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Ganso volta a sonhar: ‘Espero que Tite esteja de olho em mim’

Sonhando com Copa do Mundo, meio-campista celebra bom início de temporada e diz que críticas sobre ‘lentidão’ não o abalam: ‘Sei do que sou capaz’

Paulo Henrique Ganso começou a temporada 2017/2018 renovado. Em seu segundo ano pelo Sevilla, da Espanha, o meio-campista canhoto diz estar plenamente adaptado ao futebol europeu e mais confiante após a mudança de treinador. A vida familiar na bela região da Andaluzia também é motivo de satisfação para o jogador que se surpreende ao lembrar que vai completar 28 anos. “Nossa, 28 já, né? Como o tempo voa”, brincou o atleta que se destacou no Santos, em entrevista exclusiva.

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Apesar do sistema de “rodízio” do técnico – neste sábado, por exemplo, foi poupado na derrota por 2 a 0, fora de casa, para Atlético de Madri – Ganso já disputou cinco jogos neste início de temporada e marcou dois gols, um deles um golaço, de calcanhar, que rendeu elogios da imprensa espanhola. No ano passado, a situação foi diferente: apesar de ter sido contratado a pedido do técnico Jorge Sampaoli, o meia brasileiro de rara elegância e visão de jogo foi perdendo espaço com o atual treinador da seleção argentina. “Até hoje não entendi por quê…” Agora, sob o comando de outro argentino, Eduardo Berizzo, Ganso diz compreender melhor a forma de o time jogar.

E já sonha alto. Mesmo sem atuar pela seleção desde 2012 – foi chamado por Dunga para a Copa América Centenário de 2016, mas não saiu da reserva –, e a menos de um ano da Copa da Rússia, o meia paraense confia que uma boa temporada pode chamar a atenção de Tite. Em relação às críticas que o acompanham – como as do ex-jogador holandês Clarence Seedorf, que em 2013 o considerou “um pouco devagar” para jogar na Europa – Ganso diz não se importar. “Só foco no meu trabalho, sei do que sou capaz.” O meia ainda diz acompanhar tudo de seu ex-clube, o São Paulo, e torce por uma vitória no clássico de domingo, contra o Corinthians.

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Depois de um primeiro ano complicado, você iniciou bem esta temporada. A que se deve sua evolução? O mais importante foi poder fazer a pré-temporada com todos os companheiros. Ano passado eu cheguei lesionado, em fase final de recuperação, e larguei atrás de todo mundo. Ter começado junto com o grupo tem feito grande diferença, por isso estou jogando mais e fazendo gols.

Na temporada anterior, fez 16 jogos e três gols. Por que não teve mais chances com Sampaoli? Isso é uma coisa que me pergunto até hoje. Ele pediu minha contratação, mas joguei bem menos do que imaginava. Mas nunca tivemos problema, foi apenas uma opção dele de não me colocar para jogar. Ele não me procurou para conversar, apenas não me escalou.

Acredita que o Sevilla pode alcançar resultados importantes em 2018? Nosso elenco é muito forte, com jogadores de muita qualidade e o pensamento tem de ser grande. Ano passado ficamos em quarto na liga espanhola e esse ano queremos ir mais longe, assim como na Liga dos Campeões.

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O nível do futebol espanhol está muito acima do brasileiro? Não há tanta diferença de nível, principalmente em relação às equipes de meio de tabela. O que muda mais é a importância que se dá à organização tática. Os clubes buscam uma maneira de jogar e acreditam naquilo. No Brasil, somos mais relaxados com isso, vamos mais na questão do improviso, habilidade, drible.

Nos últimos jogos, você tem contribuído também com desarmes. Está se tornando um bom marcador na Europa? Melhorei bastante, mas minha função não é roubar bolas, pelo contrário, eu tenho de estar no ataque, entrando na área, dando passes, fazendo gols. Quando estamos bem posicionados taticamente, ocupamos melhor os espaços e fica mais fácil de roubar uma bola e puxar um contra-ataque. Nessa temporada me adaptei muito melhor à maneira de jogar do time.

Como é a relação com os torcedores em Sevilla? É parecida como no Brasil. As pessoas respeitam, mas sempre pedem para tirar foto, autógrafo, e não só os torcedores do Sevilla, mas os do rival, o Betis. Pelo menos comigo, o tratamento sempre foi bom. Ainda não tive a chance de jogar o clássico da cidade, mas espero viver essa experiência esse ano, porque é uma rivalidade muito grande.

A imprensa espanhola também é bastante exigente e muitas vezes toma partido por determinado clube ou jogador. Como lida com isso? É verdade, aqui a imprensa muitas vezes “torce” por um time ou até por jogador, tem seus preferidos. Por isso a crítica às vezes é mais pesada com um jogador ou outro, mas isso é natural. Críticas, elogios e pressão existem em todos os países. Eu procuro nem ler muito o que as pessoas falam, só foco em trabalhar, porque sei do que sou capaz.

Tem um vídeo famoso, de 2013, do holandês Seedorf dizendo que você não tinha perfil para jogar na Europa, durante um programa do SporTV. Ele errou? Já vi esse vídeo algumas vezes (risos). Na verdade, o primeiro ano sempre é mais difícil. Mas hoje já estou adaptado. Jogo da mesma maneira que jogava no Brasil, mas a diferença é a organização tática, se você está bem posicionado, corre melhor. Claro que é preciso pensar mais rápido e correr mais, mas estando bem posicionado fica mais fácil e a qualidade técnica sempre vai sobressair.

Há anos, uma dúvida o acompanha: Ganso deve entrar mais na área adversária ou deve recuar, para ajudar na saída de bola? Já descobriu onde rende mais? Gosto de jogar sempre perto dos atacantes, tento estar perto da área para fazer a jogada, deixar um companheiro na cara do gol, fazer um gol, e isso chama muito mais atenção do que fazer o time jogar na parte defensiva, com passe para o lado. Essa é uma preocupação minha, por isso estou sempre tentando acompanhar as jogadas de ataque.

Neste primeiro ano de Europa, atuando contra gigantes do continente, qual foi o jogador que mais te impressionou? São os três mesmo: Cristiano Ronaldo, Neymar e Messi. Não tive a oportunidade de jogar contra o Cristiano, eles são os melhores do mundo e os que mais dão gosto de ver jogar.

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Sempre bom te ver irmão!! @neymarjr

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Por falar nele, ainda mantém contato com Neymar? O que achou da decisão dele de se transferir ao PSG? Sim, conversamos… Agora menos, pela distância, mas falamos sempre por mensagem. É uma decisão pessoal, não tem como outra pessoa analisar, ele pesou prós e contras e achou melhor ir.

Quais as vantagens de viver na Europa? O melhor de tudo aqui é poder estar mais perto da família, ter mais tempo livre. Aqui não temos concentração, vamos ao estádio no dia do jogo, não tem aquilo de ficar dois dias preso num hotel. Hoje posso ver mais meus filhos, os levo para passear, brincar. Meu filho já está na escola, aprendendo um novo idioma, e isso é a melhor coisa que um pai pode querer para os filhos, educação e qualidade de vida.

Quais os programas favoritos da família? Aqui se come muito bem… E gostamos de fazer os passeios turísticos, praças, catedrais, levamos as crianças às praias aqui perto. Quando tem as folgas para data-Fifa, temos vários dias para viajar. Recentemente conheci Vilamoura (Portugal) e Cádiz (Espanha). É muito bacana a vida aqui.

Mas imagino que preferiria passar as datas-Fifa trabalhando pela seleção brasileira, certo? É um objetivo em sua carreira? Sem dúvida. O Tite está testando jogadores na minha posição e espero que ele esteja de olho em mim. Quem sabe eu não tenha uma oportunidade. Voltar à seleção é um grande objetivo e espero poder alcançar nessa temporada.

Tem acompanhado os jogos da seleção? Sim, sempre. A seleção fez uma bela campanha depois que o Tite assumiu. No último jogo sofreu um pouco no calor da Colômbia, mas o time já é campeão das Eliminatórias e deve ter havido um relaxamento natural, depois de tudo o que foi feito no último ano.

E tem acompanhado os clubes brasileiros? Vejo o São Paulo direto, assisto todos os jogos, estou sofrendo junto (risos). Fiquei feliz que ganhou do Vitória e vou torcer para que ganhe do Corinthians domingo, porque ganhar um clássico sempre deixa o time mais confiante. Estar perto da zona de rebaixamento é muito incômodo. E assisti ao último jogo do Santos, uma pena que tenha sido eliminado pelo Barcelona. Não é normal o Santos perder um jogo na Vila, ainda mais uma partida tão importante, acho que Renato e o Lucas Lima fizeram muita falta.

Aos 28 anos, como imagina seus próximos passos? China, Estados Unidos, uma volta ao Brasil… Pois é, 28 anos, como o tempo voa, queria estar com 23… (risos) Estou bem aqui, tenho mais quatro anos com o Sevilla e não penso em sair. Quero fazer grandes temporadas aqui.

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