Memória: os melhores apelidos dos anos 90
Relembre alguns jogadores do tempo em que, sem tanta influência dos empresários e dos assessores de imprensa, o futebol brasileiro era mais divertido
Hoje é assim: o garoto aparece e o primeiro contato com a imprensa já vem com o pedido para chamá-lo pelo nome de batismo e o sobrenome também, em detrimento do tradicional apelido de duas sílabas. Coisa de empresário, por afetação “gourmet” ou desconhecimento da cultura do futebol brasileiro mesmo.
Essa cultura, ainda bem, fez Tchê Tchê sobreviver a Danilo Neves e Dentinho morder Bruno Bonfim. Nos anos 90, os apelidos davam de goleada nos nomes compostos, a ponto de o narrador Silvio Luiz caprichar, com deboche, na pronúncia de Ronaldo Alfredo, esguio ponta-esquerda do Bragantino com nome herói de folhetim mexicano.
Seleção de alcunhas
Os campeões mundiais de 1994 refletem bem o que foi aquela época, e faziam a alegria do gerador de caracteres: Cafu, Branco (foto), Mazinho, Dunga, Zinho, Bebeto, Viola… Até Müller é apelido – o ex-atacante se chama Luís Antônio –, e Zetti é um pedacinho de Armelino Donizete. E, pela primeira vez, Ronaldão viu seu aumentativo estampado numa camisa, para diferenciá-lo do menino Ronaldo, que Galvão Bueno insistia em chamar de Ronaldinho, mas depois virou Fenômeno. (foto: Pedro Martinelli/PLACAR)
Politicamente o quê?
Fosse hoje, gastariam-se linhas e linhas de comentários em redes sociais para debater apelidos como Juca Baleia (foto), goleiro do Sampaio Corrêa que estava um tanto acima do peso, ou Pirata, atacante do Náutico chamado assim pela assimetria dos olhos. Sem os dentes da frente quando chegou garoto ao Vitória, o baiano Vampeta (mistura de vampiro com capeta) soube rir de si mesmo e se tornar um dos mais folclóricos personagens do futebol brasileiro. (foto: Maurício Moreira)
Criatividade em alta
A sempre criativa crônica esportiva deu sua contribuição ao folclore do nosso futebol. O Botafogo tinha o rápido Valdeir The Flash, campeão carioca em 1990. Super Ézio (foto) era o herói do ataque do Fluminense e Valdir Bigode, o do Vasco. O centroavante Paulinho McLaren, apesar de não ser muito veloz, era carismático, marqueteiro e sortudo: comemorou um gol homenageando Ayrton Senna na véspera de sua épica vitória em Interlagos, em março de 1991. A referência à equipe do piloto brasileiro pegou. Outro rei da autopromoção, Túlio Maravilha pegou emprestado o “sobrenome” de Dadá, igualmente falastrão. (foto: Daniel Augusto Júnior)
Nomes de guerra
Um timaço que renega a certidão de nascimento. Seco, na ficha do jogo: Dida; Giba, Tonhão, Caçapa e Piá; Pingo, Boiadeiro, Cuca e Macula; Tiba e Dodô.