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Memória: Craques das perfeições e imperfeições

As despedidas em 2020 no esporte

DIEGO MARADONA, jogador de futebol

Diego Maradona
./EFE

A vida de Diego Armando Maradona pode ser resumida nos dez primeiros minutos do segundo tempo da partida de quartas de final da Copa de 1986, entre Argentina e Inglaterra, atalho para o título que ele ganharia quase sozinho. Coube ao escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) a mais precisa definição daquele 22 de junho de 1986, um domingo de sol no Estádio Azteca, do México, na vitória por 2 a 1. “Esse ídolo generoso e solidário tinha sido capaz de cometer, em apenas cinco minutos, os dois gols mais contraditórios de toda a história do futebol. Seus devotos o veneravam pelos dois: não apenas era digno de admiração o gol do artista, bordado pelas diabruras de suas pernas, como também, e talvez mais, o gol do ladrão, que sua mão roubou.” O primeiro aconteceu aos seis minutos do segundo tempo, o infame gol de mão, com “La mano de Dios”, milongueiro, enganador, abusado. O segundo, aos dez minutos, fabuloso, preciso, mágico, depois de driblar cinco jogadores ingleses, como se fosse uma vingança pelo conflito das Malvinas-Falklands, no mais espetacular gol de todas os Mundiais, uma obra-prima inesquecível. Em um átimo de tempo, eis o resumo de toda uma existência — o abuso e a perfeição. Maradona morreu aos 60 anos, em 25 de novembro, de insuficiência cardíaca aguda, em Buenos Aires. Seu velório levou centenas de milhares de pessoas, em plena pandemia, até a Casa Rosada, a sede da Presidência da Argentina.

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PAOLO ROSSI, jogador de futebol

Paolo Rossi
Alessandro Sabattini/Getty Images

Paulo Roberto Falcão, o volante brasileiro que esteve em campo naquela triste tarde de 5 de julho de 1982 no estádio Sarriá, em Barcelona, o dia da derrota por 3 a 2 para a Itália, foi quem melhor definiu a morte do centroavante italiano Paolo Rossi. “O Brasil já chorou por causa dele, agora chora por ele”. O atacante fez os três gols da vitória da Azzurra, que resultaria na eliminação da seleção de Telê Santana da Copa do Mundo. Foi artilheiro e melhor jogador do Mundial, em renascimento improvável. Pouco antes da Copa, tinha sido suspenso, envolvido em escândalo da loteria esportiva. Morreu em Siena, em 9 de dezembro, aos 64 anos. Enfrentava um câncer no pulmão. Seu caixão foi carregado por ex-companheiros, de terno e gravata, sem torcida ao redor, porque a Itália vivia nova e rigorosa quarentena contra a Covid-19.

KOBE BRYANT, jogador de basquete

É didático medir a dimensão de grandes personalidades pelo tamanho dos que vieram antes dele. É inevitável, portanto, que ao se falar de Kobe Bryant venha à mente Michael Jordan. Desde cedo, ele tinha claro a referência do maior de todos, o camisa 23 do Chicago Bulls. Quase chegou lá. Ele talvez esteja para Jordan como Maradona está para Pelé. E, contudo, conquistou feitos que nem mesmo o campeoníssimo que o puxava como exemplo atingiu. Abandonou as quadras como o terceiro maior “cestinha” da NBA (com 33 643 pontos), façanha superada um dia antes de sua morte por LeBron James, que hoje veste o amarelo e roxo do Lakers, as únicas cores que Kobe usou como profissional, além do uniforme da seleção dos EUA. O cestinha número 1 foi Kareem Abdul-Jabbar. Em 26 de fevereiro, ele levava a segunda de suas quatro filhas, Gianna, de 13 anos, para uma partida de basquete escolar, num ginásio de propriedade dos Bryant, na Califórnia. O helicóptero caiu matando a ambos e outras sete pessoas. Kobe tinha 41 anos.

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Publicado em VEJA de 30 de dezembro de 2020, edição nº 2719

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