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Os 11 grandes momentos da Olimpíada de Tóquio

Uma lista de cenas e resultados que ficarão para sempre na história dos Jogos

A coragem libertadora de Simone Biles

Lembraremos da coragem de uma supercampeã para quem a vida vale mais do que a pressão de ser a melhor de todas. Eis o que disse Simone Biles, ao desistir de competir pelo time americano; no individual geral e em três aparelhos (ela disputou apenas a trave, no individual, e ficou com o bronze): “Eu não sei como eu estou me sentindo agora. Eu só preciso voltar para casa e trabalhar em mim mesma, me sentir ok com tudo o que está acontecendo, processar tudo enquanto estou aqui. Foi a parte mais difícil disso tudo. Eu estava ok por perder as finais porque sabia que, fisicamente, eu não poderia fazer isso. Mas eu precisava entender por que o meu corpo e minha mente não estavam em sincronia. O que aconteceu? Eu estava muito cansada? Por que os cabos não se conectavam? Eu treinei a minha vida toda, eu estava pronta, mas algo aconteceu fora do meu controle. Mas, no fim do dia, a minha saúde importa mais do que qualquer medalha”.

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A ginasta Simone Biles, dos Estados Unidos, durante os Jogos Olímpicos de Tóquio - -
A ginasta Simone Biles, dos Estados Unidos, durante os Jogos Olímpicos de Tóquio – – Loic Venance/AFP

A fraternidade no topo do pódio

No salto em altura, o italiano Gianmarco Tamberi, 30 anos, e Mutaz Essa Barshim, 29 anos, do Catar, decidiram dividir o ouro. Ambos superaram o sarrafo em 2m37. Havia a possibilidade de haver um único vencedor, se tentassem passar o 2m39. Erraram no primeiro salto e decidiram não tentar mais. “Não podemos ter dois ouros?” perguntou o atleta do Catar. “É possível se vocês dois decidirem”, respondeu o oficial, levando Barshim a estender a mão ao italiano que rapidamente retribuiu. O bronze ficou com Maksim Nedasekau, de Belarus, que alcançou a mesma marca, mas perdeu no desempate de outros saltos – demorou um pouquinho mais para chegar à marca dos campeões.

Tokyo (Japan), 02/08/2021.- Joint gold medalists Mutaz Essa Barshim (L) of Qatar and Gianmarco Tamberi of Italy during the medal ceremony for the Men's High Jump at the Athletics events of the Tokyo 2020 Olympic Games at the Olympic Stadium in Tokyo, Japan, 02 August 2021. (Salto de altura, Italia, Japón, Tokio, Catar) EFE/EPA/FRANCK ROBICHON
Campeões: Mutaz Essa Barshim coloca a medalha em Gianmarco Tamberi Franck Robichon/EFE

Quando o recorde mundial não valeu ouro…

A corrida dos 400 metros com barreiras masculino foi uma das grandes provas de todos os tempos na história do atletismo em olimpíadas. O norueguês Karsten Warholm, de 25 anos, que cresceu para ser um decatleta, fulminou seu próprio recorde mundial, com 45s94. O americano Rai Benjamin foi o segundo, com 46s17 – tempo que eclipsaria a marca anterior de Warholm, mas foi insuficiente para o ouro. O terceiro lugar ficou com o brasileiro Alison dos Santos, o Piu, com 46s72, novo recorde sul-americano e quarto melhor tempo da história. Dos sete velocistas que ficaram atrás de Warholm, cinco bateram recordes nacionais. É prova para ser vista e revista quatrocentas vezes.

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O brasileiro Alison dos Santos em ação na prova dos 400m com barreiras -
O brasileiro Alison dos Santos em ação na prova dos 400m com barreiras – Gaspar Nóbrega/COB

… e quando o recorde mundial continuou a não valer ouro

Nos 400 metros com barreiras feminino, um outro espanto inesquecível, e só entra nessa lista depois do masculino por ter ocorrido alguns dias depois, na Olimpíada de Tóquio. A americana Sydney McLaughlin, de 21 anos, fez evaporar seu próprio recorde mundial em 0.44 segundos, ao cravar 51s46. A segunda colocada, a também americana Dalilah Muhammad cravou 51s58. Ela também superou o antigo recorde de Sydney, mas foi insuficiente para o ouro.

USA's Sydney Mclaughlin (R) wins the women's 400m hurdles final ahead of USA's Dalilah Muhammad setting a new world record during the Tokyo 2020 Olympic Games at the Olympic Stadium in Tokyo on August 4, 2021. (Photo by Jewel SAMAD / AFP)
Sydney Mclaughlin e Dalilah Muhammad Jewel SAMAD/AFP

O silêncio nos estádios

E não há mais nada a dizer, na Tóquio da pandemia, sem torcida, nem mesmo a de japoneses, por compulsória cautela sanitária.

Tokyo (Japan), 21/07/2021.- Players of Spain (L) and Japan (R) line up ahead of the men's soccer semi final match between Japan and Spain at the Tokyo 2020 Olympic Games in Saitama, Japan, 03 August 2021. (Japón, España, Tokio) EFE/EPA/KIYOSHI OTA
Jogadores de Japão e Espanha perfilados no estádio vazio, em Saitama – Kiyoshi Ota/EFE

Oito vezes olímpica

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A ginasta Oksana Chusovitina, do Uzbequistão, fez sua oitava Olimpíada seguida. Ela tem 46 anos de idade. Ela já era a ginasta mais velha a disputar uma edição de Jogos Olímpicos e ampliou em cinco anos o recorde. Foi ovacionada pelos atletas e treinadores que acompanhavam a prova do salto no Centro de Ginástica Ariake, em Tóquio. Não conseguiu vaga na final do aparelho. E daí? Oksana tem duas medalhas olímpicas. Um ouro por equipes, em 1992, disputado pela União Soviética, e uma prata no salto, em Pequim-2008, com a bandeira da Alemanha, que oferecera abrigo e tratamento da leucemia do filho pequeno. Há alguns anos, ela começou a defender as cores uzbeques. A brasileira Rebeca Andrade, ouro no salto, nasceu sete anos depois da primeira vez que Oksana participou dos Jogos.

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Uzbekistan's Oksana Chusovitina poses after competing in the artistic gymnastics vault event of the women's qualification during the Tokyo 2020 Olympic Games at the Ariake Gymnastics Centre in Tokyo on July 25, 2021. (Photo by Loic VENANCE / AFP)
A ginasta Oksana Chusovitina, do Uzbequistão – Loic Venance/AFP

… e por falar em Rebeca

O ouro veio no salto. Mas o que se eternizou foi o Baile de Favela do solo, ao vencer a prata no individual geral. Nunca antes um atleta brasileiro, mulher ou homem, tinha conseguido ouro e prata numa mesma Olimpíada.. “Que ela veio quente e hoje eu tô fervendo, que ela veio quente e hoje eu tô fervendo”, no refrão do McJoão.

Rebeca Andrade durante sua performance em frente ao júri da competição -
Rebeca Andrade durante sua performance em frente ao júri da competição – Jonne Roriz/COB

A venezuelana que superou recorde mundial mais velho que ela

Yulimar Rojas nasceu em Caracas no dia 21 de outubro de 1995, dois meses depois de a ucraniana Inessa Kravets quebrar o recorde mundial do salto triplo. No dia primeiro de agosto, em Tóquio, Yulimar saltou 15,67 metros, superando uma marca que era mais velha que ela em 17 centímetros. Foi também a primeira medalha de ouro de uma venezuelana em Jogos Olímpicos.

Venezuela's Yulimar Rojas competes in the women's triple jump final during the Tokyo 2020 Olympic Games at the Olympic Stadium in Tokyo on August 1, 2021. (Photo by Andrej ISAKOVIC / AFP)
A venezuelana Yulimar Rojas durante sua performance no salto triplo – Andrej Isakovic/AFP

O jogos de luzes nas finais dos 100 metros

Foi lindo, mágico e emocionante. Nas finais dos 100 metros, os refletores do estádio olímpico de Tóquio foram apagados e um show de luzes foi projetado na pista, com belas imagens e informações sobre os atletas. A criativa ideia, elogio à mais nobre das provas do atletismo, certamente será um dos legados da Olimpíada. Os atletas foram alertados antes do espetáculo de modo a não serem pegos de surpresa e, portanto, poderem manter a concentração.

Athletes (L) wait for the start of the men's 100m final during the Tokyo 2020 Olympic Games at the Olympic Stadium in Tokyo on August 1, 2021. (Photo by Antonin THUILLIER / AFP)
Atletas aguardam o início da final dos 100m, no Estádio Olímpico de Tóquio – Antonin Thuillier/AFP

O ouro por um triz

A brasileira Ana Marcela Cunha levou 1h59m30s para completar o circuito de 10 km da maratona aquática e faturar a medalha de ouro. A segunda colocada, a holandesa Sharon van Rouwendaal, que havia sido ouro na Rio-2016, finalizou a prova em 1h59m31s. A australiana Kareena Lee chegou em terceiro lugar com o tempo de 1h59m32s. Apenas dois segundos separaram o ouro do bronze, algo fantástico em uma prova de longa duração. Foi a medalha mais emocionante do Brasil. Até o peixinho que ficou famoso na fotografia de Jonne Roriz, uma das grandes imagens da Olimpíada, sorriu e andou achando que também mereceria pódio.

COMO UM PEIXE - Ana Marcela, ouro na maratona aquática: “A mulher pode ser o que quiser” -
Ana Marcela, ouro na maratona aquática: “A mulher pode ser o que quiser” – Jonne Roriz/COB

Um cruzado de esquerda para a história

A revista Ring, a mais prestigiada e antiga a respeito da Nobre Arte, definiu o cruzado de esquerda do brasileiro Hebert Conceição no maxilar do ucraniano Oleksandr Khyzniak, que lhe valeu o ouro, como um dos mais espetaculares do boxe em toda a história olímpica. Foi realmente espetacular o nocaute no terceiro round. O boxeador baiano foi o primeiro em 25 anos a vencer uma final olímpica por K.O. O anterior havia sido o do americano David Reid contra o cubano Alfredo Duvergel, em Atlanta-1996.

O cruzado que deu o título a Hebert Conceição diante de Oleksandr Khyzniak -
O cruzado que deu o título a Hebert Conceição diante de Oleksandr Khyzniak – Wander Roberto/COB
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