Os fracassos de Luxemburgo após aventura no Real Madrid
Anunciado pelo Sport, treinador está há quase um ano desempregado e não conquista um título desde 2011
O Sport Recife decidiu apostar na experiência e dar uma nova chance ao técnico Vanderlei Luxemburgo para a disputa do Campeonato Brasileiro de 2017. O treinador de 65 anos é o recordista de títulos do torneio (venceu cinco vezes, em 1993, 1994, 1998, 2003 e 2004) – empatado com Lula, técnico do Santos na década de 60 – e tem no currículo passagens pela seleção brasileira e pelo galático Real Madrid. Mas foi justamente após a curta aventura na capital espanhola, em 2005, que a carreira de Luxemburgo desandou. Desde então, o técnico que revolucionou o futebol brasileiro na década de 90 conseguiu apenas alguns títulos Estaduais e colecionou fracassos em seus projetos. Seu último trabalho foi na segunda divisão chinesa e seu último título em 2011. Relembre a trajetória de Luxemburgo nos últimos 12 anos.
Real Madrid (2005)
Luxemburgo foi contratado pelo maior campeão europeu logo após a conquista do Brasileirão de 2004 pelo Santos. Se destacou nos primeiros meses, apesar das dificuldades com o idioma, mas entrou em atrito com o presidente Florentino Pérez após derrota para o Barcelona com show de Ronaldinho e, sobretudo, depois de substituir o atacante Ronaldo, fato que desagradou torcida e diretoria. Luxemburgo deixou o Real com 28 vitórias, sete empates e dez derrotas em 45 jogos, e nenhum título conquistado.
Santos (2006 – 2007)
Luxemburgo ainda teria temporadas de destaque no futebol paulista antes de iniciar sua derrocada. De volta à Vila Belmiro, conquistou os Estaduais de 2006 e 2007 e foi vice-campeão do Brasileirão de 2007, mas parou na semifinal da Libertadores, o grande objetivo do clube naquele momento. Deixou o Santos no fim do ano por discordâncias com a diretoria. Na época, disse ter propostas de um clube inglês, mas acabaria fechando com o Palmeiras.
Palmeiras (2008 – 2009)
De volta ao clube pelo qual conquistou dois Campeonatos Brasileiros (1993 e 1994), Luxemburgo montou uma boa equipe, com destaque para Valdivia, Diego Souza, Keirrison, Kleber e Alex Mineiro no ataque, e encerrou um longo jejum no Palmeiras com a conquista do Paulistão de 2008. Terminou em quarto no Brasileirão e, no ano seguinte, foi demitido por “quebra de hierarquia” por criticar a diretoria sobre a negociação de Keirrison com o Barcelona. Foi nesta época que Luxemburgo começou a ser criticado por uma suposta falta de foco na profissão e vício em pôquer.
Santos (2009)
Luxemburgo retornou ao Santos para a disputa do Brasileirão e tinha a missão de lapidar a joia do clube chamada Neymar. O treinador chegou a deixar o jovem de 17 anos – a quem chegou a chamar de “filé de borboleta” por sua fragilidade física – muitas vezes na reserva, alegando que Neymar não tinha maturidade para ser titular absoluto. O Santos terminou o Brasileirão em 12º e Luxa deixou o clube novamente por divergências com a diretoria recém-eleita.
Atlético-MG (2010)
Campeão brasileiro com o Cruzeiro em 2003, Luxemburgo voltou a Belo Horizonte para defender a metade alvinegra da cidade. No Galo, conquistou mais um título Estadual, mas o time não conseguiu manter o ritmo no Brasileirão. Foi demitido em setembro, após goleada por 5 a 1 para o Fluminense, com o Atlético em 18º, na zona de rebaixamento. Sem ele, o time terminaria em 13º.
De volta ao clube do coração e pelo qual atuou como jogador na década de 70, Luxemburgo fez seu último trabalho mais longo. Conseguiu salvar o Flamengo do rebaixamento no Brasileirão de 2010 e, em 2011, conquistou o título carioca de forma arrasadora, com time que tinha Ronaldinho Gaúcho como estrela maior. Foi justamente um desentendimento com o camisa 10 e também com a diretoria que levou à sua demissão, em fevereiro de 2012. Ele deixou a Gávea com 34 vitórias, 14 derrotas e 11 empates em 59 jogos.
Grêmio (2012 – 2013)
Em Porto Alegre, Luxemburgo fez boa campanha no Brasileirão, terminando na terceira colocação, mas fracassou nos confrontos de mata-mata. Em 2013, se envolveu em briga no jogo contra o chileno Huachipato, pela Libertadores, e foi suspenso por seis jogos na competição sul-americana. Foi demitido pouco depois, em acordo amigável com a diretoria.
Fluminense (2013)
Pouco depois, Vanderlei Luxemburgo aceitou proposta do Fluminense para a disputa do Brasileirão. O time fez fraca campanha e o treinador foi demitido ainda novembro, magoado com a diretoria que havia prometido bancá-lo até o fim do torneio. Em 26 jogos, somou sete vitórias, nove empates e dez derrotas. O Fluminens só escapou do rebaixamento naquele ano graças à punição do STJD à Portuguesa pela escalação irregular do meia Héverton.
Flamengo (2014 – 2015)
Após um semestre inativo e já em descrédito com a maioria dos clubes, Luxemburgo recebeu nova chance do seu amado Flamengo, então brigando para não cair no Brasileirão. O time rubro-negro reagiu e terminou em 10º, além de ter chegado à semifinal da Copa do Brasil. Em 2015, foi suspenso por fazer duras críticas à federação carioca (e depois apareceu amordaçado em uma entrevista). Foi demitido ainda na terceira rodada do Brasileirão.
Cruzeiro (2015)
Menos de duas semanas depois de deixar o Flamengo, Luxemburgo já iniciava sua segunda passagem pelo Cruzeiro. O trabalho, porém, durou pouco mais de um mês. Foi demitido após 19 jogos, com dez derrotas, três empates e seis vitórias.
Tianjin Quanjian (2016 – 2016)
Na China, Luxemburgo sofreu mais um fracasso retumbante. Foi contratado com a missão de guiar o emergente Tianjin Quanjian à primeira divisão, e recebeu atletas de peso, como Luis Fabiano, Jadson e Geuvânio, mas foi demitido menos de seis meses depois com o time bem longe da zona de acesso. Luxemburgo acusou os dirigentes chineses de complô e denunciou a existência de combinação de resultados na liga local. Com o italiano Fabio Cannavaro em seu lugar, o Tianjin reagiu de forma espetacular e foi campeão da Série B chinesa.