Globo exclui Palmeiras de chamada do Brasileirão; clube confia em acordo
Campeão nacional acredita estar próximo de vencer a “queda de braço” com a emissora para transmissão de jogos em TV aberta e pay-per-view
A menos de uma semana para o início do Campeonato Brasileiro de 2019, o Palmeiras segue sem acordo de transmissão com o Grupo Globo – indecisão que proíbe que a maioria dos jogos do atual campeão nacional sejam transmitidos por qualquer emissora. Dentro do Palmeiras, o clima é de otimismo: a diretoria acredita que o novo contrato, considerado um “marco histórico”, deva ser assinado nos próximos dias. A emissora, no entanto, excluiu o time alviverde de sua chamada do Brasileirão, divulgada neste domingo 21, no intervalo das finais dos Estaduais.
O vídeo, narrado por Galvão Bueno, mostrou imagens de todas as outras 19 equipes que já assinaram com o Grupo Globo. Na semifinal do Paulista, a emissora havia anunciado que transmitiria todos os jogos do torneio no canal Premiere, o que causou surpresa no Palmeiras – e gerou ameaças de processos dos consumidores caso a promessa não fosse cumprida.
Insatisfeito com a divisão de cotas de televisão, o Palmeiras ainda não firmou compromisso com TV aberta (Globo) nem pay-per-view (Premiere), apenas com TV fechada (Grupo Turner). Na temporada 2019, o torneio terá a estreia das transmissões da Turner/Esporte Interativo (via canais Space e TNT), que fechou com outros seis clubes: Athletico-PR, Bahia, Ceará, Fortaleza, Internacional e Santos.
Otimismo no Palmeiras
As duas partes se reúnem quase semanalmente e ninguém está disposto a ceder em 100% suas demandas. O atual campeão, no entanto, considera estar próximo de vencer o “cabo de guerra”.
A estratégia da emissora era fazer torcida e conselheiros pressionarem o presidente Maurício Galiotte sob o risco de não poderem acompanhar a maioria dos jogos do time, e, assim, convencê-lo a aceitar o proposto pela empresa. Fechado apenas com a Turner, o clube teria somente quatro das nove primeiras rodadas da competição transmitidas pela televisão, todas na TNT.
O plano da Globo, porém, não surtiu efeito. Membros do clube apoiaram o posicionamento de Galiotte de bater o pé para a emissora, e a maior parte da torcida, conhecida pelo desgosto em relação à empresa, também. A parte financeira, então, era a última cartada da Globo, que previa a necessidade de o Palmeiras receber as luvas condizentes à assinatura do contrato, o que não assustou a cúpula alviverde.
Para 2019, o Palmeiras teve aprovado pelo COF (Conselho de Orientação Fiscal) um orçamento de 561 milhões de reais, com um superávit de 15 milhões de reais. O valor não leva em consideração qualquer quantia que poderia ser recebida pelo clube oriunda da Globosat.
Outros números tranquilizavam a diretoria. Na equação, o patrocínio da Crefisa estava avaliado em 78 milhões de reais (valor de 2018), porém, após a renovação, o montante pago pela empresa de Leila Pereira subiu para 96 milhões de reais (considerando também luvas anuais).
Reivindicações alviverdes
A Globo cobrou uma multa de 20% a todos os outros clubes que assinaram com a Turner em detrimento do SporTV em TV fechada, punição que não foi aceita pelo Palmeiras. A tendência é que, caso um acordo seja assinado, o clube alviverde receba o valor integral.
Galiotte gostaria que o valor das luvas pela assinatura do contrato de TV aberta e pay-per-view fosse idêntico ao recebido por Flamengo e Corinthians, o que não será possível por força de contrato. O Palmeiras, então, pleiteia um acordo similar ao feito com a Turner, que desembolsou uma quantia extra por amistosos, excursões e outros produtos para justificar o valor superior em relação aos demais clubes que assinaram com o conglomerado americano.
Outros pontos seguem sendo discutidos. O Palmeiras quer ter exibidos na TV aberta o mesmo número de jogos do Corinthians. Em um passado recente, o clube alvinegro e o São Paulo tiveram quase o dobro de partidas transmitidas pela emissora em relação ao atual campeão.
O pay-per-view é o último empecilho. A emissora argumenta que Flamengo e Corinthians devam receber mais por serem as maiores torcidas. No atual modelo, os dois clubes recebem 18,5% do orçamento da Globo destinado ao serviço por assinatura.
A Globo tem mais pressa para fechar o acordo do pay-per-view, que, sem o Palmeiras – e o Athletico Paranaense, que também não assinou ainda – deixaria de transmitir todos os jogos do Campeonato Brasileiro pela primeira vez desde 1997.
Clubes assinados com SporTV
Atlético-MG, Avaí, Botafogo, CSA, Chapecoense, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Goiás, Grêmio, São Paulo e Vasco.
Clubes assinados com Esporte Interativo/Turner
Athletico-PR, Bahia, Ceará, Fortaleza, Internacional, Palmeiras e Santos.
Clubes assinados com Globo
Atlético-MG, Athlético Paranaense, Avaí, Bahia, Botafogo, Ceará, CSA, Chapecoense, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Grêmio, Internacional, Santos, São Paulo e Vasco.
Clubes assinados com pay-per-view
Atlético-MG, Avaí, Bahia, Botafogo, Ceará, CSA, Chapecoense, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Grêmio, Internacional, Santos, São Paulo e Vasco.
(com Gazeta Press)