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Opinião: Messi não tem dívida nenhuma a pagar, Galvão

Narrador disse que o argentino pagou o que devia ao país a cada gol marcado contra o Equador; Galvão está equivocado

O torcedor de futebol costuma ser um sujeito injusto e com memória curta quando a fase do time pelo qual é apaixonado não é boa. Os craques são os mais criticados e acabam pagando pelas frustrações da arquibancada. Nesta terça-feira, Galvão Bueno mais uma vez “vendeu emoção” – como ele mesmo gosta de definir suas narrações – e colocou em Lionel Messi a culpa pelo fiasco argentino nas Eliminatórias da Copa do Mundo. O narrador afirmou que o camisa 10 estava “pagando sua dívida” com a Argentina após cada um de seus três gols contra o Equador. Vitória por 3 a 1, hermanos com vaga garantida no Mundial 2018 e “dívida paga”, certo? Que dívida?!

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Roberto Rivellino saiu escorraçado do Corinthians após a derrota para o rival Palmeiras na final do Campeonato Paulista de 1974, porque a equipe não ganhava sequer um título mesmo com o tricampeão do mundo em campo. Rivaldo cansou de ser vaiado em jogos da seleção no país. Era considerado lento para usar a camisa 10. Tudo isso antes de ser um dos heróis do penta em 2002. Qual era a parcela de culpa dos dois craques no fracasso de suas equipes àquela altura? Difícil definir… Já a importância de Messi para evitar que seu país ficasse fora de uma Copa do Mundo depois de 48 anos aparece nos números.

Contando com os três gols contra o Equador, jogando na altitude de quase 3.000 metros de Quito, o atacante do Barcelona balançou as redes sete vezes nas Eliminatórias e terminou como vice-artilheiro – ao lado de Felipe Caicedo (Equador), Gabriel Jesus (Brasil) e Alexis Sánchez (Chile) e só atrás de Edinson Cavani (Uruguai), que fez 10 gols. O número corresponde a mais de um terço dos 19 gols que o fraco ataque da Argentina marcou em 18 jogos: quase 37%. É simplesmente a maior porcentagem entre todos os jogadores. Isso sem contar as assistências e o infindável número de jogadas criadas. De quebra, tornou-se o maior artilheiro da história das Eliminatórias ao lado de Luis Suárez, com 21 gols.

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Messi foi o coração e o pulmão da equipe  na caminhada rumo à Copa. Principalmente nos últimos jogos, quando a situação caminhava para o desfecho infeliz, e indicava que poderia ficar fora do Mundial. A garra e vontade de vencer demonstradas pelo camisa 10 foram determinantes. Muito ao contrário das frequentes críticas por uma suposta falta de amor pela camisa argentina, por não ter jogado profissionalmente no país e, mais do que isso, por nunca ter dado um título à seleção.

Aos 30 anos, Messi já foi premiado como o melhor do planeta cinco vezes, conquistou tudo o que podia com o Barcelona e é tido por muitos como o melhor da história. O técnico da Argentina Jorge Sampaoli foi cirúrgico após a classificação: “Messi não deve uma Copa do Mundo à Argentina. O futebol deve uma Copa do Mundo a Messi.”

Muitos craques não ganharam uma Copa e isso não manchou suas histórias. O argentino de 1,70 metro não deve nada, Galvão! O torcedor apaixonado é injusto e renega seus ídolos, porque o esporte é passional e o futebol é o mais passional deles. O apaixonado por futebol jamais deveria renegar Messi.

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Messi comemora gol contra o Equador, pelas Eliminatórias da Copa da Rússia, em Quito Edgard Garrido/Reuters
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