‘Fora de campo, a Copa não é assunto nosso’, diz Felipão
O técnico da seleção disse não temer protestos (como o desta segunda): ‘Quem deve nos carregar até o campo é a polícia. Estamos ali apenas para jogar bola’
“Quem tem de fazer o serviço de nos carregar até o campo é a polícia. Nós estamos ali para jogar bola. Quem tem de cuidar de manifestações são a polícia e o governo”
O comando da seleção brasileira já imaginava que teria de lidar com manifestações nas ruas ao longo de sua caminhada pelo país na Copa do Mundo. Talvez não pensasse, porém, que o primeiro desses encontros ocorreria logo no primeiro dia, na apresentação dos atletas, nesta segunda-feira, no Rio de Janeiro. O ônibus da equipe foi cercado por professores em greve. Os participantes do protesto, que reuniu algumas dezenas de pessoas e pareceu altamente organizado – o grupo só chegou ao local justamente no momento em que o ônibus da seleção deveria sair – chegaram a hostilizar a equipe. Em entrevista publicada na edição desta segunda-feira do jornal O Estado de S. Paulo, o técnico Luiz Felipe Scolari comenta a relação da seleção com os protestos e garante que não há preocupação alguma do grupo com o tema.
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“Não houve apreensão sobre isso na Copa das Confederações e não há para a Copa do Mundo”, disse ele, garantindo que as manifestações não deverão atrapalhar a concentração do time. “Quem tem de fazer o serviço de nos carregar até o campo é a polícia. Nós estamos ali para jogar bola. Quem tem de cuidar de manifestações são a polícia e o governo. Quem tem de construir estradas não é o jogador de futebol nem a CBF. É o governo. Nós só temos de explicar a eles que a função deles é jogar bola.” Na avaliação do técnico, a Copa, dentro de campo, “está bem administrada”. “Fora de campo não é assunto nosso, da seleção ou da CBF. Você vai me dizer: ‘Ah, Felipão! Você não é um cidadão?’ Sou um cidadão sim, só que tenho de pensar que se eu posso me manifestar, será depois da Copa. E no dia 5 de outubro, expressar isso nas urnas.”
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O técnico disse que o impacto dos protestos contra a Copa “não chega ao vestiário” da equipe.” Os jogadores comentam, e têm liberdade para comentar. Eu deixo à vontade. Mas só estão liberadas algumas manifestações que queiram fazer por meio de seus Twitters, Instagrams, não sei o que mais… E cada um assume o que escreve. Agora, ele é jogador de futebol brasileiro defendendo a seleção do país. Pode se manifestar, mas não é a opinião da CBF. É opinião pessoal do jogador. E que ele assuma a responsabilidade disso. Eles sabem disso. Foi passado a eles dessa forma, desde a Copa das Confederações. Todo mundo tem liberdade. Só que quando pisar na CBF… Ele está dando sua opinião particular, não do time.” Na mesma entrevista, o técnico disse que a parte da Copa que mais o preocupava, os estádios, está satisfatória. “Estádio tem. Entorno de estádio não é futebol. Os caras estão cobrando coisas que não são da Copa.”
(Com Estadão Conteúdo)