva e pelo espírito de luta pregado pelo técnico Diego Simeone. “A motivação tem que estar no nível máximo. Essa é a recompensa de um trabalho de muitos anos. Precisamos deixar a alma em campo. É uma oportunidade única para nós. No futebol às vezes não dá tempo de aproveitar muito esses momentos. Vamos tentar sair de cabeça erguida para desfrutar ao máximo junto com nossa torcida e nosso grupo. Para este clube, a Liga dos Campeões é algo diferente.”
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Equilíbrio – Além de muita raça e dedicação, o Real deverá contar com uma arma que nenhum outro clube tem: Cristiano Ronaldo está confirmado na decisão, apesar da apreensão provocada pelos recentes problemas físicos. “Cristiano está bem, não há problema com ele”, disse Ancelotti pouco antes de comandar o treino no campo do jogo de sábado – o craque português participou normalmente. Ainda há dúvidas, porém, em relaç�ão à escalação do atacante Benzema e do zagueiro Pepe. “Os dois ainda serão avaliados”, afirmou o técnico, que contou o que idealiza para sábado. “Meu sonho é repetir o jogo que fizemos contra o Bayern em Munique”, revelou, citando a goleada de 4 a 0 nos campeões da edição passada. “Se jogarmos outra vez daquela forma, temos tudo para vencer.” Adotando um discurso similar ao de Ramos, Ancelotti disse que é um equívoco achar que a final colocará frente a frente um time que só luta e se defende (o Atlético) e outro menos vibrante e mais ofensivo (o Real). “Haverá equilíbrio. E os dois jogarão da mesma maneira, atacando e defendendo com tudo o que têm.”
https://youtube.com/watch?v=9MGu5sPHEJI%3Frel%3D0
2013: Bayern
Depois de perder duas decisões em três anos – uma delas, em seu próprio estádio -, o Bayern não deixou passar a terceira oportunidade de levantar a taça. Em um clássico alemão, a equipe de Munique derrotou o Borussia por 2 a 1 no Estádio de Wembley.
2012: Chelsea
A equipe londrina surpreendeu e conquistou seu primeiro título contra o Bayern de Munique, na casa do adversário, a Allianz Arena. Didier Drogba foi o grande destaque da final, que foi decidida nos pênaltis depois de empate por 1 a 1 no tempo normal.
2011: Barcelona
Com Messi inspirado e com Pep Guardiola como técnico, o Barça foi campeão no Estádio de Wembley, em Londres, fazendo 3 a 1 no Manchester United. O jogo é considerado uma das melhores da fase de ouro da equipe catalã sob o comando de Guardiola.
2010: Internazionale
O argentino Milito foi o destaque na vitória da equipe italiana sobre o Bayern, no Estádio Santiago Bernabéu, em Madri – fez os dois gols na vitória por 2 a 0 e deu à Inter de Milão um título que não conquistava desde a década de 1960. Mourinho era o técnico.
2009: Barcelona
Eto’o e Messi marcaram os gols da vitória catalã no Estádio Olímpico de Roma, contra o Manchester United de sir Alex Ferguson e da dupla de ataque formada por Rooney e Cristiano Ronaldo. Foi o terceiro título do torneio continental para o Barça.
2008: Manchester United
Na final entre os ingleses, a equipe de Alex Ferguson levou a melhor sobre o Chelsea, no Estádio Luzhniki, em Moscou. No tempo normal, Cristiano Ronaldo abriu o placar e Lampard empatou. Na cobrança de pênaltis, Anelka perdeu e o United comemorou.
https://youtube.com/watch?v=e5iNzdPlAj4
2007: Milan
Com grandes atuações de Kaká e Inzaghi, a equipe italiana se vingou da derrota para o Liverpool na final de 2005. A decisão disputada no Estádio Olímpico de Atenas foi totalmente dominada pelo Milan, que conquistou seu sétimo título da Liga dos Campeões.
2006: Barcelona
Com Ronaldinho Gaúcho em grande fase, o Barça era favorito contra o Arsenal no Stade de France, em Paris. Os ingleses saíram na frente com Campbell, mas os catalães viraram com gols de Eto’o e do brasileiro Belletti. Foi o bicampeonato do Barcelona.
2005: Liverpool
Uma das maiores surpresas da história do torneio – não pela vitória da equipe inglesa, clube tradicional na competição, mas sim pela recuperação histórica. O Milan vencia por 3 a 0 no intervalo em Istambul. O Liverpool buscou o empate e venceu nos pênaltis.
2004: Porto
Carlos Alberto e Deco estavam entre os destaques da jovem equipe do Porto treinada por um então desconhecido, José Mourinho. Do outro lado estava outra zebra, o Monaco. A final, disputada em Gelsenkirchen, terminou com vitória dos portugueses, 3 a 0.
https://youtube.com/watch?v=9y7zKOKJGzk
2003: Milan
A final entre dois italianos no estádio Old Trafford, em Manchester, foi marcada pelo enorme equilíbrio. Milan e Juventus ficaram no 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação. Na disputa por pênaltis, Dida defendeu três cobranças e Shevchenko selou a vitória do Milan.
https://youtube.com/watch?v=OLh6lGlXC3A%3Frel%3D0
2000: Real Madrid x Valencia
https://youtube.com/watch?v=jjYPOj2hros%3Frel%3D0
2003: Milan x Juventus
https://youtube.com/watch?v=jGJ62A2_CTQ%3Frel%3D0
2008: Manchester United x Chelsea