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Pai de Neymar confirma adiantamento na venda do filho e diz que o Santos lhe deve dinheiro

Em documento, Neymar pai detalha a venda do filho ao Barcelona e diz que vai cobrar do Santos, oportunamente, comissão de 10% da negociação

Neymar Silva Santos, pai e empresário de Neymar, divulgou um documento chamado Esclarecimento Público no início da tarde desta quinta-feira para rebater as acusações de traição feitas pelo Grupo DIS sobre a transferência do filho ao Barcelona e também revelar informações sobre a negociação de 2013. No documento de oito páginas Neymar pai diz que recebeu 40 milhões de euros (cerca de 128,6 milhões der eais em valores atuais) do Barcelona para “contratar” o atleta depois de encerrado o vínculo com o Santos e antes que ele se tornasse totalmente livre para o mercado. E ainda diz que o Santos lhe deve dinheiro: “Aliás, o Santos F.C., por cláusula expressa em contrato livremente pactuado, tem a obrigação de pagar uma comissão de 10% (dez por cento), calculado sobre todo os proveitos econômico obtidos com a transação para a Neymar Sports, mas até agora não o fez. Oportunamente estes valores serão cobrados.”

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A soberba de Neymar

Nas explicações do pai do jogador, o clube espanhol pagou para que Neymar sequer ouvisse outras ofertas. O Barcelona alega o mesmo. Em entrevista um dia depois da renúncia de Sandro Rosell em 23 de janeiro de 2014, o atual presidente Josep María Bartomeu detalhou as condições da compra do atacante, reconhecendo os 40 milhões de euros pagos à empresa do pai de Neymar. Barcelona e a NN Consultoria, do pai do jogador, então negociaram o repasse do atleta. Foi por isso que o jogador pediu para encurtar seu acordo com o Santos em um ano, do fim de 2015 para após a Copa do Mundo de 2014. Nessa época, o então presidente do Santos, Luís Álvaro, disse que Neymar ficaria no clube até o Mundial do Brasil.

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“Realmente recebi o dinheiro, como indenização do Barcelona por descumprimento do contrato. Tenho certeza de que se fosse do outro lado, com o meu descumprimento, o Barcelona me cobraria também, como já externado. Se o meu filho tivesse sido transferido para outro clube, a NN Consultoria, que tem como sócios tão somente eu e Nadine, teria então, sozinha, um passivo de 40 milhões de euros. Santos F.C., DIS e Teisa não seriam corresponsáveis ou solidários em tal pagamento porque não eram parte do nosso contrato com o F.C. Barcelona”, diz o documento.

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O pai de Neymar havia recebido um adiantamento de 10 milhões de euros. Portanto, tinha mais 30 milhões de euros a receber do Barcelona. “Assim, por nos ter frustrado o direito de transferir e registrar, conforme previsto no contrato, o atleta na condição de atleta livre e usufruir de todos os benefícios econômicos e desportivos de tal condição (que não era pouca coisa considerando o momento do atleta no ato de sua transferência), a multa passou a ser devida e foi paga pelo F.C. Barcelona, sem violação alguma às regras da Fifa e àquelas do direito brasileiro e internacional.”

Ou seja, o Barcelona não esperou pelo fim do contrato e a empresa do pai de Neymar acionou a multa rescisória feita entre as partes, os 40 milhões de euros. Se tivesse esperado pelo fim do contrato do jogador com o Santos, o Barcelona não teria de pagar sequer os 17,1 milhões de euros. Porque a lei diz que qualquer jogador sem contrato pode negociar seu futuro diretamente com clubes interessados. Talvez a motivação do Barcelona de antecipar o acordo tenha sido o interesse do rival Real Madrid no brasileiro. O valor negociado foi então de 17,1 milhões de euros, alegam o pai de Neymar e o Barcelona.

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Direito futuro – Nas oito páginas, o pai do jogador cita todas as passagens da negociação. “Para acabar por completo com a polêmica e a dúvida que cercam os tão alardeados 40 milhões de euros, esclareço definitivamente os pontos do contrato que firmei em 2011 com o F.C. Barcelona, que em sua parte principal versa de forma clara e evidente que não transacionei ‘direitos econômicos’ ou tampouco ‘direitos federativos. Negociei, na verdade, um ‘direito futuro’, o direito de ‘free agent’ (todo atleta após seu vínculo de trabalho e sem contrato se torna ‘agente livre’, conforme práticas nacionais e internacionais) do meu filho e atleta agenciado de escolher o seu novo clube conforme livre escolha.”

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O novo presidente do Santos, Modesto Roma Jr., mesmo a despeito do silêncio de seus antecessores, entende que o clube foi prejudicado nessa transação, e levou o caso para a Fifa, pedindo ressarcimento por danos causados ao clube. “O Santos considera que Barcelona, Neymar e a empresa dele incorreram em violações de contratos de transferência, em razão do que reclama indenização dos prejuízos, mais juros e despesas”, disse Roma.

Da mesma forma, representantes da DIS, que compraram 40% dos direitos do jogador em 2009, por 2 milhões de euros, entendem que o Barcelona e o pai do jogador não poderiam fazer esse acordo, uma vez que o atleta tinha contrato, ou no mínimo que teriam de participar da negociação. A DIS alega que merece sua parte também nesses 40 milhões de euros ganhos pelo pai de Neymar. Para a empresa, e também para o Santos, a venda total do contrato de Neymar engloba essa “luva” dada pelo Barcelona, totalizando valor da compra em 86,2 milhões de euros. É isso que a Justiça da Espanha, e talvez até a Fifa, terão de decidir.

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No documento, o pai de Neymar menciona a polêmica com o Grupo DIS após seu representante declarar se sentir “traído” por Neymar. De acordo com a empresa, ele “descumpriu seu compromisso” e lesou seus direitos. “Ciente de todas as consequências legais e sob orientação jurídica, o Santos F.C. outorgou ao meu filho o direito de negociar o seu futuro, podendo desde então firmar quaisquer contratos com outras agremiações, no Brasil ou no exterior, desde que fosse respeitado o contrato vigente naquela ocasião. O Santos F.C. então qualificou o meu filho e atleta agenciado na condição de jogador livre, status que obteria a partir de 2014. Muito simples e nada mais do que isso”, afirma o empresário, que anexou o documento emitido pela presidência do Santos.

“Tendo adquirido, pois, o status de jogador livre para 2014, aditamos o contrato firmado entre a NN Consultoria e meu filho na qualidade de atleta agenciado. A partir de então, negociei com o Barcelona este direito futuro, ou seja, a prioridade de contratação do meu filho e atleta agenciado a partir de 2014.” No trecho seguinte do documento, o pai de Neymar revela o acordo com o Barcelona.

“A NN Consultoria, representante do atleta, firmou, portanto, em novembro de 2011 um contrato com o F.C. Barcelona contendo obrigações e direitos recíprocos, fixando uma cláusula penal no importe de 40 milhões de euros, devida pela parte que descumprisse os termos e condições do contrato. É importante destacar que a multa valia para os dois lados, ou seja, se a NN Consultoria descumprisse o contrato, teria de pagar tal montante sozinha ao F.C. Barcelona, sem qualquer participação ou solidariedade do Santos F.C., DIS ou Teisa.”

O pai de Neymar diz que Santos, DIS e Teisa não faziam parte desse novo contrato. “Nesse ponto, aliás, tem de ficar muito claro que o Santos F.C., DIS e Teisa não eram parte do contrato (nem deveriam ser) e, portanto, não participariam em conjunto com a NN Consultoria do prejuízo.” Ao Santos e à DIS, entende o pai de Neymar, cabe somente a parte paga pelo Barcelona pelo contrato do jogador, que terminaria após a Copa do Mundo, os 17,1 milhões de euros.

(Com Estadão Conteúdo)

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