De Maradona a Diogo Jota, relembre números de camisas que nunca mais foram usados por clubes em respeito a ídolos ou tragédias
Aposentar uma camisa no futebol é uma decisão rara, mas poderosa. É uma forma de eternizar um jogador, seja por títulos conquistados, lealdade ao escudo ou ainda por despedidas trágicas.
Em sua chegada ao Napoli, o meia belga Kevin de Bruyne causou alvoroço ao aparecer vestindo uma camisa de treino com a camisa 10. Mas era alarme falso (e um golpe de marketing): a mítica camisa 10 de Diego Armando Maradona não será “desaposentada”.
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O Napoli aposentou o número 10 em homenagem a Diego Maradona em meados dos anos 2000.
Hoje Kevin De Bruyne foi surpreendido quando viu que estava usando o número 10 no uniforme de treino e ficou em choque 😂
Depois avisaram a ele que é só pra treinar 😅pic.twitter.com/6pygMq8e5K
— Sem Clubismo (@SemClubismo_FC) July 16, 2025
Ídolos como Maradona, Paolo Maldini (camisa 3 do Milan) e mais recente Diogo Jota, falecido camisa 20 do Liverpool são exemplos de jogadores que marcaram tanto que tiveram suas camisas eternizadas. Em alguns casos, como no de Maldini e Zanetti, os números só podem voltar se forem usados por filhos diretos, forma simbólica de manter o legado da família.
Também há homenagens marcadas pela dor, como as de Emiliano Sala, camisa 9 do Nantes, Diogo Jota, camisa 20 do Liverpool, entre outros, que faleceram de forma trágica e tiveram seus números eternizados como sinal de luto e memória. A 10 do Santos segue sendo usada, hoje por Neymar, mas a do New York Cosmos, que foi recentemente refundado, será eternamente de Pelé.
Confira a lista:
O atacante português faleceu em um acidente de carro em 2025. O Liverpool aposentou a camisa 20 como forma de homenagem. A decisão foi apoiada pela torcida e pela família.
Diogo Jota sofreu um grave acidente e faleceu – Reprodução/Getty Images
Argentino elevou o Napoli a outro patamar, conquistando os maiores títulos da história do clube. A camisa 10 foi aposentada em 2000, com Maradona virando sinônimo não só do time como da cidade. O estádio San Paolo, por sua vez, foi rebatizado para Diego Armando Maradona em 2020, após sua morte.
Diego Maradona, Napoli – Divulgação/SSCNapoli
Ídolo e capitão por duas décadas, o zagueiro italiano do Milan deixou sua marca eterna, com o clube aposentando a camisa 6 em 1997 após sua aposentadoria. O campeão mundial também deixou sua marca na seleção.
Franco Baresi levantando a taça da Champions League, temporada 1988/89 – Marc Francotte/TempSport/Corbis/Getty Images
Outra lenda da zaga do time de Milão, parceiro de Baresi por longos anos. Maldini jogou 25 temporadas no clube e virou lenda com sua camisa 3 aposentada em sua homenagem. A apenas uma exceção para a camisa, somente seu filho pode utilizá-la. No entanto, Daniel Maldini é atacante e optou por usar outros números como 27 e 98.
Paolo Maldini, jogando pelo Milan
Foram quase 20 anos de liderança com a camisa 4. A Inter aposentou o número do lateral argentino em 2014. Com um caso similar ao de Maldini, só voltará a ser usada por um filho ou sucessor de Zanetti.
Javier Zanetti liderou a Inter a importantes títulos –
O atacante argentino morreu em um acidente aéreo antes de se transferir ao Cardiff em 2019. Vivendo seu auge no Nantes, da França, o clube decidiu aposentar a camisa 9 em sua memória.
Emiliano Sala, jogador do Nantes, durante partida contra o Nice, válida pelo Campeonato Francês – 18/03/2017
Maior ídolo da história do clube holandês e da seleção dos Países Baixos, Cruyff é símbolo de referência no esporte. O Ajax aposentou a 14 em 2007, quando Cruyff completaria 60 anos, tornando o número símbolo eterno de Cruyff.
Cruyff pelo Ajax – Transfermarkt
Capitão da Inglaterra no título mundial 1966 e ídolo máximo do clube de Londres. O West Ham decidiu retirar a 6 do clube inglês em 2008, deixando o legado de Moore marcado para sempre.
Bobby Moore entrando em campo pelo West Ham – Divulgação West Ham
Encerrando a carreira no Brescia entre 2000 até 2004, Baggio virou símbolo do time do norte da Itália. A camisa 10 foi aposentada em sua despedida do clube. Recentemente, o clube encerrou suas atividades por problemas financeiros, e terá de ser refundado.
Roberto Baggio atuando com a camisa do Brescia Calcio – Reprodução New Press/Getty Images
Lendário zagueiro alemão, fez história com a camisa 5. Após falecer em 2024 aos 78 anos, o Bayern decidiu aposentar seu lendário número, uma decisão simbólica para eternizar o “Kaiser”. Beckenbauer foi capitão e técnico campeão mundial, presidente de honra do Bayern e figura central na história do clube.
Paulo Cezar Caju e Franz Beckenbauer em Fluminense x Bayern de Munique – Divulgação / Fluminense
Mais uma homenagem póstuma. O volante camaronês Foé faleceu subitamente em campo, durante a Copa das Confederações de 2003. Na época, ele jogava emprestado pelo Manchester City e usava a camisa 23. Como gesto de respeito, o City aposentou o número 23 após sua morte.
Foé em treinamento do City – Divulgação Manchester City
Um dos casos mais inusitados de aposentadoria de camisa. Antes de ser vendido ao Borussia Dortmund aos 17 anos, Bellingham deixou sua marca no Birmingham, time que o revelou. Fez apenas 42 jogos, 4 gols e 2 assistências pela equipe na temporada 2019/20. Foi o mais o jovem a marcar um gol pela equipe, que disputava a segunda divisão.
Sua camisa 22 foi precocemente aposentada para “inspirar outros jovens” a despontar por The Blues.
📸🔥 What a feeling! @BellinghamJude scored the winner and becomes the Club’s youngest ever scorer in our history at the tender age of just 16 years and 63 days.#KeepRightOn #BCFC pic.twitter.com/VYcKwyReb0
— Birmingham City FC (@BCFC) August 31, 2019
Outro trágico caso de morte em campo. Fehér faleceu durante um jogo em 2004 pelo Benfica. O clube português decidiu aposentar a camisa 29 e o número se tornou símbolo de respeito e luto.
Miklós Fehér comemorando gol com batidas no peito – Divulgação / SL Benfica
Ídolo nacional da Hungria e do Real Madrid, sua camisa 10 pelo do Honvéd, clube que o revelou, foi aposentada após sua morte. Seu nome também batiza o Estádio Nacional, em Budapeste, e o prêmio de gol mais bonito do ano da Fifa.
Bela Guttmann, Kocsis y Ferenc Puskas. Honved de Budapest. pic.twitter.com/mOgxklw9DR
— Nostalgia Futbolera ® (@nostalgiafutbo1) April 2, 2022
O maior atleta de todos os tempos encerrou sua carreira nos EUA, levando visibilidade ao futebol local. O Cosmos decidiu aposentar a camisa 10 de Pelé em 1977, após sua aposentadoria
Pelé entrando em campo pelos Cosmos contra a seleção norte-americana – PLACAR
Lenda dos primórdios da Inter nos anos 60 e 70, teve a camisa aposentada após sua morte em 2006. O italiano usava a camisa 3, se tornou a primeira aposentadoria oficial da Inter.
The Man who revolutionized the attacking full back position,
Giacinto Facchetti 🐐 pic.twitter.com/b9Bs2JlnAw— Hamzah Latif 🧑🏻💻 (@hamzahslaysX) July 9, 2025
O Sevilla, da Espanha, aposentou a camisa 16 após Puerta morrer em campo em 2007. A tragédia marcou tanto o clube que ninguém voltou a usar o 16, preservando a memória do jovem lateral.
12 años sin ti, pero contigo. ❤
¡Nunca te olvidaremos, Antonio Puerta! pic.twitter.com/uh3pAqNkBJ
— LALIGA (@LaLiga) August 28, 2019
Em 2009, o Espanyol retirou a 21 depois que Jarque, capitão da equipe, morreu subitamente durante a pré-temporada. A 21 permanece associada eternamente a Jarque e seu capitão. O jogador foi homenageado pelo amigo Andrés Iniesta na final da Copa do Mundo de 2010, contra a Holanda.
Today marks 12 years since we lost Daniel Jarque far too soon.
Never forgotten. pic.twitter.com/GiYdVid8kn
— LALIGA English (@LaLigaEN) August 8, 2021
Raúl – 7 – Schalke 04
Ícone do Real Madrid, Raúl jogou no Schalke 04 entre 2010 e 2012, onde também deixou ótima impressão. Quando anunciou sua saída do Schalke, a diretoria decidiu aposentar temporariamente a camisa 7 em sua homenagem. A ideia, porém, não durou muitos anos, a decisão gerou debate entre torcedores e ex-jogadores, e o número 7 voltou a ser utilizado pelo Schalke em 2013.
Raúl and Neuer at Schalke 📸#UCL pic.twitter.com/FoVTIfA4Zv
— UEFA Champions League (@ChampionsLeague) April 2, 2025
Romário – 11 – Vasco da Gama
Em 2007, após Romário marcar o milésimo gol da carreira vestindo a camisa vascaína, o Vasco da Gama decidiu homenageá-lo aposentando o seu número 11. O clube anunciou que seria usada apenas pelo próprio Romário e retirada oficialmente após sua aposentadoria. Porém, mais tarde, com autorização do Baixinho, o número voltou a campo.
Romário comemorando gol com a camisa do Vasco – Placar
Aldair – 6 – Roma
Zagueiro símbolo e campeão italiano, a Roma aposentou sua camisa em 2003. A pedido do próprio, o número 6 voltou a ser usado, por Strootman, em 2013.
Rudi Völler y Aldair. AS Roma pic.twitter.com/Rqucn8Gpo7
— Nostalgia Futbolera ® (@nostalgiafutbo1) August 4, 2024
Francesco Totti – 10 – Roma
Maior ídolo da história da Roma,“Il. Capitano”. Totti defendeu a Roma por 25 anos e é o maior jogador da história romanista. A camisa 10 não foi aposentada oficialmente, mas ninguém a usa desde 2017. O número segue “guardado” como tributo ao eterno capitão.
Francesco Totti do Roma durante jogo do Campeonato Italiano – Placar