O tenista fracassado e filho de pescador por trás do sonho do PSG
Nasser Ghanim Al-Khelaifi é também um magnata que enriqueceu ao se aliar a políticos do Catar e que não mede esforços para levar Neymar à França
Nasser Ghanim Al-Khelaifi. A possibilidade de tirar o atacante Neymar do Barcelona não sai da cabeça deste ex-jogador fracassado de tênis e filho de pescadores que se tornou um dos homens mais ricos e poderosos do mundo. O empresário catari de 43 anos é o diretor-presidente do Paris Saint-Germain que sonha, há anos, em contratar as maiores estrelas do futebol mundial e tornar o clube francês uma potência.
No momento, Al-Khelaifi articula junto ao fundo de investimentos Qatar Sports, da qual também é CEO, a chance de desembolsar cerca de 222 milhões de euros (810 milhões de reais), além dos salários, para pagar a multa rescisória de Neymar (a mais cara de todos os tempos) e levar o craque à capital francesa. Esta seria a grande cartada do jovem magnata, que já se consolidou como um dos mais excêntricos e poderosos cartolas do esporte.
Filho de pescadores, de família modesta, Al-Khelaifi iniciou sua carreira esportiva como um tenista de resultados medíocres no cenário internacional. Ele representou o Catar em disputas da Copa da Davis e, segundo dados da Federação Internacional de Tênis, ganhou apenas 12 partidas e perdeu 39 em sua carreira profissional, encerrada em 2002. Ele chegou a ser 995º colocado no ranking da ATP.
Nasser Al-Khelaifi, porém, tem uma trajetória de enorme sucesso como homem de negócios no Catar. Próximo do emir do país, Tamim ben Hamad Al Thani, ex-dirigente da Autoridade de Investimento do Catar (o fundo soberano do país), Al-Khelaifi tornou-se político e depois empresário. Foi presidente do grupo de mídia beIN, canal esportivo que arrebatou os direitos de transmissão de grandes campeonatos.
Em 2011, foi nomeado presidente do PSG, logo após a compra do clube pelo fundo catari. A desconfiança em torno de sua gestão foi pouco a pouco diminuindo até quase desaparecer aos olhos dos torcedores mais fanáticos quando o dirigente decidiu reintroduzir as torcidas organizadas, as “ultras”, do Paris Saint-Germain. Banidas das arquibancadas do estádio Parque dos Príncipes por violência e extremismo político, voltaram no ano passado e agradecem o resgate ao empresário.
Habilidoso na contratação de estrelas como Zlatan Ibrahimovic e Ángel Di María, Nasser Al-Khelaifi foi eleito em 2015 pela rede ESPN a sétima personalidade mais influente do futebol mundial, mas perdeu um pouco de prestígio na sequência. Depois de apostar alto na contratação de Unai Emery como treinador, o Paris Saint-Germain amargou o vexame da eliminação para o Barcelona do Camp Nou em humilhante 6 a 1, revertendo a vitória de 4 a 0 em Paris.
Em junho, após a nomeação de novo diretor esportivo, Antero Henrique, Nasser Al-Khelaifi chegou a insinuar possível demissão do cargo. Mas um mês e meio depois a ambição de tornar o clube campeão da Europa parece ainda estimulá-lo. Depois de contratar mais uma estrela brasileira, o lateral-direito Daniel Alves, para a equipe, Nasser Al-Khelaifi agora estaria negociando pessoalmente os detalhes da eventual transferência de Neymar.
A questão agora é como equacionar a fortuna necessária para as contratações sem ferir as normas de ‘Fair-Play Financeiro’ imposto pela Uefa. A regra visa impedir que os clubes da Europa acumulem dívidas e estabelece que nenhuma equipe poderá gastar 5 milhões de euros a mais do que arrecada durante um período de avaliação de três anos. O valor pode subir para 30 milhões de euros entre 2015 a 2018, caso os donos de determinado clube possuam patrimônio suficiente para garantir o pagamento da dívida (o que é o caso).
Além disso, há outra espécie de “brecha” que poderia permitir a chegada de Neymar ao clube francês: um eventual aporte financeiro da empresa Qatar Sports Investment (QSI), em forma de “doação” ao clube. Outro caminho especulados seria a renegociação dos contrato do PSG com a companhia aérea Emirates, que rende até 28 milhões de euros (102,2 milhões de reais) por ano, e com a Nike, que paga 23 milhões de euros (83,9 milhões de reais) por ano.
(com Estadão Conteúdo)