Glover Teixeira, o brasileiro que pode destronar Jon Jones
De imigrante ilegal a desafiante ao título, o lutador mineiro conta com a mão pesada e o jiu-jitsu afiado para surpreender o atual campeão dos meio-pesados
Em 1999, aos 20 anos de idade, Glover deixou o interior de Minas Gerais e entrou ilegalmente na Califórnia, a partir de Tijuana, em busca do sonho americano. Além do trabalho duro na construção civil, o brasileiro descobriu no novo país a paixão pelas lutas
Glover Teixeira não é um nome muito conhecido pelos brasileiros. Mesmo entre os fãs de MMA, a popularidade do lutador mineiro, de perfil reservado e discreto, ainda está abaixo da de astros como Maurício Shogun e Wanderlei Silva, para citar apenas integrantes de sua categoria de peso, até 93 quilos. Este cenário, no entanto, pode mudar radicalmente no próximo sábado, no UFC 172, em Baltimore, nos Estados Unidos, quando Glover terá a chance de fazer o que nenhum de seus compatriotas – e o que nenhum lutador do mundo – fez: derrubar Jon Jones, atual campeão dos meio-pesados.
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Para isso, o brasileiro de 34 anos, natural de Sobrália, aposta na força bruta de seus socos, responsáveis por 59% de suas vitórias. Sem perder desde 2005, Glover vem em uma sequência impressionante de vinte triunfos consecutivos, que o credenciaram ao posto de desafiante. A última vítima de sua mão pesada foi o americano Ryan Bader, nocauteado no primeiro round no UFC em BH – para o delírio da torcida mineira. Seu boxe afiado conquistou até a admiração de Mike Tyson, que fez questão de subir ao octógono para cumprimentá-lo após uma de suas vitórias. Outra arma do mineiro são as finalizações. Faixa preta de jiu-jitsu, ele costuma se sair muito bem no chão – recurso que pode funcionar como carta na manga na disputa contra Jon Jones.
Imigrante ilegal – Glover também conta com uma motivação extra para o duelo. A conquista do cinturão em solo americano teria um gostinho especial para o brasileiro, que estaria coroando uma caminhada que começou quinze anos atrás, clandestinamente, na fronteira entre o México e os Estados Unidos. Em 1999, aos 20 anos de idade, Glover deixou o interior de Minas Gerais e entrou ilegalmente na Califórnia, a partir de Tijuana, em busca do sonho americano. Além do trabalho duro na construção civil, o brasileiro descobriu no novo país a paixão pelas lutas. O que era uma atividade de lazer rapidamente se transformou em ocupação principal depois que a força do mineiro chamou a atenção da equipe de Chuck Liddell, uma das lendas do UFC. A carreira do lutador deslanchou, mas sua condição de imigrante ilegal o impedia de assinar contrato com a franquia americana. Glover voltou para o Brasil e esperou mais de três anos até sua situação ser regularizada. Em 2012, aos 32 anos, ele finalmente recebeu o sinal verde para estrear no UFC.
Depois da odisseia para se estabelecer no evento, o percurso até o posto de desafiante ao título pareceu fácil. Um a um, Glover foi derrubando adversários e se afirmando como um dos principais nomes dos meio-pesados. Avesso a provocações e declarações polêmicas, o mineiro de inglês fluente prefere fazer o seu marketing pessoal dentro do octógono. De suas cinco lutas no UFC, apenas uma foi para a decisão dos juízes – reflexo de um estilo agressivo e empolgante, bem ao gosto do público americano. Agora, ele encara o último e mais difícil degrau para a consagração. A conquista do cinturão está longe de ser uma certeza no próximo sábado. Já a conquista do “american dream” está, definitivamente, sacramentada na vida de Glover Teixeira.