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Mariana Neves: driblando desafios

Conheça a brasileira que fez história com a seleção feminina do Haiti

Mariana Brito
Neves, paulista de Mogi Guaçu, vive e joga nos Estados Unidos há seis anos. Recentemente
ela recebeu um convite muito especial: foi chamada por seu antigo treinador, o
polonês Shek Borkowski, para ser assistente técnica da seleção feminina sub-20
de futebol do Haiti. O trabalho duro da equipe visa a classificação inédita
para a Copa do Mundo da categoria, que ocorre em 2016 em Papua-Nova Guiné.

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Formada em
Educação Física com ênfase em Gestão Esportiva, deixou a Liga Universitária e
passou a jogar pelo FC Indiana na WPSL (Women´s Premier Soccer League), que
equivale à segunda divisão do campeonato feminino de futebol no país. Segundo
Mariana, o time tem um excelente trabalho desenvolvido para as categorias de
base, e era comum ela permanecer em campo após seu treino para auxiliar essas
meninas. Devido a toda sua dedicação e experiência pôde iniciar o trabalho no
Haiti, ao lado de Shek.

Acontece que a
vida no Haiti não é nada fácil. Como se não bastasse o “velho e conhecido”
descaso pela modalidade, dificuldades como a falta de material esportivo, a ausência
de condições básicas de saneamento e o racionamento de alimento, entre outras, são
rotina para as jogadoras. “Acho que a principal diferença (entre a prática do
futebol feminino no Brasil e no Haiti) é a extrema linha de pobreza e miséria
em que o país infelizmente se encontra, o que acaba potencializando ainda mais
as dificuldades normalmente encontradas por atletas mulheres”, afirma Mariana.

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No entanto, mesmo
em meio a tantas adversidades, a paulista se revelou surpresa com o grupo de
atletas que encontrou: “Desde a categoria sub-15 até a principal, são jogadoras
extremamente habilidosas e de muita qualidade técnica, mas pesa muito o fator
da falta de experiência, tanto de jogo como na parte psicológica. É uma safra
excelente de jogadoras, mas é preciso tempo para moldá-las taticamente”. Na
comparação com as brasileiras, Mariana afirmou não ver tanta disparidade em
nível técnico, mas a bagagem que as jogadoras do Brasil têm com campeonatos
internacionais, competições e outras vertentes que o futebol engloba faz muita diferença
em campo.

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A realidade do
futebol feminino é muito parecida, seja no Haiti, no Brasil, ou em outros
tantos países. A modalidade não recebe a visibilidade que merece, a estrutura é
precária desde a base, o espaço público – quadras, parques – é reivindicado pelo
público masculino, o salário é muito baixo e são poucas as opções de clubes
para jogar. Além disso, há enorme descaso com a questão da profissionalização: “É difícil cobrar
profissionalismo de uma atleta quando o próprio clube ou seleção a trata com
amadorismo”, afirma Mariana. É muito comum que as jogadoras desempenhem outras
tarefas além do futebol para sobreviver, porém, no projeto com a seleção
sub-20, a maior preocupação da equipe técnica é manter as meninas treinando e
indo à escola.  

Shek e Mariana alcançaram um
feito histórico com a seleção haitiana: pela primeira vez a equipe conquistou o
título da Copa do Caribe, vencendo a seleção da Jamaica por 2 x 0, no dia 23 de
outubro. Com este resultado, o próximo passo é a fase final de classificatórias
da Concacaf, que acontece em dezembro, em Honduras. Os três primeiros colocados
garantem vaga na Copa do Mundo.

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Vale lembrar que, para
classificar as seleções da América do Sul para a Copa, a Conmebol organiza, de
dois em dois anos, o Campeonato Sul-Americano de futebol feminino sub-20. A
Seleção Brasileira foi campeã de todas as seis edições já realizadas.  

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