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História de uma foto: aquela ajeitada no moscarré

Para celebrar seus 40 anos, PLACAR reuniu Pelé e o jovem Neymar, que despontava no Santos. Numa sala lotada, saiu a foto de capa daquela edição

Para comemorar seus quarenta anos, PLACAR contou — como tantas vezes antes e depois — com Pelé, o maior de todos. Na época, março de 2010, começava a brilhar nos gramados brasileiros a estrela de Neymar. Assim, a redação armou fazer uma reportagem de capa com os dois camisas 10 do Santos. Eu já tinha fotografado o Pelé antes disso e sempre me impressionou não só a interminável paciência dele com tanta gente pedindo fotos e autógrafos, mas principalmente a capacidade de se envolver em cada momento. Eu me lembro de uma vez, na Vila Belmiro, que ele praticamente me dirigiu: fazia diferentes poses, pedia para ficar de costas para o campo, dizia para eu fazer mais uma, ‘para garantir’.

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Naquela noite, o repórter Ricardo Perrone e eu fomos até um estúdio perto da Avenida Paulista, em São Paulo, onde o rei daria uma aula na Rede de Ensino Desportivo, um curso a distância com telessalas inclusive em outros países. O lugar estava lotado de gente, todos tentando chegar perto do ídolo, dar um abraço, pegar o tão sonhado autógrafo. Conseguimos levá-lo para um espaço mais reservado, para começar a entrevista. Naquele momento, desdenhou do auê em torno do cabelo de Neymar, garantindo que o corte batido nas laterais e na nuca, com um topete meio moicano no topo da cabeça, não tinha nada de novo. ‘Meu pai já usava assim quando jogava. Naquele tempo, este corte era chamado de moscarré’. Depois de alguns minutos conversando com PLACAR, Neymar chegou, tímido, junto com seu agente, Wagner Ribeiro.

No dia anterior, o jovem atacante santista havia acabado com o Corinthians e, assim que ele entrou, Pelé brincou: ‘Quer me matar do coração, moleque?’. Depois, falou mais um pouco sobre o passado no Santos, as alegrias, o sonho de ver o Brasil voltar a ganhar uma Copa do Mundo.

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A tal aula começaria às 8 da noite e eu tinha poucos minutos para fazer as fotos. Minha lembrança daquela jornada é que estava tudo um caos, havia pouco espaço. Eu tinha colocado o equipamento de luz num canto, com o fundo amarelo para dar contraste às camisetas brancas. Era tanta gente que não havia distância para obter um bom ângulo. Assim que os dois se aprontaram, eu troquei a lente, encaixei uma teleobjetiva e, sem pensar muito, fui pedindo para as pessoas se afastarem, enquanto eu caminhava para trás, em busca do melhor enquadramento.

Foi engraçado, ficou um enorme V no centro, com todo mundo vendo a cena. Foi tudo muito rápido. Já usávamos câmeras digitais, ainda não tão avançadas, e só tive tempo de fazer quinze ou dezesseis cliques. Todo mundo sabe que Pelé é um excelente modelo, olhos sempre abertos, mirando a lente, aquele sorrisão inconfundível, logo estabelece essa conexão. Ney mar também se mostrou um bom fotografado, só que as primeiras imagens não ficaram boas. Eles estavam de mãos dadas, abraçados, sorrindo, mas faltava algo. Daí eu falei: ‘Dá uma ajeitadinha no penteado do menino. Isso, arruma o moscarré’. E assim saiu a capa dos quarenta anos de PLACAR.”

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