Na Argentina, craques voltam por amor à camisa. No Brasil…
Os exemplos de Tevez, que deixou a Juventus na melhor fase de sua carreira para retornar ao Boca, e de outros argentinos contrariam a lógica do futebol brasileiro
“Dinheiro não traz felicidade”, exclamou o atacante argentino Carlos Tevez em seu retorno ao Boca Juniors depois de onze anos. Aclamado por mais de 50.000 torcedores enlouquecidos, incluindo Diego Maradona, em La Bombonera, Tevez contou que recebeu propostas mais vantajosas financeiramente, mas que, aos 31 anos, não via a hora de voltar para o clube do coração. Casos como este vêm se tornando frequentes na Argentina. Também bem-sucedidos na Europa, os meia Lucho González e Pablo Aimar (maior ídolo de Lionel Messi) e o atacantes Javier Saviola retornaram ao país nesta temporada para voltar a vestir as cores do River Plate. No ano passado, o atacante Diego Milito, herói da Inter de Milão na conquista da Liga dos Campeões de 2010, voltou ao Racing, clube que o formou, e comandou o time na conquista do Campeonato Argentino, torneio que não vencia desde 2001 – com o próprio Milito, ainda uma promessa, no ataque.
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O mesmo fizeram Maxi Rodríguez e Gabriel Heinze, do Newell’s Old Boys, e, anos antes, “La Brujita” Verón (campeão da América pelo Independiente em 2009, assim como fez seu pai na década de 60). Do outro lado do Rio da Prata, na semana passada, o uruguaio Diego Forlán, melhor jogador da Copa de 2010, também realizou o sonho de jogar pelo Peñarol, clube pelo qual torcida na infância e seu pai, Pablo, fez história. Todos estes atletas já ultrapassaram a faixa dos 30 anos, mas ainda tinham mercado, seja na Europa ou em ligas mais rentáveis, como China ou Emirados Árabes. No entanto, abriram mão de salários milionários para poder voltar para casa (por quantias mais modestas, mas, claro, jogando nos clubes pelos quais torcem ou são identificados). No Brasil, casos de fidelidade como estes foram vistos com menos frequências nos últimos anos – Juninho Pernambucano no Vasco, Alex no Coritiba, Robinho no Santos, e Kaká e Luis Fabiano no São Paulo são os raros exemplos. Por aqui, é mais fácil lembrar de episódios em que os torcedores ficaram decepcionados ao ver suas crias atuando do lado inimigo.