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Já virou rotina: atrás da seleção, o cordão dos oportunistas

Pequenos grupos organizados por sindicatos e partidos seguem a equipe de Felipão. Só não se sabe o que os jogadores têm a ver com as reivindicações

No grupo de Felipão, ninguém entendeu até agora o que os jogadores têm a ver com o salários dos professores das redes estadual e municipal, com a escassez de médicos nos hospitais públicos e com a falta de recursos na educação

Eles costumam ser craques na hora de inventar variações de seus gritos de guerra (nesta terça-feira, por exemplo, conseguiram rimar “Neymar” com “luta popular”). Também adoram berrar palavras de ordem com seus megafones e escrever cartazes com mensagens contra a Copa do Mundo – de preferência em inglês, para chamar a atenção dos fotógrafos das agências de notícias internacionais. Mas pergunte o que suas reivindicações têm a ver com os integrantes da seleção brasileira e logo fica claro que o repertório dessa turma não é dos mais variados. Desde a apresentação da equipe, na semana passada, no Rio de Janeiro, os 23 convocados por Luiz Felipe Scolari têm se acostumado em ver, das janelas do ônibus ou dos vidros de seus quartos, as manifestações de pequenos grupos de militantes que tentam aproveitar o interesse em torno da equipe para defender suas causas. Ainda que tenham rejeitado os convites do Planalto para que aparecessem nas propagandas oficiais do governo sobre a Copa, Felipão e seus jogadores têm de lidar com a gritaria de manifestantes ligados a partidos políticos e sindicatos que levantam bandeiras absolutamente estranhas à presença da equipe.

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Na manhã desta terça, por exemplo, o protesto era de militantes ligados ao Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação de Instituições Federais, que cobram um aumento do governo. Algumas dezenas deles se reuniram diante do Castro’s Park Hotel, em Goiânia, enquanto os atletas se levantavam e tomavam café da manhã antes de seguir para o Estádio Serra Dourada, palco do amistoso contra o Panamá. Depois de uma breve confusão com a polícia, os manifestantes foram afastados da entrada do hotel. Passaram mais algum tempo exibindo cartazes contra a Copa e contra a Fifa. Faltando cerca de três horas para o início do jogo, deixaram o local – quem sabe, para ver de perto Neymar em ação no palco do jogo desta terça. Na saída rumo à Granja Comary no dia da apresentação, o ônibus da seleção chegou à concentração em Teresópolis cheio de adesivos do sindicato que reúne os professores grevistas do Rio. Na chegada à região serrana, passou por um pequeno grupo de filiados ao PSTU, que estendiam bandeiras vermelhas no portão do centro de treinamentos. A seleção tem lidado bem com a situação, até por não dar grande importância a manifestações tão mirradas.

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No grupo de Felipão, porém, ninguém entendeu até agora o que os jogadores têm a ver com o salários dos professores das redes estadual e municipal, com a escassez de médicos nos hospitais públicos e com a falta de recursos na educação. Na segunda-feira, por exemplo, a presidente Dilma Rousseff posou para fotos com a taça da Copa do Mundo nas mãos, ao lado do cartola Joseph Blatter e diante de um enorme painel com a inscrição “Copa das Copas”. Não consta que tenha ocorrido nenhuma concentração de manifestantes diante do Palácio do Planalto durante a solenidade que reuniu a chefe de governo brasileira e o presidente da Fifa. Talvez isso se explique pelo temor de que algum desses grupos de militantes – principalmente os que são ligados aos sindicatos, tradicionalmente tão bem tratados pelo PT – repita o ex-craque Ronaldo e ligue as promessas descumpridas e os investimentos equivocados para a Copa à incompetência do governo. Se Ronaldo deu um “chute contra o próprio gol”, como disse o ministro Aldo Rebelo, os grupos de manifestantes organizados por entidades que recebem apoio direto ou indireto do governo formam um time bem mais previsível – e preferem tentar chamar atenção cercando um grupo de jogadores que venceram na vida sem nenhum apoio oficial.

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