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Golpe na CBF? Entenda imbróglio envolvendo Ednaldo, Fifa e até Fluminense

Ednaldo Rodrigues foi destituído do cargo pelo TJ-RJ, que nomeou José Perdiz, presidente do STJD, como interventor; entenda o caso e possíveis consequências

Justo no dia das tradicionais premiações em comemoração ao final do Brasileirão, o futebol nacional foi atingido por um notícia bombástica nesta quinta-feira, 7. Ednaldo Rodrigues foi destituído da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que determinou a necessidade da entrada de um interventor. O escolhido pelo TJ-RJ foi José Perdiz, presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), segundo informou inicialmente o diário O Globo.

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A 21ª Vara de Direito Privado julgou a legalidade de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre CBF e Ministério Público do Rio de Janeiro, realizado em março de 2022, que definiu a eleição de Ednaldo. A votação terminou com três votos a zero pela destituição do presidente da CBF, por considerarem que o Ministério Público não teria legitimidade para interferir em assuntos internos de uma entidade privada.

Haverá uma nova eleição em 30 dias, mas ainda cabe recurso por parte de Ednaldo. A confusão já chegou à Fifa e, a depender das consequências, poderia ameaçar até a presença do Fluminense no Mundial de Clubes marcado para começar na próxima semana. Entenda a polêmica abaixo:

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Por que Ednaldo foi destituído?

A confusão envolve os antecessores de Ednaldo Rodrigues, Marco Polo Del Nero, banido desde 2018 pela Fifa de exercer qualquer atividade ligada ao futebol, e Rogério Caboclo, eleito em 2018 e afastado em 2021, em razão de denúncias de assédio moral e sexual. Em 2017, o Ministério Público do Rio de Janeiro questionou a realização de uma Assembleia Geral da CBF que alterou as regras para as eleições na entidade, sem a participação dos clubes.

Foi sob estas regras eleitorais contestadas pelo MP, numa época em que Marco Polo Del Nero realizava seus últimos atos como chefe da CBF, que Rogério Caboclo foi eleito para um mandato de 2019 a 2023. O ponto de maior discórdia deu-se em julho de 2021, quando Rogério Caboclo estava afastado em razão das denúncias pessoais, e a Justiça do Rio de Janeiro anulou sua eleição e a de seus vices, decretando uma intervenção na entidade.

Os interventores nomeados pelo MP foram Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), e Rodolfo Landim, mandatário do Flamengo, mas a decisão foi anulada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro dias depois. Na época, a CBF havia voltado a ser presidida por Antônio Carlos Nunes, o Coronel Nunes, então o vice-presidente mais velho da chapa de Caboclo, que já havia assumido interinamente após o afastamento de Del Nero, entre 2016 e 2019.

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Finalmente, em agosto de 2021, os vice-presidentes da CBF elegeram Ednaldo Rodrigues como presidente interino, até a conclusão do mandato de Rogério Caboclo, em abril de 2023. No entanto, em março de 2022, o dirigente baiano de 69 anos assinou uma TAC, junto ao Ministério Público do Rio de Janeiro, que estabelecia novas regras eleitorais na entidade. Desta forma, Ednaldo se elegeu presidente da CBF como candidato único em 2022 para um mandato de quatro anos.

Vice-presidentes da CBF opositores de Ednaldo alegam que ele não poderia ter assinado o TAC, pois como presidente interino era parte interessada no acordo. A CBF, por sua vez, sustenta que a TAC é legal, bem como a eleição de Ednaldo. Recentemente, o repórter Leandro Quesada, de PLACAR, noticiou a realização de um almoço entre Ricardo Teixeira, que presidiu a CBF entre 1989 e 2012, e Del Nero, no Rio. Ambos foram afastados por participação em uma megaesquema de corrupção desbaratado pela Fifa.

O ex-jogador e hoje senador Romário (PL) vem denunciando o que chama de tentativa de golpe na CBF. “Temos conhecimento de que dois ex-presidentes da CBF estão se mobilizando de maneira oportunista, aproveitando o atual momento da seleção, para iniciar um movimento visando dar um golpe na gestão atual e retomar o poder em nosso futebol. É muita cara-de-pau. Ricardo Teixeira e Marco Polo del Nero estão na lista vermelha da Interpol e não podem sair do Brasil ou serão presos, por terem sido condenados nos EUA. O crime? Corrupção!”, postou o novo presidente do América-RJ, em suas redes sociais.

Fluminense corre risco?

Uma das primeiras consequências práticas pode respingar diretamente no Fluminense, atual campeão da Libertadores. No pior dos cenários, o clube brasileiro corre risco de exclusão do Mundial de Clubes já que uma eventual suspensão aplicada à CBF teria efeitos sob seus filiados. A competição acontecerá entre 12 e 22 de dezembro, na Arábia Saudita.

Pesa contra uma punição o fato de que a viagem do clube se dará em poucos dias, inclusive com data de estreia já agendada para 18 de dezembro, na semifinal, diante do vencedor de Al-Ittihad (Arábia Saudita), Auckland City (Nova Zelândia) e Al Ahly (Egito). Nos bastidores da entidade e do clube, o risco é dado como inexistente, por entender que a Fifa não tomaria uma decisão tão drástica, em poucos dias, sem maiores evidências de qualquer ilegalidade.

Nesta tarde, a entidade que rege o futebol mundial enviou uma carta à CBF na qual diz ter tomado conhecimento das denúncias. A Fifa ressalta que “as associações-membro são obrigadas a gerir os seus assuntos de forma independente e sem influência indevida de terceiros, incluindo quaisquer autoridades estatais”, e que “qualquer violação de tal obrigação pode levar a possíveis sanções, conforme previsto nos Estatutos da Fifa”.

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