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A contragosto, Messi cita questões legais e anuncia que fica no Barcelona

Craque admitiu que seu desejo era deixar o clube, mas disse que “jamais iria aos tribunais contra o clube da minha vida”

Alívio na Catalunha. Uma semana depois de causar furor mundial ao enviar um fax manifestando seu desejo de deixar o Barcelona após 20 anos, Lionel Messi reconsiderou sua posição e, mesmo a contragosto, confirmou nesta sexta-feira, 4, em entrevista ao site Goal, que permanecerá no Camp Nou.

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“Jamais iria aos tribunais contra o clube da minha vida, o que clube que amo e que me deu tudo desde que eu cheguei. Fiz minha vida aqui, o Barça me deu tudo e eu dei tudo a ele, jamais passou pela minha cabeça processar o clube”, justificou o craque argentino, que pretendia deixar o clube de graça, mas enfrentava questões legais.

Seu contrato se encerra em 2021 e a tendência é que o atacante argentino de 33 anos faça uma temporada de despedida, com diversas homenagens – e, muito provavelmente, de mais recordes batidos. Na entrevista concedida em sua casa, em Barcelona, Messi explicou as razões que o levaram a querer sair e deixou claro seu descontentamento com o presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu.

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“Disse ao clube, e sobretudo ao presidente, que queria ir. Falei isso o ano todo, achava que era o momento de dar um passo atrás, que o clube precisava de gente mais jovem e que minha etapa havia terminado (…) Foi um ano muito complicado, sofri muito (…) Não foi só por causa do resultado contra o Bayern, já pensava há algum tempo. O presidente sempre disse que eu poderia decidir se ia ou não ao final da temporada, mas no fim ele acabou não cumprindo sua palavra.”

Abalado pelas últimas eliminações do time na Liga dos Campeões, sobretudo pela última, em goleada por 8 a 2 diante do Bayern de Munique na semifinal, e insatisfeito com o projeto oferecido para a próxima temporada, que inclui a saída de seu melhor amigo, o atacante uruguaio Luís Suárez, Messi cogitou deixar o único clube que defendeu. “Deixamos uma imagem muito ruim. Fiquei mal, não tinha vontade de nada. Queria que o tempo fosse passando para depois esclarecer tudo”, contou ao Goal. 

Messi se disse ferido pelas críticas que recebeu. “Serviu para reconhecer gente falsa a quem eu tinha consideração. Me doeu quando colocaram em dúvida meu amor pelo clube. Por mais que eu saísse, meu amor pelo clube nunca iria mudar. Tive várias chances de sair do clube por dinheiro e sempre disse que minha casa era essa e que não haveria lugar melhor. Mas senti que eu precisava de uma mudança e de novos objetivos.”

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Messi pretendia fazer uso de uma cláusula em seu contrato para mudar de equipe a custo zero – uma versão contrária à do Barcelona, de La Liga e de vários especialistas em direito esportivo. Nesta sexta, o pai e agente do craque, Jorge Messi, rebateu um comunicado de LaLiga e reproduziu sua versão: “Tal e como assinala literalmente a cláusula 8.2.3.6 do contrato firmado entre o jogador e o clube: esta indenização não se aplicará quando a resolução do contrato por decisão unilateral do jogador tenha efeitos a partir da finalização da temporada 2019/2020”.

Em suma, Messi tem contrato com o Barcelona até 2021 e uma cláusula em seu contrato que o liberaria gratuitamente caso tomasse essa decisão antes do fim da temporada 2019/2020. O Barcelona entende que a temporada se encerrava em junho, enquanto Messi, que fez seu último jogo em 14 de agosto, acredita que as mudanças de calendário em razão da pandemia do cornavírus alterariam também o combinado em seu contrato, cuja multa rescisória é de 700 milhões de euros (mais de 4 bilhões de reais), um valor que nenhum clube no mundo seria capaz de bancar.

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“Eles alegam que eu não disse nada antes de 10 de junho, mas nesta época estávamos na metade de todas as competições, não era o momento. O presidente sempre me disse que quando acabasse a temporada eu poderia dizer se queria ir ou não, nunca estipulou uma data”, desabafou Messi que disse que Bartomeu nunca “deu bola” às suas reclamações.

A insegurança jurídica afugentou os clubes mais interessados, como o Manchester City e a Inter de Milão, e fizeram Messi reconsiderar seu desejo de deixar a Catalunha Desde a semana passada, quando torcedores chegaram a invadir o Camp Nou pedindo a renúncia de Bartomeu e clamando pelo “fico” do ídolo, o Barcelona já deixava clara a sua posição de buscar um acordo.

Messi contou que sua esposa e seus filhos choraram muito ao saber de seu desejo de mudar de clube. “Mateo é pequeno e ainda não se dá conta do que significa mudar. Thiago é maior, escutou algo na TV e veio perguntar. Ele não queria saber de mudar de colégio, fazer novos amigos. Ele chorava e pedia para que não fossemos embora. Foi duro, é compreensível, eu passei por isso e foi difícil tomar uma decisão”, disse citando sua mudança de Rosário para Barcelona, aos 13 anos.

O argentino chegou a La Masia, as categorias de base do clube, em 2000 e jamais defendeu outro time em sua carreira. Em 16 anos como profissional, se tornou o maior artilheiro da história do clube com 634 gols e ganhou 34 títulos, incluindo quatro das cinco Ligas dos Campeões da equipe.

Recordes à vista

Confirmada sua presença no elenco do novo técnico Ronald Koeman, Messi terá alguns objetivos pessoais na próxima temporada. Com 731 jogos oficiais pelo Barcelona, está a 36 partidas de bater o recorde de 767 que pertence a Xavi Hernández. Se não tiver lesões, certamente o argentino alcançará a marca.

Messi ainda pode bater um recorde de Pelé que parecia inatingível: o de mais gols por uma mesma camiseta. O Rei fez 642 pelo Santos, segundo levantamento de PLACAR, enquanto o argentino tem 634 pelo Barcelona. O argentino ainda ultrapassará Andrés Iniesta, Migueli e Sadumí, que têm 16 temporadas pelo clube e igualará o recorde de 17 ciclos de Carles Rexach e Xavi.

Há ainda outra marca, que dependeria de ótimos resultados coletivos: Messi tem 33 títulos pelo Barcelona e está a dois de Ryan Giggs, que alçou 36 troféus com uma mesma camisa, a do Manchester United. Será uma temporada repleta de metas e emoções no Camp Nou.

Ao Goal, Messi disse que segue com fome, apesar de tudo. “Vou seguir no Barça com a mesma atitude, por mais que meu desejo fosse sair. Vou dar meu melhor, sempre quero ganhar, sou competitivo. (…) Há um treinador novo e uma ideia novo, isso é bom, depois veremos como o time responde. O que posso dizer é que eu continuo e vou dar meu máximo.”

Messi e Ronaldinho Gaúcho
Lionel Messi e Ronaldinho Gaúcho nos primeiros anos do argentino no time profissional Denis Doyle/Getty Images

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