Irritado com gafe, Rogério Ceni dispara contra patrocinador
Penalty marca anúncio da aposentadoria do atleta sem consultá-lo, em véspera de jogo. ‘Não sei de onde isso foi tirado. Não entendo de onde surgiu’, disse ele
“O que foi acordado é uma camisa comemorativa pelos mais de vinte anos de clube. Não sei de onde esse anúncio foi tirado”, reclamou o goleiro de 41 anos
A relação entre o São Paulo e a Penalty, seu fornecedor de material esportivo, já estava desgastada. Na quarta-feira, porém, uma gafe cometida pelo patrocinador colocou o clube em pé de guerra com a empresa. E com boa dose de razão: a Penalty anunciou a aposentadoria do maior ídolo do clube sem consultá-lo – e num momento em que se coloca em dúvida se Rogério Ceni vai mesmo parar de jogar no fim do ano. O próprio goleiro tratou de reclamar publicamente do erro da empresa depois da derrota para o Atlético Nacional, em Medellín, no primeiro jogo da semifinal da Copa Sul-Americana. “Não entendo como isso acontece, quem é a pessoa que cria uma coisa dessa. Me admira uma empresa que se diz desse tamanho soltar uma nota sobre alguém que não tem qualquer relação com ela”, disparou o veterano, que passou o ano todo dizendo que pretendia parar mas tem driblado as perguntas sobre o tema nas últimas semanas.
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Rogério deixou claro que em nenhum momento tratou da aposentadoria com a fornecedora de camisas. “O que foi acordado é uma camisa comemorativa pelos mais de vinte anos de clube. Não sei de onde esse anúncio foi tirado. Ninguém tem o direito de escolher a data. Não entendo de onde surgiu. É a primeira vez que vejo algo assim”, criticou. Horas antes, a Penalty enviou um convite à imprensa para um evento em que Rogério “anunciará o término de sua carreira e apresentará ao público sua última camisa pelo São Paulo”. Para irritação ainda maior de Ceni, a Penalty marcou o evento para o dia 25, véspera da segunda partida da semifinal contra o Atlético de Medellín. O goleiro já deixou claro que está totalmente focado na competição porque quer conquistar um título antes de se despedir. O vice-presidente de Marketing do clube, Júlio Casares, também criticou a Penalty: “Ninguém pode falar pelo clube ou pelo atleta. Não fomos consultados. A Penalty cometeu um erro absurdo”.
Na noite de quarta, a empresa divulgou uma nota se desculpando e dizendo que “não houve o intuito de oficializar a data de encerramento da carreira do ídolo são-paulino, uma vez que a decisão e comunicação cabe única e exclusivamente ao próprio Rogério”. Os cartolas são-paulinos, porém, não fizeram questão alguma de manter a diplomacia com a parceira comercial. O presidente Carlos Miguel Aidar, que acompanhou a delegação até Medellín, vestiu um agasalho da Reebok, antiga patrocinadora do São Paulo. Outros dirigentes colocam em dúvida a realização de qualquer evento promocional na semana que vem – mesmo com a camisa especial em pré-venda pela internet -, já que o time precisa derrotar o Atlético Nacional no Morumbi para avançar à final da Sul-Americana e tentar encerrar a temporada com uma conquista. “O que vai fazer diferença agora, além da equipe, é o Morumbi. Tenho certeza de que vão fazer uma festa muito grande lá”, disse o goleiro de 41 anos na saída do campo em Medellín.