NFL: o que explica a ida de Tom Brady para o Tampa Bay Buccaneers
Astro de 42 anos decidiu não renovar o contrato com o New England Patriots e aceitou um novo desafio na carreira
Maior astro do futebol americano em atividade, Tom Brady será o novo quarterback do Tampa Bay Buccaneers. A informação divulgada na noite desta terça-feira 17, ainda a ser confirmada pelo time e pelo jogador, pode soar (muito) estranha para o fã mais recente da modalidade, mas está longe de ser improvável. Depois de vinte temporadas vestindo a camisa 12 do New England Patriots e seis anéis do Super Bowl, o americano de 42 anos anunciou que não ficará nos arredores de Boston e está de malas prontas rumo à Flórida, em busca de um novo desafio na carreira.
Mas o que levaria um jogador tão vitorioso a aceitar jogar por um time que há muito não figura entre as principais franquias da liga? Confira a lista com sete curiosidades sobre a chegada de Brady ao Buccaneers e se convença de que, no final das contas, a decisão parece ter sido a melhor possível.
Por que Brady saiu do New England Patriots?
O que faria o principal jogador de um time, o quarterback com mais títulos da história, com cerca de 80% de vitórias em relação ao total de jogos disputados, escolher uma equipe que não conseguiu nem chegar aos playoffs nos últimos 13 anos? A resposta talvez seja o conceito de reinvenção. Criticado por suas atuações na última temporada e com os piores dados estatísticos nos últimos quatro anos, Brady estava em final de contrato com o time de New England e não foi escolhido como o “franchise player” dos Patriots, o único jogador que pode estourar o teto salarial da equipe (e que não pode ser escolhido por nenhuma outra franquia antes ouvir a proposta de seu atual time). Com isso, Tom Brady tornou-se um “free agent”, livre para negociar sua transferência para outra equipe. Os Buccaneers acabaram sendo a melhor escolha (havia outra proposta do Los Angeles Chargers, no estado natal de Brady) porque contam com bons recebedores no elenco e ainda tem 60 milhões de dólares disponíveis na folha para contratar corredores e reforços para a linha ofensiva. É dinheiro mais do que suficiente para montar um bom time em volta de sua grande estrela.
Por que o Buccaneers escolheu Brady?
No último NFL Scouting Combine, em fevereiro, o técnico do Buccaneers Bruce Arians já havia expressado o desejo de contar Tom Brady, sabendo que o titular do New England Patriots estava em final de contrato com a equipe. Jameis Winston, quarterback em Tampa nas últimas cinco temporadas, também estava no final de seu vínculo com o time e há tempos era questionado pelo excesso de interceptações de passe cedidas. A escolha certamente mudará a franquia de patamar, que conta com bons jogadores, mas não consegue chegar aos playoffs da NFL desde 2007.
Ele será o jogador mais bem pago da NFL?
Apesar da fama e do sucesso, Tom Brady nunca esteve no topo da lista dos jogadores mais bem pagos da liga. Em razão das regras de teto salarial da NFL, o americano sacrificou a própria remuneração para abrir espaço na folha do clube, permitindo que os Patriots contratassem outros jogadores de elite para ajudá-lo – não à toa, New England venceu o Super Bowl seis vezes. Para acertar com o Buccaneers, entretanto, o quarterback acertou um contrato de 30 milhões de dólares por temporada. Ainda não está no topo da lista – o quarterback do Seattle Seahawks, Russell Wilson, recebeu 35 milhões como salário na temporada passada –, mas é o maior contracheque da carreira de Brady.
Super Bowl “em casa” aumenta a chance de vitória?
A resposta lógica seria sim, mas a história mostra que não. Nunca uma franquia conseguiu vencer o Super Bowl atuando em seu estádio. Pior, nunca a equipe que cede a sua casa para a realização da final da NFL conseguiu chegar à decisão. Apenas dois times disputaram o jogo nas suas regiões, mas não em seu estádio, e só o San Francisco 49ers venceu (no Super Bowl XIX, jogando no Stanford Stadium e não em sua casa, o Candlestick Park). A “maldição”, como a imprensa americana e os torcedores chamam o fato do time da casa nunca ter levantado a taça, deve ser mais uma fonte de motivação para Brady na temporada.
Dará certo?
É difícil chegar a uma resposta sem fazer um exercício de futurologia. Porém, alguns fatores levam a crer que a aposta de Brady tem tudo, sim, para dar certo. O time de Tampa conta com ótimas armas ofensivas – algo que faltou para o quarterback na última temporada com os Patriots. Alguns analistas americanos consideram que a dupla de recebedores Mike Evans e Chris Godwin é a melhor da NFL. Os Buccaneers ainda contam com O.J. Howard e Cameron Brate na posição de Tight Ends, aqueles recebedores mais altos e fortes, que também podem bloquear com eficiência. O fã dos Patriots se lembra da dupla de sucesso que Brady fez com Rob Gronkowski, um dos maiores atletas da posição. Com tantos alvos, o astro de 42 anos pode fazer uma grande temporada se for bem protegido.
Qual o impacto da contratação?
A temporada ainda está longe de começar, mas a contratação de Brady causou uma agitação na torcida em Tampa. O Buccaneers é dos times com a menor média de público da NFL das últimas temporadas (só está à frente do Cincinnati Bengals). Menos de 12 horas depois do anúncio da chegada do novo quarterback, quase 3 000 fãs da equipe já garantiram os seus carnês para comparecer aos oito jogos da temporada regular que o time fará no estádio Raymond James, casa do Tampa Bay, na Flórida.
Veteranos conseguem prosperar ao mudar de time?
Em 2019, Brady se tornou o quarterback mais velho a vencer um Super Bowl aos 41 anos e seis meses de idade. A mudança de ares passa longe de ser uma aposentadoria e outros ídolos experientes já conseguiram boas campanhas depois de sair dos times onde fizeram história para aceitar novos desafios. Peyton Manning deixou o Indianapolis Colts depois de 14 temporadas e chegou ao Super Bowl em 2013, prestes a completar 37 anos, defendendo o Denver Broncos. O título, entretanto, ficou com o Seattle Seahawks. Os campeões Joe Montana, astro do San Francisco 49ers, e Brett Favre, estrela do Green Bay Packers, também foram para outras equipes (Chiefs e Vikings, respectivamente) e alcançaram finais de conferência. Brady vai em busca do sétimo anel. Alguém duvida que ele pode conseguir?