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MP vai investigar irregularidades em amistoso Brasil x Argentina

Suspeita é que o amistoso de 2010 pode ter sido usado para camuflar pagamentos a Ricardo Teixeira por voto ao Catar, na escolha da sede da Copa de 2022

Procuradores brasileiros vão investigar um amistoso entre Brasil e Argentina para apurar se o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira cometeu alguma irregularidade. O Ministério Público Federal recebeu informações de que o jogo disputado no Catar, em 2010, pode ter usado o sistema financeiro francês para desviar recursos, jamais declarados no Brasil.

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O jogo ocorreu em 17 de novembro de 2010, com a informação original de um pagamento suspeito de 7 milhões de dólares (cerca de 22 milhões de reais), que seria superior às taxas de mercado e ao cachê que a seleção estaria recebendo naquele momento.

A informação também aponta que o amistoso pode ter sido usado para camuflar pagamentos para garantir o voto de Teixeira ao Catar no processo de escolha da sede da Copa do Mundo de 2022. Acusado em Madri de desvio de dinheiro dos jogos da seleção, Teixeira teve uma ordem de prisão emitida na Espanha e a Procuradoria-Geral da República do Brasil já foi informada da solicitação. Brasília já designou um procurador no Rio de Janeiro que ficará encarregado do caso e, ainda nesta semana, deve pedir oficialmente aos espanhóis os detalhes sobre a apuração.

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As suspeitas sobre o clássico sul-americano estarão no radar. A mesma partida já é investigada pelo FBI, que indiciou Teixeira ainda em 2015. A suspeita é de que o dinheiro pago pelo amistoso possa ter sido usado para influenciar os votos dos presidentes das federações do Brasil e da Argentina, Teixeira e Julio Grondona, respectivamente.

Engenharia

O que chama a atenção é a engenharia financeira em uma partida de futebol, organizada pela empresa que detinha parte dos direitos sobre a seleção, a Kentaro. O pagamento pelos custos do jogo foi feito pela Swiss Mideast Finance Group AG, uma empresa na Suíça de propriedade do conglomerado do Catar, a GSSG. O dinheiro, porém, veio de outra empresa, a SMFG.

Ricardo Teixeira será investigado pelo MP brasileiro
Ricardo Teixeira será investigado pelo MP brasileiro Alan Marques/Folhapress

No primeiro momento, a Swiss Mideast deu 6,8 milhões de dólares (cerca de 21,5 milhões de reais) para os custos da partida. Depois, a SMFG pagou mais 8,4 milhões de dólares para a Kentaro garantir a participação de Brasil e Argentina.

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A Kentaro também enviou para uma conta nas Ilhas Cayman a taxa considerada como “normal” para a CBF participar do amistoso, com cerca de 1,1 milhão de dólares. Outros pagamentos ocorridos depois da escolha do Catar ainda não estariam explicados. O então aliado de Teixeira, Sandro Rosell, atuaria como intermediário para os interesses do Catar com as federações sul-americanas, entre elas a CBF. Em junho de 2011, ele transferiu 2 milhões de euros (7,3 milhões de reais) para uma conta em nome da filha de Teixeira, de apenas dez anos de idade.

Na Espanha, a Justiça já prendeu Rosell, acusado de ter criado um “grupo criminoso de dimensões transnacionais” com a participação de Teixeira. Logo depois de ajudar na escolha do país árabe para receber a Copa do Mundo de 2022, Rosell, então presidente do Barcelona, assinou com a obscura Qatar Foundation um acordo de patrocínio para o clube.

(Com Estadão Conteúdo)

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