GRUPO C – Austrália: evolução após se tornar ‘asiática’ não se mostrou
Com eliminações na primeira fase nos dois últimos mundiais, seleção confia em atacante veterano e novo treinador para confirmar mudança de nível
Desde a Copa do Mundo de 2010, as participações da Austrália são um desafio de geografia aos desavisados, porque o país da Oceania disputa vaga com os asiáticos. A federação australiana estava cansada de passar com tranquilidade pelos rivais de seu continente (como os espantosos 31 a 0 sobre Samoa Americana, em 2001), mas ainda ter que disputar repescagem — até hoje, a Oceania não tem vaga direta. Depois de superar o Uruguai nos jogos extras e finalmente voltar a disputar um Mundial, em 2006 (uma espera que vinha desde 1974), a Austrália foi aceita na confederação asiática. Deu conta do recado: classificou-se todas as vezes, recorrendo à repescagem (contra Síria, depois Honduras) somente para a Copa do Mundo da Rússia. A seleção está no Grupo C, ao lado de França, Peru e Dinamarca.
Tabela completa de jogos da Copa do Mundo 2018
O acréscimo de competitividade foi notado também na disputa da Copa da Ásia: quinto lugar em 2007, vice em 2011 e campeã em 2015, quando foi a anfitriã — isso mesmo, o torneio asiático foi parar na Oceania. Por outro lado, os australianos decepcionaram nos mundiais, caindo na primeira fase tanto em 2010, na África do Sul, quanto em 2014, no Brasil, com apenas uma vitória em seis jogos. A campanha irregular nas Eliminatórias para 2018 sugere um novo insucesso.
O atacante Tim Cahill viveu todo esse processo e, aos 38 anos, continua sendo o principal jogador dos “socceroos” — mistura de “soccer” (futebol) com “kangaroos” (cangurus, animais-símbolo do país). Para chegar bem à Rússia e se tornar o quarto jogador da história a fazer gols em quatro Copas (como Pelé e os alemães Seeler e Klose), Cahill decidiu trocar a fraca liga australiana pela segunda divisão da Inglaterra. Deixou o Melbourne e voltou ao Millwall, onde é ídolo — defendeu o clube entre 1998 e 2004.
Uma semana após classificar a Austrália para a Copa, o técnico grego Ange Postecoglou anunciou sua saída do cargo, que ocupava desde 2013. Apesar de ter sido o comandante do inédito título asiático, tinha relação conturbada com a imprensa local e alegou cansaço. Quem assumiu o posto foi o holandês Bert van Marwijk, meses antes treinador da Arábia Saudita. No currículo, conquistou o vice-campeonato mundial na Copa de 2010 por seu país.
Além de Cahill, Marwijk conta como destaques de sua equipe outros dois jogadores que atuam na Inglaterra: o goleiro Mathew Ryan, titular do Brighton Albion na Premier League (a elite britânica), e o volante e capitão Mile Jedinak, que atua no Aston Villa.
No Grupo C, a equipe, se conseguir se superar, pode disputar uma das vagas com Peru e Dinamarca. Isso se a França realmente confirmar seu favoritismo na chave.