Gamarra reafirma posição sobre racismo: ‘Jogador não pode provocar torcedor’
Ex-zagueiro de Corinthians e Palmeiras esteve presente na final do Paulistão 2025 e dobrou o questionamento sobre a atitude de Luighi, do sub-20 do Verdão

Ex-jogador de Corinthians e Palmeiras, Carlos Gamarra foi uma das presenças ilustres na final do Paulistão 2025. Em entrevista à PLACAR, o zagueiro, conhecido pela sua classe dentro de campo, voltou a criticar o comportamento de Luighi, do sub-20 do Verdão, sobre o episódio de racismo na Libertadores da categoria, em partida contra o Cerro Porteño, do Paraguai.
Inicialmente, o paraguaio disse à uma rádio do seu país que Luighi havia provocado os torcedores do Cerro Porteño e isso gerou o comportamento dos torcedores, que imitaram um macaco para o jogador. O jovem palmeirense foi xingado e ainda levou uma cusparada vinda do alambrado rente à linha lateral.
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“Para jogar futebol, precisa ter caráter. Não pode chorar porque te fizeram um gesto. É uma geração muito sensível”, começou Gamarra. “No Brasil sempre tive companheiros negros e eles nunca saíram chorando de campo porque torcedores gritavam.”
Gamarra, que começou a carreira no Cerro Porteño antes de brilhar no Brasil por Internacional, Corinthians, Flamengo e Palmeiras, voltou a criticar Luighi e disse não entender a repercussão do caso.

“Não sei por que interpretaram mal. Falei que em nenhum momento aceitava o racismo, mas também falei que o jogador não pode sair provocando o torcedor. Como você segura um torcedor apaixonado que está perdendo de 3 a 0 em casa? É muito difícil. O jogador não tem que mostrar muito debilidade por que as pessoas passam a saber o seu ponto fraco e vão atacar. Sou totalmente contra o racismo, mas no meu país, isso não é punido, não é penalizado e quem se f* é o clube.”, disse Gamarra.
Para o ex-jogador, hoje com 54 anos, a atitude da Conmebol em multar o Cerro em 50 mil dólares e fechar os portões para os torcedores na Libertadores sub-20 foi acertada.
“Essa é a única atitude que se pode tomar. Se for suspender todos os clubes em que o torcedor faça uma besteira, não se justificaria. Não é que o Cerro Porteño permita fazer isso. É um babaca que vai no jogo e toma essa atitude.”
Corinthians ou Palmeiras?
Gamarra jogou entre 1998 e 1999 no Corinthians, tendo sido campeão do Brasileiro e do Paulistão. Já pelo Palmeiras, entre 2005 e 2006, não conquistou títulos. Talvez por isso, a torcida fosse maior para o Timão.
“O Corinthians mexe muito mais [em relação ao Palmeiras]. Sempre temos um time de coração e o Corinthians, para mim, é o time que me deu muito alegria. Tive anos maravilhosos por aqui, que os torcedores sempre se lembram da gente e hoje foi um jogo muito especial”, disse o jogador.