Neymar se negou a cooperar e investigação foi inconclusiva, diz Nike
Empresa afirma que funcionária relatou assédio sexual em 2018 e, um ano depois, pediu que uma investigação interna fosse aberta; jogador nega
Pouco depois de ser acusada de traição por Neymar, a Nike se pronunciou oficialmente sobre a denúncia de assédio sexual feita por uma de suas funcionárias contra o atacante brasileiro do PSG, revelada na última quinta-feira, 27, pelo jornal americano The Wall Street Journal. A marca americana manteve sua posição de que rescindiu contrato com o atleta pelo fato de ele não ter cooperado com as investigações do caso que, no entanto, foram “inconclusivas”. Neymar, por sua vez, negou assédio e disse que o rompimento com a empresa, que o patrocinava desde a adolescência, se deu por discordâncias de mercado.
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Uma funcionária da Nike, que teve sua identidade preservada, alega que Neymar a forçou a realizar sexo oral nele, em um quarto de hotel de Nova York, na madrugada de 2 de junho de 2016. Por meio de comunicado oficial, a Nike informou que a funcionária relatou o caso pela primeira vez em 2018, mas que, na época, preferiu manter o caso confidencial e evitar uma investigação. Um ano depois, a empregada da Nike mudou de ideia e a empresa decidiu abrir uma investigação interna.
“A Nike ficou profundamente perturbada com as alegações de assédio sexual feitas por uma de nossas funcionárias contra Neymar Jr. O suposto incidente ocorreu em 2016 e foi oficialmente relatado à Nike em 2018. A funcionária se apresentou para compartilhar sua experiência em um fórum, criado pela liderança da Nike, para proporcionar um ambiente seguro no qual os funcionários atuais e antigos possam compartilhar confidencialmente suas experiências e preocupações. Desde o início, tratamos as alegações da funcionária e sua experiência com grande seriedade” afirmou a empresa.
“Quando a funcionária retransmitiu suas alegações pela primeira vez à liderança da Nike em 2018, ela o fez apenas com garantias de confidencialidade. Mesmo a Nike estando preparada e pronta para investigar naquele momento, a Nike respeitou o desejo inicial da funcionária de manter o assunto confidencial e evitar uma investigação. Como seu empregador, tínhamos a responsabilidade de respeitar sua privacidade e não acreditávamos que fosse apropriado compartilhar essas informações com as autoridades policiais ou terceiros sem o consentimento da funcionária”, prosseguiu.
“Em 2019, quando a funcionária posteriormente manifestou interesse em prosseguir com o assunto, agimos imediatamente. A Nike solicitou uma investigação independente e contratou um advogado independente para a funcionária, de sua escolha e às custas da empresa. A investigação foi inconclusiva. Não emergiram fatos suficientes que nos permitam falar substancialmente sobre o assunto. Seria inapropriado para a Nike fazer uma declaração acusatória sem poder oferecer fatos que a suportem. A Nike encerrou sua relação com o atleta porque ele se recusou a cooperar em uma investigação de boa-fé de alegações críveis de uma funcionária. Continuamos respeitando a confidencialidade da funcionária e reconhecemos que essa tem sido uma longa e difícil experiência para ela”, concluiu a empresa.
Neymar cita ‘traição’
Concentrado com a seleção brasileira na Granja Comary, em Teresópólis (RJ), Neymar também se posicionou oficialmente, por meio de sua assessoria e em uma postagem no Instagram. O jogador de 29 anos disse ter se sentido traído pela marca americana, com quem mantinha contrato desde os 13 anos.
“Eu realmente não entendo como uma empresa séria pode distorcer uma relação comercial que está apoiada em documentos. As palavras escritas não podem ser modificadas. Elas sim são muito claras. Não deixam dúvidas! Desde os meus 13 anos, quando assinei meu primeiro contrato, sempre fui alertado: não fale sobre os seus contratos! Contratos são sigilosos!”, iniciou Neymar em seu desabafo no Instagram.
“Contrariar essa regra e afirmar que o meu contrato foi encerrado porque não contribuí de boa-fé com uma investigação, isso é absurdo, mentiroso. Mais uma vez sou advertido que não posso comentar em público. Indignado vou obedecer! Mas a matéria do WSL é muito clara. Em 2016 parece que já sabiam desse acontecimento. Eu não sabia! Em 2017 viajei novamente para os EUA para campanha publicitária, com as mesmas pessoas, nada me contaram, nada mudou! Em 2017, 2018, 2019 fizemos viagens, campanhas, inúmeras sessões de gravação. E nada me contaram”, prosseguiu.
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“Um assunto com tamanha gravidade e nada fizeram. Quem são os verdadeiros responsáveis? Não me deram a oportunidade de me defender. Não me deram a oportunidade de saber quem é essa pessoa que se sentiu ofendida. Eu nem a conheço. Nunca tive nenhum relacionamento. Não tive sequer oportunidade de conversar, saber os reais motivos da sua dor. Essa pessoa, uma funcionária, não foi protegida. Eu, um atleta patrocinado, não fui protegido. Até quando?”, desabafou.
Por fim, Neymar ressaltou que, apesar de ter firmado contrato com a Puma, seguirá estampando a marca da Nike no peito, já que a empresa americana é a patrocinadora oficial da seleção brasileira e também do PSG. “Ironia do destino, continuarei a estampar no meu peito uma marca que me traiu. Essa é a vida! Sigo firme e forte acreditando que o tempo, sempre esse cruel tempo, trará as verdadeiras respostas. Fé em Deus!”
Estafe de Neymar cita motivos comerciais
Mais cedo, a empresa que gerencia a imagem do atacante do PSG também negou as acusações. “Neymar Jr e Nike encerraram o relacionamento por motivos comerciais, o que vinha sendo discutido desde 2019, nada relacionado a esses fatos noticiados. É muito estranho um caso que supostamente teria acontecido em 2016, com alegações de um funcionário da Nike, venha à tona somente nesse momento”, diz um dos trechos da nota.
A nota diz ainda que Neymar “ao longo desses cinco anos, nunca foi diretamente acusado e processado pela funcionária da Nike” e que, por ora, não apresentará documentos sobre a rescisão por “questões óbvias de estrito sigilo e confidencialidade”. A PLACAR, o pai e empresário de Neymar citou que reclamações do Neymar sobre seus modelos de chuteira, que estariam causando suas recorrentes lesões, e atrasos de salário, foram o motivo a rescisão.
Neymar era um dos atletas mais bem pagos pela Nike quando o contrato foi encerrado, em agosto de 2020. Cerca de duas semanas depois do rompimento, a Puma anunciou acordo de patrocínio com o jogador. Na nota, Neymar cita outra acusação de assédio, feita pela modelo Najila Trindade, em 2019. O caso foi arquivado – tanto a denúncia de assédio por parte do atleta quanto às de caluniosa e extorsão contra Najila.