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História de uma foto: quando EUA e Irã se abraçaram na Copa do Mundo

Tensão de mais de 40 anos viveu uma simbólica trégua esportiva em 1998, na França

A tensão nas relações entre Estados Unidos e Irã atingiu níveis alarmantes no último dia 2, com a morte do general das forças Quds, o braço de elite da Guarda Revolucionária Iraniana (GRI), Qasem Soleimani, após um ataque aéreo de autoria do governo americano. Nesta terça-feira, 7, dezenas de pessoas morreram pisoteadas durante o funeral de Soleimani e o Irã prometeu retaliações à Casa Branca. A animosidade entre os países teve início no fim da década de 70 com a chamada Revolução Islâmica e viveu alguns momentos de abrandamento. Uma trégua bastante recordada aconteceu no cenário esportivo: durante a Copa do Mundo de 1998, os times trocaram mimos e entraram abraçados em uma mensagem de paz. 

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Em 1979, a Revolução Islâmica ou Iraniana, tratada recentemente pelo presidente Donald Trump como um grande “fracasso”, depôs o Xá Reza Pahlevi e instaurou o regime dos aiatolás. Pahlevi foi asilado nos Estados Unidos, que passou a ser tratado por Ruhollah Khomeini, fundador da República Islâmica, como “O Grande Satã”. Pouco depois, a embaixada americana em Teerã, capital do país asiático, foi invadida por militantes iranianos que mantiveram mais de 50 cidadãos americanos reféns por 14 meses.

A tensão cresceu ainda mais em 1980 com o apoio dos Estados Unidos à invasão do Iraque, liderada por Saddam Hussein, ao Irã, em guerra que durou até 1988. O futebol era alvo de repressão no território persa e foi relacionado pela primeira vez ao conflito em 1984, quando Habib Khabiri, então capitão da seleção iraniana, foi torturado e morto pelo regime local, acusado de ligações com os Estados Unidos.

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Neste contexto, numa época em que o então empresário Donald Trump começava a ressurgir financeiramente e ganhar fama após anos de apostas falidas, as duas seleções se encontraram naquele 21 de junho de 1998, em Lyon, na França, em evento que contou com segurança reforçada. Houve um esforço da Fifa para que o duelo representasse uma mensagem de tolerância. O governo do Irã chegou a pedir que seus atletas nem sequer cumprimentassem os americanos, mas o que se viu foi uma imagem histórica: os asiáticos ofereceram flores aos americanos e as equipes posaram juntas para fotos. 

A bola rolou normalmente e o Irã conseguiu sua primeira vitória em Copas do Mundo por 2 a 1, com gols de Hamid Estili e Medhi Mahdavikia. Brian McBride descontou para os americanos. Os dois times acabariam eliminados na primeira fase do Grupo F, atrás de Alemanha e Iugoslávia.

As tensões políticas se mantiveram. Três anos depois, na esteira do atentado de 11 de setembro de 2001, o presidente americano George W. Bush classificou o Irã, o Iraque e a Coreia do Norte como “Eixo do Mal”. Na última década, acordos nucleares foram o principal motivo dos conflitos. 

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