Atleta trans é autorizada a jogar futebol feminino na Austrália
Hannah Mouncey, que tem 1.90 m e pesa 100 kg, vinha lutando há meses para ser aceita em ligas femininas de futebol.
A Federação Australiana de Futebol autorizou Hannah Mouncey, uma atleta transgênero de 28 anos, a participar do campeonato nacional feminino da segunda divisão, revelou a própria jogadora na última terça-feira. “Estou feliz com a decisão e espero jogar esta temporada”, comemorou Hannah em sua conta no Twitter.
Ela, no entanto, se recusou a agradecer a federação. “Acho que seria totalmente inapropriado agradecer por me autorizarem a fazer algo que qualquer australiana pode fazer.” Há meses, Hannah lutava para ser aceita em ligas de futebol.
Em outubro do ano passado, a Liga Australiana de Futebol Feminino (AFLW, na sigla em inglês) a proibiu de participar do Draft, o processo de seleção de jogadoras, alegando, em comunicado, ter levado em consideração os dados disponíveis sobre “força, resistência e vigor físico” de Hannah, além da “natureza específica da competição.”
Mouncey tem 1.90 metros e pesa mais de 100 quilos. Ela também é atleta de handebol e chegou a defender a seleção australiana masculina da modalidade, ainda sob seu nome de batismo, Callum. Ela iniciou a transição no fim de 2015 e já participou de torneios menores entre mulheres
A eventual inclusão de Hannah na liga já vinha sendo motivo de debates no país. Alguns dirigentes se disseram contrários a sua participação, por gerar uma “disparidade física significativa”. Ela marcou 17 gols em oito partidas pela liga feminina da cidade de Camberra.
Desde o início de 2016, o Comitê Olímpico Internacional (COI) autoriza atletas transgêneros a competir sem a necessidade de cirurgia de readequação sexual. De acordo com as recomendações, atletas que fizeram a transição mulher-homem podem competir normalmente.
Já as que passaram do gênero feminino para o masculino precisam passar por tratamentos hormonais e apresentar níveis de testosterona controlados – abaixo de 10 nanomol por litro. Hannah Mouncey diz apresentar tais condições, assim como a atleta de vôlei brasileira Tifanny Abreu, que vem se destacando e gerando controvérsia na Superliga Feminina.