Itália vive novo drama para ir à Copa; o que mudou na Azzurra desde a Euro
Técnico Mancini recorreu a novos atletas, inclusive brasileiros, mas deve manter base vitoriosa no duelo diante da Macedônia do Norte, em Palermo
O clima de paúra toma conta da Itália nesta quinta-feira, 24. Menos de um ano depois de surpreender favoritos e erguer a Eurocopa diante da Inglaterra, em Wembley, a seleção italiana agora corre o risco de repetir outro feito recente, neste caso um fiasco: ficar de fora da Copa do Mundo, como em 2018. A partir das 16h45 (de Brasília), a Azzurra encara a Macedônia do Norte, em Palermo, precisando vencer para seguir vivo na repescagem europeia do Mundial do Catar. A decisão da vaga será no dia 29, contra Portugal ou Turquia.
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O triunfo europeu com futebol envolvente parecia ter levado calmaria a Coverciano, a sede da equipe, e até colocado a Itália como candidata ao pentacampeonato no Catar. No entanto, desde a Eurocopa, a equipe dirigida por Roberto Mancini viveu momentos de instabilidade que a levaram a mais uma repescagem (na anterior, em outro formato, foi eliminada em Milão pela Suécia).
Quatro empates nas Eliminatórias selaram o drama italiano: 1 a 1, em casa com a Bulgária, 0 a 0 e 1 a 1 nos duelos de ida e volta a Suíça, e, finalmente, 0 a 0 diante da Irlanda do Norte. Com isso, a seleção suíça tomou-lhe a liderança e vaga direta. O ítalo-brasileiro Jorginho, um dos destaques do time até então, se viu no centro das críticas após desperdiçar penalidades contra a Suíça.
Mancini precisou fazer mudanças no time e chegou a considerar um retorno do controverso atacante Mario Balotelli, 31 anos, hoje no Adana Damirspor, da Turquia. “Balo” chegou a ser convocado para treinos, mas acabou preterido por outra novidade, o brasileiro naturalizado italiano João Pedro, do Cagliari, de 30 anos.
“Tentei chamar quem poderia ser mais útil. Não temos muito espaço para experimentar coisas novas. A base é a dos jogadores do Euro, mas não posso chamar 40”, afirmou Mancini em entrevista coletiva. Questionado sobre por que João Pedro e não Balotelli, foi diplomático. “Não há grandes razões. É claro que deixar um jogador em casa é sempre uma dor, seja Balotelli, Calabria ou Bernardeschi. Mas a avaliação foi a mesma: João Pedro também pode fazer de segundo avançado bem como ponta de lança, as avaliações foram assim.”
Outra novidade do elenco é outro brasileiro, o zagueiro Luiz Felipe Ramos, da Lazio. Ambos, porém, devem permanecer no banco de reservas. O técnico Mancini faz questão de exaltar o título da Eurocopa e manter o otimismo no ambiente. “Sou positivo, porque esta equipe tem bases sólidas, é um grupo que construiu do nada uma vitória que ninguém acreditava (…) O objetivo é vencer o Mundial, mas para isso temos de primeiro vencer estes dois jogos”, disse Mancini.
O treinador tem problemas na defesa: os experientes parceiros de Juventus Giorgio Chiellini e Leonardo Bonucci se recuperam de lesão e devem ser preservados visando uma eventual segunda partida. Outro desfalque importantíssimo é o do atacante Federico Chiesa, com grave lesão no joelho. O time, portanto, deve ser formado por campeões europeus: Donnarumma, Florenzi, Mancini, Bastoni e Emerson Palmieri; Barella, Jorginho e Veratti, Berardi, Immobile e Insigne.
Do grupo atual, nove atletas estiveram presentes no vexame de 2017: Donnarumma, então reserva de Buffon, Jorginho, Bonucci, Chiellini, Insigne, Veratti, Immobile, Belotti e Florenzi. Nomes experientes que não querem colocar no currículo uma segunda ausência em Copa do Mundo. “Devemos ter humildade e serenidade. A experiência de quatro anos atrás nos ajudará a gerir as emoções”, afirmou o zagueiro Chiellini.
A Azzurra terá a seu favor o entusiasmo do público siciliano, que esgotou as entradas do estádio Renzo Barbera. “O importante é estarmos concentrados. A Itália sabe jogar bom futebol, pensamos nisso. Não menosprezamos nosso adversário, partimos do 0 a 0 e o jogo é jogado. A Macedônia se defende bem e ganhou da Alemanha fora de casa, tem qualidade”, alertou Mancini.
A equipe macedônia não terá seu grande ídolo, Goran Pandev, ídolo no futebol italiano, que se aposentou da seleção após a Eurocopa. Em entrevista ao diário Corriere dello Sport, Pandev disse não se arrepender da decisão e que torcerá pelos companheiros. “Já demos muitas alegrias ao nosso povo, o que é importante pois há muitos problemas na Macedônia do Norte. Nesta quinta, meus companheiros darão tudo de si”. O time balcânico, que terminou a fase de grupos atrás da Alemanha e à frente da Romênia, também não terá o meia Elif Elmas, do Napoli, suspenso.
Caso Portugal vença a Turquia, em Porto, no mesmo horário, a decisão entre os últimos campeões europeus será em solo lusitano.