MP pede a interdição da Arena da Amazônia após acidente
Dois operários morreram no sábado no canteiro – um em queda, outro de infarto
As obras da Arena da Amazônia já tinham registrado um acidente fatal em março deste ano
Depois do segundo acidente fatal na construção da Arena da Amazônia, o Ministério Público do Trabalho pediu a interdição “urgente e imediata” das obras do futuro estádio da Copa do Mundo em Manaus. O pedido foi protocolado ainda no sábado, dia da tragédia, pelos procuradores Maria Nely Bezerra de Oliveira, Renan Bernardi Kalil e Jorsinei Dourado do Nascimento. “O documento requer a imediata interdição de todos os setores da obra da Arena da Amazônia que envolvem atividades em altura, até que seja atestado, mediante laudo detalhado, o atendimento dos requisitos mínimos e das medidas de proteção, sem comprometimento do salário dos empregados”, diz o texto dos procuradores.
Leia também:
Obras de 2014 somam mais mortes que África do Sul-2010
A 6 meses da Copa, 6 palcos atrasados e 6 preocupações
Itaquerão: acidente agrava o aperto causado pelo ‘jeitinho’
Operador de guindaste do Itaquerão ficou 18 dias sem folga
O MP solicitou à Justiça que fixe uma multa diária de 100.000 reais à construtora Andrade Gutierrez, responsável pelas obras, caso a interdição não seja cumprida. “O Ministério Público do Trabalho aguarda decisão da Justiça do Trabalho”, diz o MP, em nota oficial. A construtora anunciou no sábado que as obras seriam paralisadas em “respeito à memória” do operário, mas não indicou se retomaria os trabalhos já neste domingo. Na madrugada de sábado, o operário Marcleudo de Melo Ferreira, natural do Ceará, sofreu uma queda de uma altura de 35 metros quando trabalhava na montagem da cobertura do estádio. Socorrido, foi levado ao pronto socorro ainda com vida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu pela manhã.
No mesmo dia, José Antônio da Silva Nascimento sofreu um infarto enquanto trabalhava no Centro de Convenções do Amazonas, um projeto que está sendo erguido ao lado do estádio. As obras da Arena da Amazônia já tinham registrado um acidente fatal em março deste ano, quando o operário Raimundo Nonato Lima da Costa, de 49 anos, morreu depois de cair de uma altura de cerca de cinco metros. Responsável pelas obras, a construtora Andrade Gutierrez prometeu fazer uma investigação interna para descobrir a causa da morte de Melo Ferreira. Pelo compromisso firmado inicialmente com a Fifa, o estádio teria de ser entregue até o fim deste mês. No entanto, nenhum dos seis estádios ainda incompletos para a Copa será concluído dentro desse prazo.
(Com Estadão Conteúdo)
