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Não é só o torcedor: até técnicos são acusados de racismo

Francês Sagnol e russo Gamula criam mal-estar com declarações controversas

“Já temos atletas de cor escura em número suficiente. Temos seis dessas coisas aqui”, disse o russo Igor Gamula

A Uefa tem distribuído punições rigorosas aos clubes cujos torcedores ofendem atletas com provocações racistas nas partidas válidas pelas principais competições europeias. Os seguidores dos times do continente, porém, não são os únicos que têm tratado os jogadores negros de forma questionável. Nesta semana, dois técnicos de equipes de primeira divisão – um do país-sede da próxima Eurocopa, outro do país-sede da próxima Copa do Mundo – provocaram forte mal-estar em seu meio por causa de declarações controversas sobre os atletas africanos. Em ambos os casos, os treinadores foram muito criticados por suas opiniões discriminatórias, mas o mais provável é que não deverão receber nenhum tipo de punição.

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Na terça, Willy Sagnol, do Bordeaux, disse que os jogadores africanos são pouco inteligentes e que, por isso, precisa sempre ter atletas europeus em seu time. Ex-lateral do Bayern de Munique, Sagnol defendeu a seleção francesa em duas Copas do Mundo, duas Copas das Confederações e uma Eurocopa, sempre ao lado de atletas de origem africana. Ao ser questionado sobre a importância dos jogadores de países africanos na liga francesa, ele disse que eles “não são caros, geralmente estão preparados para o combate e podem ser qualificados de potentes”. E completou: “Mas o futebol não é só isso, é também técnica, inteligência, disciplina. Isso faz falta. Precisamos de nórdicos também, porque eles têm uma boa mentalidade”.

Sagnol tentou se explicar dizendo que “um time de futebol é uma mescla, é como a vida, é como a França – temos zagueiros, atacantes, grandes, pequenos”. O técnico do Bordeaux também afirmou que evitará contratar outros africanos por causa da realização da Copa Africana das Nações, torneio que acontece a cada dois anos, bem no meio da temporada na Europa. “O certo é que enquanto eu for treinador do clube, teremos menos jogadores africanos chegando ao Bordeaux, pois não quero atletas que a cada dois anos somem durante dois meses”, disse o francês em entrevista ao jornal Sud Ouest. Uma ONG que combate a discriminação racial no país pediu à Federação Francesa de Futebol uma punição para Sagnol, mas a entidade não se pronunciou.

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Ebola – Na Rússia, sede do Mundial de 2018, outro técnico está sob pressão depois de falar sobre os atletas africanos de maneira grosseira. Ao responder sobre o interesse do FC Rostov na contratação do camaronês Benoit Angbwa, Igor Gamula afirmou: “Já temos atletas de cor escura em número suficiente. Temos seis dessas coisas aqui”. Gamula também fez piada com a epidemia que tem assombrado o continente africano: “Estou achando que é ebola”, disse, ao comentar a situação de cinco de seus atletas russos que estavam com febre. O meia Moussa Doumbia, por exemplo, é do Mali, país que tem casos registrados da doença. Gamula disse que pediu desculpas a todo o elenco, mas os atletas africanos do time manifestaram abertamente sua insatisfação.

(Com agência France-Presse)

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