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Placar

Os prós e contras de misturar meninas e meninos no futebol de base

Brasil começa a adotar modelo de categorias de base e espaços exclusivos para o futebol feminino. Mas será que isso é bom?

Publicado por: André Avelar em 24/08/2025 às 08:00 - Atualizado em 22/08/2025 às 18:11
Os prós e contras de misturar meninas e meninos no futebol de base
União: seleção brasileira que venceu a Copa América no Equador - Lívia Villas Boas - Divulgação CBF

Matéria publicada na edição 1526 de PLACAR, de fevereiro de 2025, já disponível em versão digital e física em nossa loja 

Um ponto une as 23 jogadoras da seleção brasileira campeã da última Copa América no início do mês: todas tiveram que jogar futebol com meninos em algum momento da vida. Da goleira Lorena à atacante Amanda Gutierres, passando pela craque Marta, nenhuma delas teve categoria de base dedicada exclusivamente às meninas. As dificuldades eram ainda maiores para jogar só com garotas fosse em lugares públicos ou alugados.

A paixão pelo esporte jogou essas meninas em campos com meninos, garotos e até homens já feitos, o que, de certa forma, ajudou a moldar jogadoras mais resilientes, como elas mesmo avaliam. O Brasil, no entanto, já começa a adotar um modelo mais parecido com o dos EUA e da Inglaterra, com estruturas permanentes de categorias femininas desde muito cedo.

É nesse ponto que nasce a discussão no país que sediará a próxima Copa do Mundo feminina, daqui a dois anos. A obrigatoriedade de equipes femininas em clubes da Série A, válida desde 2019, e a profusão de escolinhas e espaços exclusivamente para mulheres são ponto de partida para a discussão. Jogar futebol com meninos é bom, mas uma categoria de base feminina pode ser ainda melhor — assim como é salutar para meninos mais novos fazerem intercâmbio com garotos de uma categoria acima por exemplo.

Números e feitos que comprovam a realeza de Marta

Laís Moraes, coordenadora do projeto sem fins lucrativos Meninas em Campo celebra a nova fase. “Na parte pedagógica, é até interessante que meninas joguem com meninos quando ainda não se tem a questão maturacional envolvida. O Meninas em Campo acaba sendo uma porta de entrada para conhecer o esporte e um lugar seguro para a prática”, diz Laís, cujo projeto sediado na zona oeste de São Paulo começou em 2016 com 30 jogadoras e hoje já soma mais de 210.

“Existe uma falta de base na América Latina, as meninas começam a jogar mais tarde por aqui. Faz muita diferença que essa criança comece a ter o contato com 4 ou 5 anos. Lá fora, as meninas que estiveram na Eurocopa tiveram base feminina”, completou Nayara Perone, fundadora do JogaMiga, que desde 2017 busca ampliar o acesso da mulher ao esporte.

Um relatório da organização americana Women’s Sports Foundation incentiva a prática esportiva mista dividida em três classes, com habilidades e experiências semelhantes, até próximo dos 14 anos. “Antes da puberdade, não há razão fisiológica baseada em gênero para separar mulheres e homens em competições. Pesquisas demonstram que meninas que praticam esportes com meninos se tornam mais resilientes em competições adultas”, diz a entidade.

Atualmente, a CBF tem um Mecanismo de Dispensa Etária do Futebol Misto, que permite que meninas façam parte de times masculinos até o nível amador.O objetivo é promover a igualdade de oportunidade para jovens atletas, compensando diferenças no desempenho inerentes ao processo de maturação biológica e às especificidades de cada sexo, como o início da puberdade”, diz trecho da resolução.

A mudança se deve, em muito, ao talento de Natália Pereira. Em janeiro de 2019, então com 9 anos, ainda no Avaí, em Florianópolis, ela foi a primeira menina aprovada em uma peneira para treinar com meninos no Brasil.Agora, aos 16, ela está no sub-17 feminino do Corinthians (saiba mais no quadro ao lado) e na rota da seleção adulta.

‘UM PASSO DE CADA VEZ’

Natália Pereira, hoje no sub-17 do Corinthians, impulsionou medida da CBF para garotos e garotas jogarem juntos no amador

Como está sendo a sua evolução, dos 9 anos no Avaí até o hoje no Corinthians? Muita coisa mudou. Antes, eu nem tinha posição, só gostava de fazer gol e ir para frente. No Corinthians jogo de segunda volante, meia, camisa 8. Amo essa responsabilidade de armar o jogo, pegar a bola na defesa e levar para o ataque. Me inspiro muito na Duda Sampaio, aqui do Corinthians e da seleção brasileira.

Braba: Natália Pereira, aos 9, entre meninos no Avaí - Fotos Arquivo Pessoal

Braba: Natália Pereira, aos 9, entre meninos no Avaí – Fotos Arquivo Pessoal

Hoje, com 16, você está às portas do profissional no melhor time feminino do Brasil. Já sente a responsabilidade de ser uma Braba do Timão? É incrível estar com as meninas, treinar com elas, isso motiva demais. A estrutura do Corinthians é muito boa. Chego no clube pela manhã, tomo lanche, tem as dinâmicas de vídeo, psicóloga, nutrição, academia, treino. Tudo. Tudo para as meninas virarem jogadoras, sim, mas antes virarem mulheres.

Quando decidiu sair de Florianópolis? Quando comecei a falar que queria ser jogadora, sabia que não teria como morar em Floripa. Por mais que agora tenha time de futebol feminino, na época eu teria que sair para virar jogadora. Cheguei com 13 anos no Corinthians e antes passei porMeninas em Campo e Centro Olímpico. Fiquei quatro anos indo e vindo. Não era justo com o meu irmão, com a minha mãe, fazê-los largar a vida deles. Foi então que só o meu pai se mudou comigo.

Como vê as categorias de base do futebol feminino? Hoje vejo meninas com 9 anos vindo para o Corinthians e sendo monitoradas. Isso vai ajudar demais o desenvolvimento da modalidade. Muitas meninas têm o primeiro contato com 12 anos, então, poder começar mais cedo, e ainda jogando com meninas, será bom. Sei que se eu não tivesse jogado com meninos, não seria tão cascuda, mas ter esse contato com o futebol feminino mais cedo será muito importante.

Natália Pereira, aos 16 anos, vestindo a camisa do Corinthians - Fotos Arquivo Pessoal

Natália Pereira, aos 16 anos, vestindo a camisa do Corinthians – Fotos Arquivo Pessoal

Até quando a menina deve ou pode treinar com menino? Acredito que seja na virada do sub-13 para 14 anos. Ali os meninos começam a ficar mais fortes, com músculos que nunca vamos ter e, por mais que se aprenda a malandragem do jogo, o corpo começa a ser diferente e pode até machucar as meninas.

Na seleção sub-17, como é sua relação com Giovanna Waksman e a Julia Rosado, a Juju Gol, que também se destacaram bem cedo? Falo com elas direto e é muito legal, porque acabamos sendo referência para outras meninas. Viver a seleção com elas é a melhor sensação. Também falo muito com as atletas do sub-20, sempre olho o que elas fazem e como se comportam em campo.

Vocês falam da Copa 2027? Não chego a pensar muito. Ainda tenho 16 anos, então se não for em 2027, que ainda está distante, espero ir em outras. Mas ainda está cedo. Tem Copa do Mundo sub-17, sub-20. Quero dar um passinho de cada vez para não enlouquecer.

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