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Fifa alerta estrangeiros sobre problemas do país da Copa

‘O maior desafio será para eles’, diz o secretário-geral Jérôme Valcke, que pede a turistas que só viajem ao Brasil se tiverem um roteiro muito bem organizado

“Não há como dormir na praia, porque é inverno. Garanta sua acomodação. Não há como chegar com uma mochila e começar a andar pelo país. Não existem trens, não se pode dirigir de uma sede à outra”

Para a Fifa, os problemas do país-sede da Copa do Mundo de 2014 não deverão atrapalhar a realização das partidas e não serão capazes de inviabilizar o trabalho de dirigentes, jornalistas e parceiros comerciais da entidade. Os turistas estrangeiros, porém, correm o risco de encarar situações complicadas caso não estejam cientes das deficiências do Brasil. O alerta da Fifa aos torcedores de outros países foi feito nesta sexta-feira por Jérôme Valcke, o secretário-geral da entidade, em uma conversa com jornalistas de agências internacionais em Zurique. “Não apareçam no Brasil pensando que é a Alemanha, que é fácil viajar pelo país. Na Alemanha, você poderia dormir no carro. No Brasil, não pode”, disse ele, comparando a sede de 2014 com o país que realizou uma Copa exemplar em 2006. “O maior desafio será para eles, os torcedores. Não será para a imprensa, não será para os times e nem para os dirigentes. Será para os torcedores.”

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O dirigente francês listou como problemas para os estrangeiros a grande distância entre as sedes e a infraestrutura deficiente. Os preços altos, a insegurança e a falta de opções de transporte serão outros obstáculos no caminho dos visitantes. “Sei que é difícil eu falar sobre essas coisas sem criar uma série de problemas”, disse Valcke, que reclamou de aparecer como “vilão” para os brasileiros em função das repetidas críticas ao país. “Mas minha mensagem aos torcedores é a seguinte: tenham certeza de que organizar tudo antes de viajar ao Brasil.” Segundo ele, improvisos possíveis em países como a Alemanha, tanto na hospedagem como nos deslocamentos, não vão funcionar no Brasil. “Não há como dormir na praia, porque é inverno. Garanta sua acomodação. Não há como chegar com uma mochila e começar a andar pelo país. Não existem trens, não se pode dirigir de uma sede à outra”, afirmou o cartola.

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Lula e Teixeira – Como reclamou das longas distâncias entre as sedes, Valcke quis garantir também que esse problema não fosse atribuído à Fifa, como organizadora do evento. Segundo o francês, essa dificuldade decorre dos pedidos dos próprios brasileiros. Foram o governo brasileiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Ricardo Teixeira, então presidente da CBF, que fizeram questão de insistir na realização dos jogos em doze cidades. A Fifa pedia apenas oito sedes. “Você multiplica os riscos ao ter mais estádios. Mas tivemos uma situação em que tínhamos um governo e um presidente, que naquele momento era Lula, que diziam que a Copa deveria ser para todo o Brasil, e não apenas para poucas cidades”, lembrou ele. O dirigente admite que o “lógico” seria dividir os 32 participantes em grupos regionais, justamente para evitar que tivessem de sair de Manaus e jogar em Porto Alegre, por exemplo. “Isso evitaria que eles tivessem de viajar entre diferentes regiões do país.”

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A Fifa acabou sendo obrigada a abandonar a ideia de dividir o país em quatro áreas justamente por causa da insistência da CBF e do governo – que queriam que a seleção brasileira percorresse o Brasil em seus jogos. “Eles não queriam que o Brasil jogasse apenas em uma parte do país”, disse. O problema é que, para o calendário da Copa funcionar, todos então teriam de viajar. Ainda assim, a seleção não passará pelo Sul e, se for até a final, repetirá visitas a Fortaleza e Belo Horizonte. Valcke também admitiu que a Fifa sabia há muito tempo dos problemas da infraestrutura aeroportuária do Brasil, mas a aposta era de que haveria tempo suficiente para que todas as reformas fossem feitas. “Isso era em 2009, e o país teria cinco anos para um país garantir que as estruturas estivessem instaladas e entregasse o que havia sido acordado.” Apesar de manter o tom crítico ao Brasil, Valcke lamentou o fato de ser visto como “uma pessoa má”. “Preciso mesmo estar nesta posição em que se entra em conflito com as estruturas do país sistematicamente? Isso não é muito agradável…”

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(Com Estadão Conteúdo e agência Gazeta Press)

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