Gordon Banks não considerava cabeçada de Pelé sua melhor defesa
Goleiro inglês, morto nesta terça aos 81 anos, preferia destacar pênalti batido por Geoff Hurst, que deu ao Stoke City um histórico título em 1972
O futebol se despediu nesta terça-feira, 12, de uma de suas maiores lendas, o goleiro inglês Gordon Banks, que lutava contra um câncer no rim e morreu aos 81 anos. Campeão do mundo pela seleção inglesa em 1966, ele se tornou ainda mais célebre graças à defesa mais recordada de sua carreira, em cabeçada de Pelé, na Copa de 1970. Para Banks, no entanto, a chamada “defesa do século“ não foi a melhor intervenção de sua carreira.
“Minha melhor defesa foi num pênalti batido por Geoff Hurst contra o Stoke na semifinal da Copa da Liga de 1972”, cravou Banks, em entrevista ao Daily Mail, em 2016. O lance citado entrou para a história do futebol britânico. Em 15 de dezembro de 1971, o West Ham precisava de um gol contra o Stoke City para chegar à decisão da Copa da Liga Inglesa e, faltando três minutos para acabar a prorrogação, teve a chance em pênalti cometido pelo próprio Banks.
Diante de enorme tensão no estádio Upton Park, Hurst, outro herói da conquista da Copa de 1966, foi para a bola e chutou com força, mas Banks espalmou de forma incrível e levou o Stoke à decisão – conquistaria a Copa da Liga ao bater o favorito Chelsea, em Wembley, num dos títulos mais importantes da carreira de Banks e da história do clube.
Banks sempre se mostrou orgulhoso em relação à defesa contra Pelé e, ao longo dos anos, manteve uma relação bastante próxima com o rei do futebol. Gostava de contar que ouviu o brasileiro gritar “gol”, milésimo de segundo antes de seu voo espetacular.
No entanto, em algumas entrevistas, Banks chegou a demonstrar certo incômodo com o fato de ser mais lembrado pela defesa no estádio Jalisco, em Guadalajara, em 7 de junho de 1970, do que por suas conquistas pessoais, como a Copa de 1966, e as Copas da Liga por Stoke City e Leicester, clubes médios da Inglaterra. Na ocasião, o Brasil venceu os atuais campeões mundiais por 1 a 0, com gol de Jairzinho, na primeira fase.
Banks se acostumou a responder sobre comparações entre a sua defesa histórica no México e outras intervenções de puro reflexo. Em novembro de 2017, no sorteio da Copa do Mundo, em Moscou, falou a VEJA sobre a defesa de Marcelo Grohe, um dos heróis do título do Grêmio na Libertadores, diante do Barcelona do Equador, na semifinal.
“Foi uma boa defesa, ele bloqueou muito bem. O atacante estava muito perto, então ele conseguiu cobrir o máximo que pode, foi uma defesa impressionante”, disse Banks, ao assistir o lance.