Neymar pode reforçar time dos ‘vira-casacas’ de Barcelona e Real Madrid
Ao longo da história, diversas estrelas ousaram mudar de lado no clássico espanhol; e a maioria delas se deu bem
A novela envolvendo o destino de Neymar continua, com Real Madrid e Barcelona na briga para tirá-lo do Paris Saint-Germain. O desejo do atacante brasileiro é retornar ao clube catalão, onde formou um trio de ataque histórico, o MSN, com Lionel Messi e Luis Suárez. Mas, diante de uma complicadíssima negociação, Neymar já considera a hipótese de vestir a camisa branca do rival Real Madrid e com isso integrar o estrelado time dos “vira-casacas” do clássico espanhol. Há na lista dois brasileiros e ambos tiveram sucesso em ambas as praças: Evaristo de Macedo e Ronaldo.
Apesar de ser disputado pelas duas diretorias, Neymar está longe de ser uma unanimidade. Segundo uma pesquisa feita pelo jornal catalão Mundo Deportivo, 71,2% dos sócios do Barcelona não querem o retorno de Neymar. O brasileiro também foi preterido por 59,7% de fãs do Real Madrid, em enquete realizada com mais de 137.000 pessoas, divulgada pelo diário As.
Neymar chegou à Catalunha em 2013 com status de estrela e foi vestindo azul e grená que viveu seu melhor momento no futebol, ao erguer duas taças do campeonato nacional e uma da Liga dos Campeões e do Mundial de Clubes, em 2015. Ele, porém, decidiu trocar a idolatria no Barcelona pela fortuna (seu passe custou o valor recorde de 222 milhões de euros) e pelo protagonismo oferecidos pelo PSG.
Sua transferência irritou torcedores do Barcelona, sentimento que deve ser amplificado caso Neymar se apresente no Santiago Bernabéu. O ódio contra ele, porém, não deve superar àquele demonstrado contra o meia português Luís Figo, que mudou-se diretamente de Barcelona a Madri em 2000. Relembre os principais ‘vira-casaca’ do clássico espanhol:
Alfredo Di Stéfano
Considerado por muitos como o maior jogador da história do Real Madrid, o argentino naturalizado espanhol Alfredo Di Stéfano é o mais emblemático ‘vira-casaca’ e, inclusive, foi fundamental para o acirramento da rivalidade entre os clubes. A “Flecha Loira” chegou à Espanha em 1953 para atuar no Barcelona, então o clube mais vencedor do país, que o comprara junto ao dono de seu passe, o River Plate. O Real Madrid, porém, também entrou na briga e alegou ter um acordo com o Millionários, da Colômbia, equipe atual de Di Stéfano. A disputa foi parar nos tribunais e o ministério dos esportes apresentou uma solução: o craque jogaria dois anos em cada time, de forma alternada. O Barcelona não concordou com a decisão e, depois de alguns amistosos na Catalunha, Di Stéfano acabou optando pela capital. Vestindo branco, o argentino conquistou nada menos que oito ligas espanholas e cinco Ligas dos Campeões, ajudando a transformar o Real Madrid no maior clube da Europa.
Evaristo de Macedo
O atacante carioca, então ídolo do Flamengo, foi um dos primeiros brasileiros a se aventurar no futebol europeu e também o primeiro a atuar e conquistar títulos nos dois gigantes espanhóis. Evaristo fez história no Camp Nou: chegou em 1957 e conquistou duas ligas e uma Copa do Rei, num período em que o Real Madrid dominava a Europa. Seus gols mais recordados foram justamente no clássico. Marcou três diante do Real Madrid em uma goleada por 4 a 0 em 1958 e, três anos depois, fez, em uma acrobática cabeçada, o gol que eliminou o atual campeão pentacampeão da Liga dos Campeões na primeira fase. Brigado com a diretoria, Evaristo, hoje com 86 anos, trocou o Barcelona pelo Real Madrid em 1962, e levantou mais três taças da liga, mas sofreu com lesões e fez apenas seis gols em 19 jogos. Consagrado na Espanha, retornou ao Flamengo, onde encerrou a carreira como uma das lendas de sua geração.
Ronaldo
Ronaldo teve uma breve, porém avassaladora passagem pelo Barcelona. Contratado junto ao PSV em 1996, marcou 47 gols – incluindo o mais espetacular de sua carreira, enfileirando zagueiros do Compostela – em 49 jogos e faturou a Copa do Rei, a Copa Uefa (atual Liga Europa) e a Supercopa Europeia, além de seu primeiro troféu de melhor do mundo, com apenas 20 anos. Para tristeza da torcida, porém, o camisa 9 se transferiu já no ano seguinte para a Inter de Milão, onde ganhou o apelido de “Fenômeno”. Ronaldo, então, retornou à Espanha em 2002, logo depois da conquista do pentacampeonato com a seleção brasileira, para integrar a equipe galáctica do Real Madrid. Em quatro temporadas e meia na capital, Ronaldo conquistou uma liga espanhola, um Mundial de Clubes e uma Supercopa da Espanha, e marcou 104 gols em 177 jogos. Até hoje, Ronaldo mantém um vínculo maior com o Real Madrid.
Luis Figo
O meio-campista português foi o primeiro – e também o mais controverso – “galático” contratado pelo presidente do Real Madrid, Florentino Pérez. Figo era um ídolo na Catalunha, onde conquistou o bicampeonato espanhol, em 1998 e 1999, e da Copa do Rei, 1997 e 1998, quando chocou o mundo ao acertar com o maior rival por 60 milhões de euros, a transação mais cara da história na ocasião. Tratado como um traidor, o meia foi recebido com enorme hostilidade a cada visita ao Camp Nou. Numa delas, a torcida do Barcelona atirou uma cabeça de porco no momento em que Figo bateria um escanteio. No Real Madrid, no entanto, o jogador seguiu conquistando títulos: foram dois Campeonatos Espanhóis, uma Liga dos Campeões e um Mundial de Clubes, além do troféu de melhor do mundo em 2001.
Luis Enrique
Se Figo provocou a ira dos catalães, Luis Enrique experimentou o caminho inverso quatro anos antes. O atacante atuou por cinco temporadas e conquistou três títulos pelo Real Madrid até que em 1996 causou enorme confusão ao assinar com o Barcelona, pelo qual se consagrou como atleta e treinador. Em campo, Luis Enrique faturou dois títulos espanhóis e duas Copas do Rei até encerrar a carreira em 2004. Como técnico, foi além ao levantar uma Liga dos Campeões, um Mundial de Clubes, duas ligas e três Copas do Rei, entre outras taças.
Michael Laudrup
O elegante meia dinamarquês chegou ao Barcelona em 1989 após anos de sucesso no futebol italiano e se tornou peça importante do histórico “Dream Team” montado pelo técnico Johan Cruyff. Na Catalunha, conquistou quatro ligas e uma Liga dos Campeões. Laudrup, porém, deixou o clube de forma conturbada em 1994 rumo ao rival Real Madrid, onde não conseguiu repetir os anos de glória.
Samuel Eto’o
O goleador camaronês fez história no Barcelona como um dos grandes parceiros de Ronaldinho Gaúcho, mas iniciou sua trajetória no rival. Eto’o chegou ao Real Madrid aos 16 anos, mas, sem espaço na equipe “galáctica”, foi emprestado a clubes como Leganés, Espanyol e Mallorca. Em 2004, o craque africano ganhou sua grande chance na Catalunha, onde pôde “se vingar” do Real Madrid. Conquistou três títulos nacionais e duas Ligas dos Campeões, além de ter brilhado em diversos clássicos.
George Hagi
Gheorghe Hagi, grande nome da história do futebol da Romênia, também vivenciou a rivalidade em ambos os lados. O meia canhoto jogou no Real Madrid entre 1990 e 1992, quando se transferiu ao Brescia, da Itália. Sua consagração veio na Copa do Mundo dos Estados Unidos em 1994, atuação que lhe rendeu a contratação para o Barcelona. Tanto no Real Madrid quanto no Barcelona, Hagi conquistou a Supercopa da Espanha.
Bernd Schuster
O meio-campista alemão chegou ao Barcelona em 1980 e marcou época durante oito temporadas. Em 1985, Schuster ajudou o time a conquistar a liga espanhola quebrando um jejum de 11 anos. Ao final de seu contrato em 1988, no entanto, ele aceitou o desafio de atuar no maior rival e conquistou dois títulos nacionais pelo Real Madrid, onde voltaria a trabalhar como técnico, entre 2007 e 2008.
Javier Saviola
O atacante argentino foi o último a vestir as duas camisas – e não conseguiu grande êxito com nenhuma delas. Saviola chegou ao Barcelona em 2001 como uma das grandes joias da história do River Plate, mas sofreu em um período de dificuldades da equipe catalã. Encostado no time, foi emprestado ao Monaco e ao Sevilla, onde conquistou seus primeiros títulos na Europa, e chegou a ganhar novas chances no Barcelona em 2006. No ano seguinte, o Real Madrid viu nele uma oportunidade de mercado e na capital Saviola colocou em seu currículo o título da liga espanhola de 2008, apesar de também ter jogado pouco, até ser negociado com o Benfica.