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O novo velho Anderson: o que esperar dele em Las Vegas?

Cinco meses depois de ser nocauteado por Weidman, o ex-campeão afia seu jogo para reconquistar o cinturão na revanche do dia 28. Ele prometeu mudar para vencer – mas não deverá abrir mão de algumas de suas melhores armas

Anderson Silva e sua equipe não revelam o plano de jogo, mas a estratégia deve ser atacar mais o oponente, apostando quase todas as fichas no muay thai, uma de suas artes marciais favoritas

Depois de ser nocauteado pelo americano Chris Weidman, em 7 de julho, em Las Vegas, Anderson Silva disse que não lutaria mais pelos cinturão dos médios, mas mudou de opinião após uma longa negociação com Dana White, presidente do UFC, que insistia em promover a revanche. Antes mesmo de começar a treinar para esse desafio, o brasileiro adotou o discurso de que voltaria ao octógono com uma postura diferente. Seria “um novo Anderson Silva”, pronto para retomar o cinturão da categoria, que ele chama de “patrimônio nacional”. Em meio à contagem regressiva para a luta, porém, a grande dúvida é sobre qual Anderson Silva subirá ao octógono. Ele continuará abusando da esquiva e lutando com a guarda baixa, sua principal característica desde que estreou no torneio em 2006? Como ele vai conseguir provocar Weidman, para tentar tirá-lo do sério e abalar seu lado psicológico? Trancafiado em sua academia em Torrance, nos arredores de Los Angeles, Anderson Silva e sua equipe passam os dias treinando e tentando aperfeiçoar a estratégia para o próximo desafio contra Weidman, em 28 de dezembro, em Las Vegas, uma luta que pode definir o futuro do brasileiro que se transformou no grande nome do MMA no mundo. O UFC 168 será o último de 2013, e já tem uma bilheteria garantida de 5,3 milhões de dólares. A luta será transmitida pela TV Globo, mas com pelo menos 30 minutos de atraso.

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Muito criticado pela atitude considerada desrespeitosa em sua primeira derrota no UFC – ao insistir nas provocações com a guarda baixa, acabou sofrendo o primeiro nocaute da carreira -, Anderson Silva tentou, em vão, explicar que aquela postura não era um improviso descuidado: foi tudo parte de sua estratégia, assim como nas outras vezes em que venceu de forma espetacular no octógono, desconcentrando o adversário e aproveitando para liquidar o combate. Mas os fãs, principalmente os brasileiros, não aceitaram as explicações do ídolo e chegaram a levantar a absurda hipótese que ele teria perdido de propósito, para produzir ainda mais dinheiro para o torneio. Mesmo em meio à enxurrada de críticas, Anderson não mudou suas convicções. É certo que ele voltará ao octógono com o mesmo estilo de lutar, tentando deixar Chris Weidman confuso, dançando enquanto o rival tenta estudar seu plano de luta. A dúvida é em relação à dose de provocação – talvez o ex-campeão dos médios decida ser mais comedido (dispensando, por exemplo, o gesto de fingir que está com as pernas bambas, como fez da última vez, pouco antes de ser nocauteado). A guarda baixa, que atrai o oponente e abre caminho para os contra-ataques incomparáveis do Spider, não deve mudar – até porque Anderson quer deixar claro que isso não é questão de excesso de confiança, mas sim tática de luta. Mas, então, o que será diferente dessa vez? Anderson Silva e sua equipe não revelam o plano de jogo, mas a estratégia deve ser atacar mais o oponente, apostando quase todas as fichas no muay thai, uma de suas artes marciais favoritas.

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Um dos sinais mais claros nesse sentido é o fato de Anderson ter planejado uma viagem à Tailândia, o berço da modalidade, para afiar seus golpes de muay thai em meio aos preparativos para a luta (por conflito de agenda, ele acabou desistindo da jornada). As técnicas desse tipo de luta, porém, deverão ser essenciais para o sucesso da estratégia de contragolpear quando Weidman partir para a ofensiva. O Spider sempre se deu ao luxo de não se proteger dos golpes dos adversários porque, com seu timing e precisão impecáveis, conseguia encontrar um raio de ação perfeito e estava sempre pronto para responder com um contra-ataque arrasador. Mas não foi isso que ele fez na última luta – e, aliás, já não vinha fazendo nas passadas. Além de Weidman, Chael Sonnen também não teve problema para encurtar a distância e derrubá-lo, sem nenhum tipo de resistência por parte do brasileiro. O discurso repetido por Anderson Silva depois da derrota comprova que ele deve ser mais agressivo em seu próximo combate. “Meu único erro foi ficar com as pernas paralelas, esperando que ele me golpeasse, mas sem espaço para a esquiva”, avalia. Com envergadura bem parecida com a do adversário, o “novo velho” Spider deve se movimentar mais e ficar atento com a distância para Weidman, apostando nos chutes para deixar o americano fora da zona de ataque. Se o americano conseguir furar esse limite, o brasileiro tentará nocauteá-lo com uma sequência de socos.

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Depois de sofrer duros questionamentos na esteira de sua primeira derrota no UFC, Anderson Silva também mudou em alguns aspectos fora do octógono. Se antes passava quase o tempo todo brincando com os amigos, o ídolo conteve esse lado piadista e mudou seu estilo, pelo menos na fase final de treinos, a etapa decisiva da preparação para a luta. Os treinadores e amigos que o acompanham na Muay Thai College na Califórnia estão impressionados com a concentração e dedicação do atleta de 38 anos. Concentrado nos Estados Unidos para ficar mais tempo com a família, que mora perto de Los Angeles, ele passa a maior parte do dia enfurnado na academia, repetindo os movimentos de treino e aprimorando a preparação física. Espantados com o trabalho incessante do Spider, pessoas próximas chegaram a questionar: será que ele está levando a luta a sério demais? O ex-campeão, porém, logo soltou uma piada e descontraiu o clima. É impossível prever quais serão as mudanças que Anderson Silva está preparando para o dia da revanche – até porque o atleta já deixou de lado a estratégia planejada em diversos de seus combates. O que fica claro para quem acompanha sua preparação é que ele tem a ideia fixa de reconquistar o título. Anderson Silva quer voltar a segurar o cinturão – nem que depois da luta ele o devolva, para anunciar que continuará lutando no UFC, mas apenas em superlutas, sem a pressão de sempre ter de provar que é o melhor da sua categoria, como fez por exatos 2.458 dias, antes de ser derrotado por Weidman. Nesse aspecto, perder fez muito bem para o melhor lutador do mundo, que enfim percebeu como é tênue a linha que separa a vitória da derrota.

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